A escolha
Amanhã vai ser aprovada na AR, a convocação do Referendo sobre a Despenalização da IVG. Depois o Presidente da República poderá ou não pedir o Parecer do Tribunal Constitucional sobre o teor da pergunta e, seguidamente, marcará a data.
O que estará em causa não vai ser como nos querem fazer crer os ditos Movimentos pró-vida, a liberalização do aborto. Nenhuma mulher em nenhuma parte do Mundo, aborta por prazer ou deixa de abortar por ser ilegal. Todas as mulheres, em todas as partes do Mundo civilizado, abortam por necessidade ou por opção. Por prazer, não. As razões da necessidade e da opção só à mulher e ao casal dizem respeito. As causas da necessidade deveriam dizer respeito a todos, mesmo quando não há referendos sobre a despenalização da IVG. Mas não dizem. E têm a ver com tantas e tão diferentes coisas que não caberiam num post…falta de condições económicas, trabalho precário, desemprego, falta de acesso a meios contraceptivos, falta de acesso a uma adequada educação sexual, sobretudo nos mais jovens, falta de estabilidade emocional derivada de tantas outras e de todas estas coisas, etc.etc.etc.
O que estará em causa não vai ser como nos querem fazer crer os ditos Movimentos pró-vida, a liberalização do aborto. Nenhuma mulher em nenhuma parte do Mundo, aborta por prazer ou deixa de abortar por ser ilegal. Todas as mulheres, em todas as partes do Mundo civilizado, abortam por necessidade ou por opção. Por prazer, não. As razões da necessidade e da opção só à mulher e ao casal dizem respeito. As causas da necessidade deveriam dizer respeito a todos, mesmo quando não há referendos sobre a despenalização da IVG. Mas não dizem. E têm a ver com tantas e tão diferentes coisas que não caberiam num post…falta de condições económicas, trabalho precário, desemprego, falta de acesso a meios contraceptivos, falta de acesso a uma adequada educação sexual, sobretudo nos mais jovens, falta de estabilidade emocional derivada de tantas outras e de todas estas coisas, etc.etc.etc.
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O que vai estar em causa é se queremos manter a hipocrisia. A mentira e a penalização de mulheres. E a vergonha de verem a sua vida devassada.
O que vai estar em causa é se queremos manter a hipocrisia. A mentira e a penalização de mulheres. E a vergonha de verem a sua vida devassada.
O que vamos decidir é se queremos manter a injustiça que diferencia quem pode ir a Espanha ou a qualquer boa clínica portuguesa e pagar muito ou quem não pode ir a uma nem a outra e tem que o fazer sem as condições mínimas de segurança. O que vamos escolher é entre dar as condições iguais a todas, ou manter a desigualdade.
O que vamos escolher é se queremos fazer Leis para serem cumpridas ou se optamos por meter a cabeça na areia e manter uma Lei para não ser cumprida, como defendem alguns movimentos que por ai apareceram agora.
O que vamos escolher é se queremos filhos desejados, com condições para serem criados com amor e com direitos ou se queremos ter filhos do acaso e, sem ser por acaso, não temos maneira de os criar.
O que vamos escolher não é entre o direito ao nosso corpo (me perdoem as feministas mais empedernidas, mas nunca me pareceu ser esta a questão) ou o direito à vida de que falam esses movimentos. O que vamos escolher é o direito à VIDA. Com maiúsculas. À nossa, de mulheres. Saudáveis. À nossa, de pais. Responsáveis. À dos nossos filhos, desejados, amados e a quem poderemos aspirar a criar com dignidade.
O que vamos escolher é não ter mulheres na prisão.Nem nos tribunais. Nem abortos feitos em vãos de escadas, em frente a esquadras da Policia, com farmácias ao lado, a vender medicamentos que todos sabem para que são…o que vamos escolher é não continuar a manter a Máfia que se criou em volta das clínicas de aborto clandestinas, sejam as de quem tem dinheiro, sejam as de qualquer parteira de vão de escada.
O que vamos escolher é ter uma Lei para ser cumprida. Ou ter uma Lei que supostamente incomoda todos os que diariamente não se incomodam com as Vidas. As de todos os dias. As das crianças em instituições, as de jovens sem emprego, as de homens e mulheres sem pão.
Uma nota final (para já, seguramente virão muitas mais) para quem continua a pugnar pela alteração da Lei sem recorrer ao referendo. Todos o desejaríamos. Menos quem convocou o primeiro referendo. Com o primeiro referendo, não vale a pena chover no molhado. É de uma demagogia tão grande como o vir acenar com direitos à vida. É vir acenar com inconsciências e com faltas de visão politica. É esquecer que amanhã, numa qualquer esquina da estrada, teremos, de novo, uma maioria de Direita no Parlamento. E esquecer que nessa altura ainda continuará a haver desemprego, a não haver educação sexual nas escolas, etc, etc. E continuará a haver prisões. E hipócritas "preocupações" com vida.
E já agora esquecer deliberadamente e demagogicamente que para que a Lei fosse alterada no Parlamento era necessário um pequenino pormenor…que o PS a apresentasse ou votasse favoravelmente. Coisa pouca, afinal.
Uma nota final (para já, seguramente virão muitas mais) para quem continua a pugnar pela alteração da Lei sem recorrer ao referendo. Todos o desejaríamos. Menos quem convocou o primeiro referendo. Com o primeiro referendo, não vale a pena chover no molhado. É de uma demagogia tão grande como o vir acenar com direitos à vida. É vir acenar com inconsciências e com faltas de visão politica. É esquecer que amanhã, numa qualquer esquina da estrada, teremos, de novo, uma maioria de Direita no Parlamento. E esquecer que nessa altura ainda continuará a haver desemprego, a não haver educação sexual nas escolas, etc, etc. E continuará a haver prisões. E hipócritas "preocupações" com vida.
E já agora esquecer deliberadamente e demagogicamente que para que a Lei fosse alterada no Parlamento era necessário um pequenino pormenor…que o PS a apresentasse ou votasse favoravelmente. Coisa pouca, afinal.
Etiquetas: Isabel Faria
4Comenta Este Post
Alea jacta est.
Só falta mesmo o trabalho...
Desculpem voltar á vaca fria mas sempre quero ver qual vai ser a demagogia de Igreja desta vez. É que nos argumentos da razão não há volta a dar. Só podem mesmo é apelar ao divino.
Daniel, não menosprezes a Igreja. Eles sabem mais que aquilo que a gente pensa. E atingem mais gente que nós. Deixa-os esticar-se primeiro
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