Triste
Há uns anos, alguns fins-de-semana levaram centenas de pessoas a uma localidade do Algarve, para verem a casa onde vivia a pequena Joana, desaparecida e, posteriormente, dada como assassinada pela mãe. Famílias inteiras. Pais, avós e filhos. Muitos deles, crianças da idade da Joana.
Ontem, em Barcelos, muita gente saiu para a rua, para exigir que a mãe da bebé raptada a exibisse. Na televisão via-se gente a gritar como se a pequenita se tratasse de um troféu. E a mãe acabou por ceder, contra a opinião das assistentes sociais que acompanharam a Andreia.
Choca a frieza. Choca o voyeurismo doentio. Choca a ignorância. Choca a vida vazia que estas pessoas e as que há uns anos faziam quilómetros para ir ao Algarve ver uma casa vazia, devem ter. Choca o espectáculo deprimente e degradante com que as televisões nos entram em casa, abrindo Telejornais com pessoas de quem nunca mais ninguém vai falar, quando passar a hora do circo. Choca pensar e saber que a pequena Andreia vai ficar entregue à sua sorte e deixar de ser notícia de abertura sem que ninguém se venha a preocupar quais as consequências que esta exposição, este alvoroço, lhe vai provocar.
Chocam as pessoas vazias. De vida. De sensibilidade. De respeito pelos outros e por elas próprias.
Não vale a pena pensar que não tem importãncia. Tem. Tem sempre importância quando o ser humano não se comporta como ser humano. Nem vale a pena pensar que se trata de solidariedade. Pelo que dá para ver pelas imagens, os pais da Andreia vivem em condições de extrema precariedade. A bebé desapareceu há um ano da maternidade. Sensação dolorosa a que deve ser não saber o paradeiro de um filho. Mesmo se ainda não se teve tempo de criar laços. Porque os laços vêm do primeiro pontapé, da pimeira noite em que não se consegue dormir por o pezito estar a empurrar a barriga. Na precariedade e na dôr de não saber onde se encontrava o bebé, quantas das pessoas que exigiram ver a Andreia, como se de um troféu se tratasse, estiveram com os pais da Andreia? Quantos vão estar agora, quando o espectáculo acabar?
Ontem, em Barcelos, muita gente saiu para a rua, para exigir que a mãe da bebé raptada a exibisse. Na televisão via-se gente a gritar como se a pequenita se tratasse de um troféu. E a mãe acabou por ceder, contra a opinião das assistentes sociais que acompanharam a Andreia.
Choca a frieza. Choca o voyeurismo doentio. Choca a ignorância. Choca a vida vazia que estas pessoas e as que há uns anos faziam quilómetros para ir ao Algarve ver uma casa vazia, devem ter. Choca o espectáculo deprimente e degradante com que as televisões nos entram em casa, abrindo Telejornais com pessoas de quem nunca mais ninguém vai falar, quando passar a hora do circo. Choca pensar e saber que a pequena Andreia vai ficar entregue à sua sorte e deixar de ser notícia de abertura sem que ninguém se venha a preocupar quais as consequências que esta exposição, este alvoroço, lhe vai provocar.
Chocam as pessoas vazias. De vida. De sensibilidade. De respeito pelos outros e por elas próprias.
Não vale a pena pensar que não tem importãncia. Tem. Tem sempre importância quando o ser humano não se comporta como ser humano. Nem vale a pena pensar que se trata de solidariedade. Pelo que dá para ver pelas imagens, os pais da Andreia vivem em condições de extrema precariedade. A bebé desapareceu há um ano da maternidade. Sensação dolorosa a que deve ser não saber o paradeiro de um filho. Mesmo se ainda não se teve tempo de criar laços. Porque os laços vêm do primeiro pontapé, da pimeira noite em que não se consegue dormir por o pezito estar a empurrar a barriga. Na precariedade e na dôr de não saber onde se encontrava o bebé, quantas das pessoas que exigiram ver a Andreia, como se de um troféu se tratasse, estiveram com os pais da Andreia? Quantos vão estar agora, quando o espectáculo acabar?
Etiquetas: Isabel Faria
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Nem mais, Isabel.
a criança é filha daqueles pais e irmã daqueles irmãos e as assistentes sociais é que mandam? o políticamente correcto dos betinhos do be já chegou a esta desumanidada ignóbil
"a criança é filha daqueles pais e irmã daqueles irmãos e as assistentes sociais é que mandam?"
É filha ou irmã daqueles vizinhos que exigiram vé-la?
Miguel, durante alguns tempos ainda fui respondendo a este tipo de comentários. Mesmo se o facto de virem anonimamente e usarem e abusarem de ataques pessoais, me dava vontade de passar ao lado...com o tempo fui deixando de responder. Sobretudo, como é o caso, quando se trata de pessoas que só sabem comentar assim. È uma perda de tempo, Miguel. A pessoa que assinou este comentário sabe (partindo do princípio que sabe ler) que não é nada disso que está escrito no post. O dito comentário serviu para desancar no Bloco. E ei-la feliz e contente.
Possivelmente também foi ao Algarve e estaria na rua se vivesse em Penafiel.
Há pessoas assim. Que precisam destas coisas para estar vivos.
estivessem os vizinhos na Quinta da Marina ou no Bairro do Restelo e não na Cernadelo, até podia lá ser mostrada ao jet-set todo e tenho dúvidas que se preocupassem com as assistentes sociais
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