Da crise deles...à nossa crise!!
Ao ler a caixa de comnetários a este post do Arrastão (já nem falo das dos jornais on line, porque aí é nojo mesmo), não consigo evitar um sentimento de impotência e uma grande, mas grande repulsa.
Fica-me a dúvida se este Povo nunca fez um País melhor por incapacidade ou porque somos mesmo um povo mesquinho (eu sei que as genaralizações são sempre perigosas...e sei que denunciar essas generalizações e depois fazê-las, não faz muito sentido...mas fazer o quê? Também nasci aqui...).
Somos sempre os primeiros a mandar pedras aos outros, aos iguais a nós ou aos que estão numa posição pior que a nossa...há despedimentos de jornalistas? bem feita, os jornalistas são uns vendidos...Há despedimentos de trabalhadores, que não são jornalistas? Paciência, calha a todos...
Nas manifestações de rua contra os genocídios e contra as agressões, somos sempre comedidozinhos, nunca somos muitos que a solidariedade é cara e não faz crescer. Na solidariedade com os nossos pares, descobrimos sempre uma razão qualquer para não ser solidário - imaginem que há jornalistas que se vendem...que aceitam fazer fretes ao patronato...que abdicam de direitos...e trabalhadores, que não são jornalistas que fazem o mesmo...
Já nem está em causa o discutir o que cada um de nós faz na nossa empresa ou nos nosso serviço, é bem mais grave que isso: é a desculpabilização de quem nos impõe a precariedade, de quem faz Leis de Trabalho cada dia mais injustas e mais discriminatórias, de quem nos persegue nas empresas por sermos membros de ORTs, de quem encontra na "crise" a desculpa conveniente para as purgas convenientes, de quem faz de cada um de nós um número, de quem nos retira dignidade e nos maltrata o futuro.
Há um comentador no Arrastão que lembra o que nos devia ser óbvio: quando 122 trabalhadores vão aqui para a rua, quando milhares de trabalhadores por esse País fora vão para a rua, não é o que cada um de nós foi nos locais de trabalho, nem as razões porque se foi isto ou aquilo que se discute: são despedimentos colectivos de homens e mulheres, com flihos, com casas para pagar, com vidas, agora, suspensas. Trabalhadores da indústria automóvel, dos texteis, da construção civil, jornalistas, trabalhadores dos jornais, da hotelaria...são todos homens e mulheres, iguais a mim.Tão iguais a mim que nunca sei quando calhará a minha vez... triste a incapacidade que temos de nos colocar no lugar do outro...
Ontem o PS anunciou que vai votar contra todas as alterações da oposição às regras do subsidio de desemprego, porque o Governo quer apostar no apoio ao emprego e não ao desemprego...declarações hipócritas no dia em que 122 trabalhadores perdem o emprego e dois dias depois de a Administração da Autoeuropa ter despedidos três centenas, depois de ter recebido apoios do Estado e rasgando os compromissos assumidos com os trabalhadores. Declarações hipócritas mas opções normais num Governo que financia banqueiros e aprova o Código de Trabalho.
Nestes momentos, olho para tràs e, por momentos, lendo os comentários dos meus iguais, colocando-me na posição de um qualquer destas centenas de trabalhadores que esta semana passam a engrossar o número sem rosto dos desempregados em Portugal, lembrando a luta diária numa empresa para que sejam cumpridos os direitos fundamentais de cada ser humano, como o direito à dignidade e ao respeito...sinto uma impotência enorme e um desencanto doloroso e apetece-me cruzar os braços...olho o meu filho que vai agora a sair, depois de uma noite em branco, para fazer uma frequência que ele (ainda) pensa que lhe vai dar acesso a um trabalho e a um futuro dignos dum ser humano, e sinto que não tenho esse direito. Não o tenho por ele, não o tenho por mim, não o tenho pela luta de tantos de nós, não o tenho porque há rostos por detrás dos números.
Esta tarde tenho um plenário na empresa para discutir os aumentos salariais...este fim-de-semana vou andar a correr em debates partidários, esta semana ainda não consegui descansar um fim-de-tarde em casa...não vou cruzar os braços. Cruzar os braços faz parte do conjunto de direitos que nunca me darei. Nem que para isso seja necessário recusar-me a ler caixas de comentários de jornais ou de Blogs.
Fica-me a dúvida se este Povo nunca fez um País melhor por incapacidade ou porque somos mesmo um povo mesquinho (eu sei que as genaralizações são sempre perigosas...e sei que denunciar essas generalizações e depois fazê-las, não faz muito sentido...mas fazer o quê? Também nasci aqui...).
Somos sempre os primeiros a mandar pedras aos outros, aos iguais a nós ou aos que estão numa posição pior que a nossa...há despedimentos de jornalistas? bem feita, os jornalistas são uns vendidos...Há despedimentos de trabalhadores, que não são jornalistas? Paciência, calha a todos...
Nas manifestações de rua contra os genocídios e contra as agressões, somos sempre comedidozinhos, nunca somos muitos que a solidariedade é cara e não faz crescer. Na solidariedade com os nossos pares, descobrimos sempre uma razão qualquer para não ser solidário - imaginem que há jornalistas que se vendem...que aceitam fazer fretes ao patronato...que abdicam de direitos...e trabalhadores, que não são jornalistas que fazem o mesmo...
Já nem está em causa o discutir o que cada um de nós faz na nossa empresa ou nos nosso serviço, é bem mais grave que isso: é a desculpabilização de quem nos impõe a precariedade, de quem faz Leis de Trabalho cada dia mais injustas e mais discriminatórias, de quem nos persegue nas empresas por sermos membros de ORTs, de quem encontra na "crise" a desculpa conveniente para as purgas convenientes, de quem faz de cada um de nós um número, de quem nos retira dignidade e nos maltrata o futuro.
Há um comentador no Arrastão que lembra o que nos devia ser óbvio: quando 122 trabalhadores vão aqui para a rua, quando milhares de trabalhadores por esse País fora vão para a rua, não é o que cada um de nós foi nos locais de trabalho, nem as razões porque se foi isto ou aquilo que se discute: são despedimentos colectivos de homens e mulheres, com flihos, com casas para pagar, com vidas, agora, suspensas. Trabalhadores da indústria automóvel, dos texteis, da construção civil, jornalistas, trabalhadores dos jornais, da hotelaria...são todos homens e mulheres, iguais a mim.Tão iguais a mim que nunca sei quando calhará a minha vez... triste a incapacidade que temos de nos colocar no lugar do outro...
Ontem o PS anunciou que vai votar contra todas as alterações da oposição às regras do subsidio de desemprego, porque o Governo quer apostar no apoio ao emprego e não ao desemprego...declarações hipócritas no dia em que 122 trabalhadores perdem o emprego e dois dias depois de a Administração da Autoeuropa ter despedidos três centenas, depois de ter recebido apoios do Estado e rasgando os compromissos assumidos com os trabalhadores. Declarações hipócritas mas opções normais num Governo que financia banqueiros e aprova o Código de Trabalho.
Nestes momentos, olho para tràs e, por momentos, lendo os comentários dos meus iguais, colocando-me na posição de um qualquer destas centenas de trabalhadores que esta semana passam a engrossar o número sem rosto dos desempregados em Portugal, lembrando a luta diária numa empresa para que sejam cumpridos os direitos fundamentais de cada ser humano, como o direito à dignidade e ao respeito...sinto uma impotência enorme e um desencanto doloroso e apetece-me cruzar os braços...olho o meu filho que vai agora a sair, depois de uma noite em branco, para fazer uma frequência que ele (ainda) pensa que lhe vai dar acesso a um trabalho e a um futuro dignos dum ser humano, e sinto que não tenho esse direito. Não o tenho por ele, não o tenho por mim, não o tenho pela luta de tantos de nós, não o tenho porque há rostos por detrás dos números.
Esta tarde tenho um plenário na empresa para discutir os aumentos salariais...este fim-de-semana vou andar a correr em debates partidários, esta semana ainda não consegui descansar um fim-de-tarde em casa...não vou cruzar os braços. Cruzar os braços faz parte do conjunto de direitos que nunca me darei. Nem que para isso seja necessário recusar-me a ler caixas de comentários de jornais ou de Blogs.
Etiquetas: Isabel Faria
4Comenta Este Post
É o que dá sermos um país pobre há demasiado tempo e desiludido demasiadas vezes. O cinismo torna-se modo de vida e o ressentimento entranha-se sem que se estranhe.
Já alguém disse em tempos que a nossa principal característica actual é a inveja: se eu posso ter, todos podem ter; se eu não tenho, é injusto que outros tenham. Independentemente da justiça ou moralidade de cada caso.
Nem são dos piores, vejam os comentários nas noticias do Público, então quando o assunto toca os funcionários públicos incluído professores e vejam se não dá vontade de emigrar de imediato. (só não sei para onde)
Abraço
Heliocoptero, é isso mesmo. A desilução tornou-nos cinicos. A pobreza tornou-nos invejosos...e muitas vezes deixamos que o desencanto no tolha os passos e os movimentos.
Cicuta, clarqoe que não são os piores. Como escrevi os dos jornais on line (os do Público são, efectivamente, do pior) são bem piores. Mas esses, até para conseguir manter a minha sanidade mental já há muito deixei de ler.
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