São pessoas. Não números.

Que melhor posta para inaugurar a nova casa que uma posta da insónia. Tou desde as 2 e meia da manhã às voltas na cama sem conseguir dormir. Já acordei a família por causa disso e agora resolvi vir para o PC que assim não chateio ninguém. Já sonho com a marcha do emprego. Com a organização, os cuidados a ter, enfim tudo o que me vai na cabeça depois de 10 dias de marcha. "Felizmente" acaba amanhã com a junção das duas marchas, a do sul e a do norte a caminho da Estufa Fria.

Para mim está a ser uma grande experiência. Ver e conhecer novas e outras realidades, conhecer o país. Mas a marcha ensina-nos também a mesquinhês e tacanhês de alguns. Em várias cidades e vilas deste país quando chegávamos, deparávamo-nos com um cartaz que dizia que Jerónimo de Sousa tinha feito ali um comício 3 dias antes. Sempre 3 dias antes. Vai também organizar um comício em Lisboa amanhã. Afinal ficámos a saber que para o PCP os desempregados, precários, deficientes, ou seja, toda a classe trabalhadora são tal como para o Governo, apenas números com a diferença que para o PCP são arma de arremesso político. Ficámos a saber que afinal há uma esquerda que não tem opinião. Quer isso sim a hegmonia e o controlo das lutas de trabalhadores independentemente de tudo e custe o que custar. Durante toda a marcha dissemos que os trabalhadores, desempregados, precários ou outra coisa qualquer são gente e não números. Há quem não tenha entendido isso. Há quem os continue a usar, à esquerda e à direita o que não deixa de ser triste. Não pela direita o fazer, mas porque alguma esquerda o faz.

Agora é hora de dar continuidade ao projecto. A marcha não acaba por aqui, porque as propostas apresentadas nestes 17 dias vão continuar, são para vingarem. Porque agora se vai ver quem tem um projecto pelo Emprego e quem andou a marcar comícios em desespero.

O tempo foi, é e será o melhor aliado dos justos.