A dificil passagem a pessoa...
Hoje roubei todas as rosas dos jardins e cheguei ao pé de ti de mãos vazias."
Eugénio de Andrade
No encantamento, somos Deuses. Mudamos as situações, abolimos as distâncias, dominamos o tempo. Não damos pela chuva, nem pelo Sol abrasador. Encontramos sempre um lugar onde dizer que estamos e procuramos sempre um lugar para dizer, queremos estar. Cada minuto é vivido com o cheiro do momento que se viveu, ou inebriado pelo desejo daquele que se vai viver.
Depois…
…depois o tempo vai passando. Até pode continuar a haver coisas imensas, infinitas e imensas, que nos unam. Seja amor, amizade, paixão…seja tudo isto, ou algo de tudo isto …
…mas passamos a ser homens e mulheres. Aprendemos a esperar. Hoje não podemos encontrar-nos, porque chove torrencialmente, dizemos - quando nos encantávamos nem creio que soubéssemos o que era chuva.. Começamos a mudar o tempo dos verbos…ontem estive ali…que fizeste no fim-de-semana…
Olhamos o relógio e não conseguimos mais fazer o tempo parar. Mais ou menos por esta altura invadem-nos as dúvidas próprias dos não Deuses. Coisa complicadíssima de gerir, como todos sabem…
Ao tornarmo-nos homens e mulheres, voltámos a ter coisas de homens e mulheres. Como o tempo. Penso, sinceramente, que o que mais nos distingue de quando fomos Deuses é a história do tempo. E da memória. E, de vez em quando, damos connosco a dizer…desculpa, esqueci-me…coisa impensável para um Deus que se preze. Não o pedir desculpa. O esquecer.
E as palavras. As palavras são o diabo. Fizemos palavras. Nossas. Um dia, descobrimos que as palavras que fizemos, nos (a nós ou ao outro) parecem cansar. Pelo menos, não soam ao mesmo. Nem sabem. Tornaram-se de mais. Ou de menos. Deixaram de ser as nossas. No nosso momento. E, como estamos prestes a deixar de ser Deuses, não conseguimos encontrar outras. E, aí, às vezes, há o silêncio. Mas dói o silêncio dos não Deuses.
Depois…
…depois o tempo vai passando. Até pode continuar a haver coisas imensas, infinitas e imensas, que nos unam. Seja amor, amizade, paixão…seja tudo isto, ou algo de tudo isto …
…mas passamos a ser homens e mulheres. Aprendemos a esperar. Hoje não podemos encontrar-nos, porque chove torrencialmente, dizemos - quando nos encantávamos nem creio que soubéssemos o que era chuva.. Começamos a mudar o tempo dos verbos…ontem estive ali…que fizeste no fim-de-semana…
Olhamos o relógio e não conseguimos mais fazer o tempo parar. Mais ou menos por esta altura invadem-nos as dúvidas próprias dos não Deuses. Coisa complicadíssima de gerir, como todos sabem…
Ao tornarmo-nos homens e mulheres, voltámos a ter coisas de homens e mulheres. Como o tempo. Penso, sinceramente, que o que mais nos distingue de quando fomos Deuses é a história do tempo. E da memória. E, de vez em quando, damos connosco a dizer…desculpa, esqueci-me…coisa impensável para um Deus que se preze. Não o pedir desculpa. O esquecer.
E as palavras. As palavras são o diabo. Fizemos palavras. Nossas. Um dia, descobrimos que as palavras que fizemos, nos (a nós ou ao outro) parecem cansar. Pelo menos, não soam ao mesmo. Nem sabem. Tornaram-se de mais. Ou de menos. Deixaram de ser as nossas. No nosso momento. E, como estamos prestes a deixar de ser Deuses, não conseguimos encontrar outras. E, aí, às vezes, há o silêncio. Mas dói o silêncio dos não Deuses.
Ninguém tem culpa de que o encantamento tenha um caminho…aliás, até pode ser que nem descambe no desencantamento, apenas se começa a dar pela chuva…e se deixa de ser Deuses.
No meu caso, apesar de já ter dado comigo um sem número de vezes sem sombrinha e sem halo…não me conformo. Havia de haver uma lei qualquer que proibisse esta treta. Deus, um dia…Deus para sempre. Ponto.
No meu caso, apesar de já ter dado comigo um sem número de vezes sem sombrinha e sem halo…não me conformo. Havia de haver uma lei qualquer que proibisse esta treta. Deus, um dia…Deus para sempre. Ponto.
Etiquetas: Isabel Faria
4Comenta Este Post
Bonito...
Já te disse que devias mudar de emprego? Devias ser paga para escrever.
Os jornalistas e outros escribas (com algumas (poucas excepções) fazem-me lembrar uma parte de "A cena do Ódio" do Almada Negreiros:
"... e vós também pindéricos jornalistas que fazeis cócegas
e outras coisas
à opinião pública..."
Não vou dizer aqui quais são as outras coisas porque são coisas que não se devem fazer à opinião pública, claro.
Lembro-me de uma frase dum poeta cubano que já me esqueci o nome:
"Llejos de ti me muero
Cerca de ti me matas".
Mas deixa lá. Pessoa vem do latim persona que significa máscara. A pessoa que somos nós é, afinal, a máscara que usamos (para nos proteger?). Temos de ter cuidado não vá acontecer a máscara ficar colada à cara, como dizia esse outro Pessoa, o Fernando.
Este pessoal anda a escrever umas coisas...
Obrigada, Bancário. Já disseste , sim. Mas sabes eu acho que há coisas que só por prazer faria com...prazer. Escrever, por exemplo.
Um cuidado a ter anónimo...mas sabes, não acredito que as máscaras conheçam aquela cola que cola cientistas ao tecto...para nosso bem, ou para nosso mal? Não sei.
comtra, acho que isso é para agradecer, não???
Obrigada.Por gostares das coisas que o pessoal vai escvrevendo.
Gibel, amigo, que saudades que eu tinha dum comentário teu...cum caraças, uma pessoa tem que escrever sobre coisas dificeis, como a perda da Divindade para te ter cá???
És um querido...sobretudo por ousares os ()...:)))
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