Cinismo
Gosto de ver textos como este que a Zézinha Nogueira Pinto escreve hoje no DN. Reafirma ela que a Igreja não se vai meter na história do referendo ao aborto. Pois não vai, já está. É que de tanto se dizer que não se vai meter e de se explicar porque é que não se mete faz mais campanha que 20 partidos e organizações juntas. O cinismo da Igreja no seu melhor dirão alguns. Eu não vou tão longe. DIria apenas que é a Igreja como ela sempre foi. Falsa, a jogar em dois tabuleiros e a tirar o rabo de fora. Foi assim nas guerras mundiais, foi assim no Iraque, é assim sobre Guantanamo, é assim sobre a pedofilia, é assim em muitos lados e coisas.
Voltando ao aborto gosto de ver a afirmação de que a Igreja não se vai meter, mas os padres enquanto cidadãos vão fazé-lo. Já o fizeram em Coimbra. Soaram logo as vozes. A iniciativa não foi da Igreja, enquanto instituição. Foi o conjunto dos padres que indevidualmente o fizeram. Haverá até ao dia do referendo muitos conjuntos de padres que contra a sua instituição irão fazer campanha mas a Igreja dirá sempre. Nós como instituição mantemo-nos fora disto, sempre acompanhados da retórica do porquê de se manterem fora disto, porque é uma questão de sociedade e de Estado. Mas então a Igreja que há anos existe não faz parte da sociedade enquanto instituição? Tão grande que a sua influência queria ser vista no projecto de Constituição Europeia? E agora dizem que não. Não nos metemos nisto institucionalmente? Mas manobram nas costas como nos tempos da Inquisição.
A Igreja e os seus regimes são ditatoriais. É assim em todas as religiões e há tiques que não se perdem. A católica não é excepção. Querem o controlo das coisas mas enquanto não chegam lá manobram na sombra usando cada vez mais formas cínicas de o conseguir. Para eles só há uma verdade. A divina e não aceitam (note-se que não usei o compreendem, por motivos óbvios) outra qualquer e só no dia em que o mundo estiver subordinado à sua verdade descansarão.
Só é pena que se tenham esquecido que a verdade deles assenta em mais de 2000 anos de mentira.
Etiquetas: Daniel Arruda
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A verdade (lá se é divina ou não, não faço ideia) é que o Papa fez um documento secreto para proteger toda a pedofilia dentro da Igreja. Deve ser para isso que são contra o aborto, precisam de criancinhas, e se abandonadas, melhor.
Eu bem sei que esta é uma redução demagógica e maniqueísta. Não é para ser levado como uma análise séria e construtiva da questão. Mas não é mesmo isto que apetece logo dizer?
Helena, essa é uma das coisas que também me apetece dizer mas o pior é que a Igreja vai mais longe. E isso já é quase doentio.
Daniel, ontem no post que tinha deixado sobre o caso da foto do bebé, tinha falado em seriedade ou falta dela...e tinha falado que nos esperam meses complicados. Com ou sem participação activa da Igreja.
Teremos que ter a serenidade necessária para não embarcar nas provocações que aí vêm. Teremos que usar a razão contra a manipulação. E não podesmos, creio, entrar nas guerras deles. A nossa guerra é contra quem recusa a liberdade individual, quem usa a hipocrisis como arma, quem inventa e deturpa, quem quer impor os seus valores...quem quer continuar a julgar mulheres porque não têm dinheiro para ir a Espanha fazer o aborto que todos sabem que se faz...
Helena, compreendo o teu comentário. Mas parece-me que nestes tempos mais próximos vamos mesmo ter que nos controlar na nossa "vontade" de, às vezes, responder à manipulação de uma forma demagógica e maniqueísta.
Temos uma batalha pela frente. E temos que a ganhar duma forma limpa. O "não" se ganhar saberemos que não será de uma forma limpa. Será usando métodos como os do panfleto de Coimbra ou apelando à abstenção para invalidar o Referendo...nós temos o dever de ser diferentes.
Inquisição à igreja, já! :)
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