CML

Desde a primeira hora do Lisboa é Gente, que mostrei o meu entusiasmo. Entusiasmo, porque era uma candidatura aberta, que ultrapassava em muito o BE, entusiasmo porque desde o 1º momento em que conheci Sá Fernandes, pessoalmente, confirmei o respeito que ele me merecia como defensor duma Lisboa mais justa, mais ecológica, melhor para se viver e duma CML liberta das peias dos compadrios, da corrupção, dos interesses mais ou menos obscuros.

Ao longo destes quase dois anos, o entusiasmo nunca esmoreceu

Quando, há dois dias, aparecem notícias a falar num possível entendimento alargado à Esquerda, desejado por Sà Fernandes, segundo as notícias, confesso que "abanei" um pouco.

Pela 1ª vez, tenho a certeza que não iria apoiar Sá Fernandes, se esse acordo tivesse sido possível com António Costa e este PS.

António Costa era, "apenas", a nº 2 do Governo de Sócrates e representa "apenas" o que de mais "genuíno" tem a politica neo-liberal e anti-social de Sócrates. Não penso que este PS, pudesse querer para a minha cidade o que para a minha cidade quer Sá Fernandes, o "Lisboa é Gente", o Bloco e...eu.

O alagamento duma eventual coligação ao PCP, também nunca me pareceu possível. O PCP nunca teve, durante esta vereação, um papel de oposição consequente, fruto, umas vezes, de "telhados de vidro" de anteriores vereações, outras, de uma constante sede de Poder que carateriza o Partido e outras ainda fruto das coligações com o PSD que fez por essa Lisboa fora.

E, as anteriores eleições autárquicas, não foram ainda há tanto tempo que nos pudessemos já ter esquecido as imposições do PCP, que tornaram impossível qualquer negociação séria.

Restava-me, portanto, a hipótese de uma convergência com Helena Roseta. Que falhou.

Ver-me-ia a apoiar essa alternativa, mas, sinceramente, não me consigo imaginar a fazer campanha eleitoral por Helena Roseta, ainda por cima, porque, pelo que conhecemos da recentemente demitida militante do PS, ela nunca iria abdicar duma posição preponderante nas listas à CML.

E eu não entendia o que se ganhava com isso...

Helena Roseta não é Manuel Alegre. Apesar de todas as divergências que se possa ter com MA, todos lhe reconhecemos um passado de militante anti-fascista que merece o nosso respeito e admiração. Helena Roseta não pode surgir ao eleitorado, como aconteceu com Alegre, como a hipótese mais viável de vencer o candidato da Direita. Porque há António Costa e porque a Direita se apresenta dividida. Nas eleições para a Câmara não está em causa um cargo unipessoal, e a vitória de um candidato e a sua consequente eleição para Presidente da Câmara não respresenta, automaticamente, a derrota do outro. Na Presidência da República não há vereadores...

Helena Roseta aparece-nos, primeiro, lgada ao PSD de Sá Carneiro, depois Presidente da Câmara de Cascais eleita pelo PSD, a seguir no PS....e desde há uma semana "cidadã" contra os Partidos. Para alguém que passou uma vida inteira, duma forma mais ou menos "alinhada", dentro de Partidos, a repentina "alergia", não parece nem coerente nem consequente.

Se nos recordarmos que a própria candidata confessou que antes de avançar sozinha tinha apresentado a sua disponibiliade de ser a candidata do PS à CML, a "alergia" aparece ainda mais estranha.

Sá Fernandes tem um capital de popularidade e de trabalho feito em prol de Lisboa que Roseta não tem. Foi a cara da oposição a Carmona. Foi a voz da luta contra a corrupção e a incompetência. Este capital, não tenho a certeza se se manteria intacto numa lista de Roseta. Apesar de concordar com a importância de alargar a base social e política da sua candidatura e de concordar com a importância de candidaturas de "cidadãos" no Poder Local, o facto é que o "cartão de visita" de Sá Fernandes tem um valor que não descortino no de Roseta.

...

Considero altamente positiva a tentativa de convergência desenvolvida por Sá Fernandes. A sua disponibilidade para, em defesa do que considera melhor para Lisboa, aceitar entrar numa lista num lugar secundário, depois do que tem sido o seu trabalho e a sua dedicação em Lisboa, confirmam a minha primeira impressão do primeiro dia em que nos encontrámos no seu escritório da Baixa.

...

Resta-nos, portanto, agora, meter mãos à obra. A campanha é curta e as eleições estão já aí. Eu parto para elas mais ou menos aliviada porque considero que a candidatura de JSF com o apoio do BE e dos independentes que se juntaram a nós (ou a que nos juntámos) é a melhor alternativa de Esquerda na Câmara Municipal de Lisboa.

Sá Fernandes e o BE podem contar comigo para o colocar, de novo, na CML.

E sou dos que continuarão a acreditar que essa tarefa é bem mais fácil (mas, sobretudo, bem mais positiva) numa lista independente da de Helena Roseta.