Derrotas

Possivelmente há outra forma de as viver. Possivelemente esta custa mais por ser a primeira, nestas e destas circunstâncias. Possivelmente também conta a certeza de que não é a 1ª, neste momento, por um acaso qualquer, mas sim porque estamos em Portugal, em 2008, José Sócrates é 1º Ministro, as alterações ao Código Bagão que aí vêm não são as que o PS prometeu, mas as que o patronato impõe. Possivelmente vamos ganhar isto e essa vitória vai servir para lhes mostrar que nem tudo (lhes) é possível. Possivelmente isto vai servir para cimentar solidariedades e para descobrir forças que se julgavam perdidas. Possivelmente vamos vencer esta guerra e vamos voltar a ter L. a trabalhar connosco. Possivelmente, então, voltarei a sentir aquela sensação reconfortante do dever cumprido de cada vez e de todas as vezes que não houve o resultado de hoje. E foram muitas em mais de dez anos. E a sensação sabe bem.
Hoje não. Hoje não encontro nenhum nome menos custoso nem nenhuma atenuante para a derrota.
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Possivelmente sei que virão mais. Possivelmente acredito que amanhã eles sabem que lá estou. E que da derrota hei-de, havemos, de encontrar a força que hoje falta. E que a dignidade vencerá a prepotência. Possivelmente a gente vence esta batalha e disso haveremos de tirar forças para vencer outras guerras....

Possivelmente agora devo ir dormir. Apetece-me adormecer e ainda ver o restinho da luz do dia, que cai lá fora. É assim como se não me permitisse ver, hoje, a noite chegar. Para que ela não se (me) impusesse.
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