Sorry again
Desculpem lá voltar ao tema mas é mais forte do que eu.
Ontem segui atentamente o Prós e Contras na RTP1. Porque o tema me é caro e porque do lado da defesa da Lei do Tabaco estava nem mais nem menos que o Director Geral de Saúde de Portugal (acho que é assim que se chama o cargo) Fransisco George. E confesso que não me arrependi de o ter feito. Aprendi muito naquelas 3 Horas.
O mais importante de tudo que aprendi é que a lei diz uma coisa mas o seu espírito o contrário e que quando se aplica uma lei o espírito se sobrepõe ao explicitado. Senão vejamos: A lei diz que visa a protecção dos fumadores passivos mas o espírito diz que ela visa proíbir fumar no espaço público. Grande contradição, especialmente se tivermos em conta que não souberam explicar qual a natureza do espaço público a que se referem, dado que um jardim é um espaço público e não é (ainda) proibído fumar lá. Mais a lei diz que esta visa evitar a exposição involuntária ao fumo mas depois o espírito da lei considera que o acto perfeitamente voluntário de ir a uma discoteca se torna num acto involuntário de inalar fumo comparando-o a uma ida ao Hospital em caso de doença. Nesta altura quero fazer uma ressalva de que estamos a falar da lei e não de qualquer intrepretação ou opinião minha.
Mas o espírito da lei não se fica por aqui, pois neste debate o carácter desse espírito ficou bem presente quando foi dito que o objectivo da lei, o tal espírito, não visava a defesa do fumador passivo mas sim o cumprimento de convenções internacionais que visam proíbir o fumo. Ora aqui o debate inquina. É difícil discutir o que está na lei quando o seu executante diz que ela não quer dizer o que está escrito mas sim o que o seu espírito indica. E aqui a questão do executante ganha especial relevo quando o executante frisa que a sua função é memo só essa mas lhe dá conotação que o legislador nunca lhe imprimiu.
Mas este debate teve muitas outras pérolas. Por exemplo, ficámos a saber que as lareiras, em casa, devido à sua emissão de monóxido de carbono poderão ser proíbidas. Ficámos a saber que a ASAE não sabe o que fiscalizar. Ficámos a saber que em 3 semanas os enfartes de miocardio já diminuíram (esta levou-me ás lágrimas) e ficámos a saber que os portugueses já respiram melhor (depois das lágrimas anteriores confesso que esta apenas prolongou o meu riso).
Mas ficámos a saber coisas que me assutaram como por exemplo que os requesitos previstos na lei são inconstruíveis, segundo as palavras de um engenheiro presentes e que foi corrobada pelo Director Geral da Saúde que não evitou um (sor)riso e que demonstra cabalmente a má fé da Lei ao criar excepções que na prática não o são. Mas ficámos ainda a saber que os grupos económicos que representam as discotecas e Casinos vão ter protocolos em separado e que desde logo demonstram que a lei não é para cumprir para todos os grupos de interesses que tenham força suficiente para vergar o governo.
Ficámos a saber muita coisa mas de todo o debate ressalta algo aos olhos de todos que ainda tinham dúvidas. A questão é fundamentalista. Não foi deduzido um único argumento que sustente a lei tal qual ela está escrita. Apenas no seu espírito é que as coisas fazem sentido e o espírito como se sabe não é ainda letra de lei. Saí do debate convencido que qualquer tribunal dará razão aos comerciantes que optem em caso de multa pela via judicial para a combater.
O que me fica do debate ainda é que a lei ainda não está aplicada na plenitude e já é quase letra morta.
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Deixo para o fim uma experiência particular. Ontem ainda fui a um jantar de aniversário de uma prima do meu filho. Antes de comer, 12 das 21 pessoas convidadas estavam a conviver na rua a fumar e a beber um moscatel. Logo de seguida do jantar o café foi bebido na rua por 11 dos convidados a ponto de um dos promotores da festa ter dito que assim, se é para não haver convívio entre todos, mais vale não organizar jantares de aniversário em locais públicos, e dado o frio e humidade que estava o jantar que tinha começado às 20.30 estava terminado perto das 22.30. (cheguei a casa a tempo de ver o Prós e Contras) A verdade é que foi um jantar desinteressante do ponto de vista do convívio geral pois havia uns e outros, mas foi de facto um jantar barato pois não incluíu os tradicionais wiskys no final, nem a garrafa de vinho extra que se bebe de uma forma social quando se acaba a refeição e as sobremesas passaram ao lado.
Etiquetas: Daniel Arruda
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Depois de ver o programa ontem mudei de opinião. A lei do PS é tonta e fundamentalista. Então aquela dos espaços públicos (dito pelo colega do dr.da DGS)
Não fumo, por isso não sei se incomodo, mas atrevo-me a comentar:
Mas afinal o convite era para jantar ou para fumar?
Reconheço que é complicado, no entanto sou capaz de sugerir que, no próximo aniversário, se fume lá dentro e se coma cá fora e assim sucessivamente, ano sim ano não, até que todos sejam potenciais candidatos ao AVC (lonje vá o agoiro) uns por comerem demais e outros por abusarem do fumo, mas sempre sem se prejudicarem mutuamente.
"Sorry once more"
Pois é, José Manuel, quando usei aqui o termo fundamentalismo, era sobre a Lei concreta que falava...porque, por razões profissionais, já a tinha contactado de perto...
José MAnuel, penso que tu e muitos. No entanto penso que nem eu nem ninguém dos que tem combatido esta lei estúpida está a qui para ter razão, o que queremos e penso que falo por todos é que se acabe o fundamentalismo e o quase terrorismo ideológico.
jrd, tu não incomodas nada. Até podes ter os teus espaços livres de fumo que não me incomoda nada desde que eu tenha também os meus.
Quanto aos AVC espero e não me leves a mal que te preocupes apenas com a tua saúde pois da minha trato eu, se não te importas pois tenho o direito de me matar se apetecer. Reconheço-te no entanto o direito de eu não te matar pelo que defendo que tenhas os teus espaços. Gostava de saber se eras capaz d edefender uma alteração da lei que permitisse criar os meus.
Passa por aqui quando calhar e verás que sim.
http://bonstemposhein.blogspot.com/2007/12/fumar-no-fumar.html
Cumps
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