Liberdade
A propósito do caso do professor suspenso e com um processo lembrei-me de que algo vai mal neste país do faz de conta. Nem de propósito, quando abri o mail, deparei-me com dois poemas de tempos diferentes mas sobre a mesma temática. O caso do professor veio-me novamente á cabeça. Qual a semelhança? Toda.
O primeiro de Maiakovski, poeta "suicidado" por Lenine
.
Na primeira noite eles se aproxima me roubam uma flor
do nosso jardim.E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
.
e um segundo de Bertold Brecht
.
Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso.
Eu não era Negro
Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso.
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso,
porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados, mas como tenho o meu emprego também não me importei
agora estão e a levar-me mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém,
ninguém se importa comigo
.
Não nos calemos. Anteontem foi um professor, ontem são as bases de dados para anotar quem faz greves, hoje a censura encapotada, amanhã a censura descarada e a cada vez maior ausência de Liberdade. Não precisam, se acharem pouco importante, de lutar pelos outros. O que é pedido nos dias de hoje é que lutem por vocês e só assim podem fazer algo pelos outros.
Etiquetas: Daniel Arruda
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Daniel,
Vladimir Maiakovski: nasceu 07/07/1893 e morreu em 14/04/1930. Suicidou-se em 1930, ano em que publicou "Os Banhos".
Lenine, outro Vladimir, morreu em 1923. Nunca poderia "suicidar" o poeta que muito estimava.
Que depois da morte de Lenine houve muitos "suicídios", lá isso houve. O mais estrondoso deu-se em 1989: o suicídio da União Soviética.
Saudações.
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