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quinta-feira, outubro 19, 2006

A dificil passagem a pessoa...


Hoje roubei todas as rosas dos jardins e cheguei ao pé de ti de mãos vazias."
Eugénio de Andrade

No encantamento, somos Deuses. Mudamos as situações, abolimos as distâncias, dominamos o tempo. Não damos pela chuva, nem pelo Sol abrasador. Encontramos sempre um lugar onde dizer que estamos e procuramos sempre um lugar para dizer, queremos estar. Cada minuto é vivido com o cheiro do momento que se viveu, ou inebriado pelo desejo daquele que se vai viver.
Depois…
…depois o tempo vai passando. Até pode continuar a haver coisas imensas, infinitas e imensas, que nos unam. Seja amor, amizade, paixão…seja tudo isto, ou algo de tudo isto …
…mas passamos a ser homens e mulheres. Aprendemos a esperar. Hoje não podemos encontrar-nos, porque chove torrencialmente, dizemos - quando nos encantávamos nem creio que soubéssemos o que era chuva.. Começamos a mudar o tempo dos verbos…ontem estive ali…que fizeste no fim-de-semana…
Olhamos o relógio e não conseguimos mais fazer o tempo parar. Mais ou menos por esta altura invadem-nos as dúvidas próprias dos não Deuses. Coisa complicadíssima de gerir, como todos sabem…
Ao tornarmo-nos homens e mulheres, voltámos a ter coisas de homens e mulheres. Como o tempo. Penso, sinceramente, que o que mais nos distingue de quando fomos Deuses é a história do tempo. E da memória. E, de vez em quando, damos connosco a dizer…desculpa, esqueci-me…coisa impensável para um Deus que se preze. Não o pedir desculpa. O esquecer.
E as palavras. As palavras são o diabo. Fizemos palavras. Nossas. Um dia, descobrimos que as palavras que fizemos, nos (a nós ou ao outro) parecem cansar. Pelo menos, não soam ao mesmo. Nem sabem. Tornaram-se de mais. Ou de menos. Deixaram de ser as nossas. No nosso momento. E, como estamos prestes a deixar de ser Deuses, não conseguimos encontrar outras. E, aí, às vezes, há o silêncio. Mas dói o silêncio dos não Deuses.
Ninguém tem culpa de que o encantamento tenha um caminho…aliás, até pode ser que nem descambe no desencantamento, apenas se começa a dar pela chuva…e se deixa de ser Deuses.
No meu caso, apesar de já ter dado comigo um sem número de vezes sem sombrinha e sem halo…não me conformo. Havia de haver uma lei qualquer que proibisse esta treta. Deus, um dia…Deus para sempre. Ponto.

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4Comenta Este Post

At 10/19/2006 3:12 da tarde, Blogger Hieros escreveu...

Bonito...
Já te disse que devias mudar de emprego? Devias ser paga para escrever.
Os jornalistas e outros escribas (com algumas (poucas excepções) fazem-me lembrar uma parte de "A cena do Ódio" do Almada Negreiros:
"... e vós também pindéricos jornalistas que fazeis cócegas
e outras coisas
à opinião pública..."
Não vou dizer aqui quais são as outras coisas porque são coisas que não se devem fazer à opinião pública, claro.

 
At 10/19/2006 3:42 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Lembro-me de uma frase dum poeta cubano que já me esqueci o nome:

"Llejos de ti me muero
Cerca de ti me matas".

Mas deixa lá. Pessoa vem do latim persona que significa máscara. A pessoa que somos nós é, afinal, a máscara que usamos (para nos proteger?). Temos de ter cuidado não vá acontecer a máscara ficar colada à cara, como dizia esse outro Pessoa, o Fernando.

 
At 10/19/2006 3:43 da tarde, Blogger COMTRA escreveu...

Este pessoal anda a escrever umas coisas...

 
At 10/19/2006 6:55 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Obrigada, Bancário. Já disseste , sim. Mas sabes eu acho que há coisas que só por prazer faria com...prazer. Escrever, por exemplo.

Um cuidado a ter anónimo...mas sabes, não acredito que as máscaras conheçam aquela cola que cola cientistas ao tecto...para nosso bem, ou para nosso mal? Não sei.

comtra, acho que isso é para agradecer, não???
Obrigada.Por gostares das coisas que o pessoal vai escvrevendo.

Gibel, amigo, que saudades que eu tinha dum comentário teu...cum caraças, uma pessoa tem que escrever sobre coisas dificeis, como a perda da Divindade para te ter cá???
És um querido...sobretudo por ousares os ()...:)))

 

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