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sábado, novembro 25, 2006

25 de Novembro


Os mais de trinta anos que se passaram, encarregram-se de retirar muita ingenuidade à memória. E alguma beleza. Coisas da vida. E da História.

Mas, do vivido naquele dia, o que a memória me fala é do fim de um sonho. Fica-se sempre nostálgica e algo triste quando não se consegue nunca voltar aos sonhos perdidos. A minha incapacidade de hoje o fazer não é apenas resultado de o tempo se ter encarregue de fazer esquecer muitos pormenores. E alguns sentires. É, sobretudo, o resultado de ao sonho interrompido, a História se ter encarregue de ter juntado tantos "não sonhos". Traições. Mentiras. Perdas. E de teimar em colocá-los nesse tempo, mesmo. E de os acarretar, vivos, durante estas mais de três décadas.
......
O sonho que acabou nesse dia até pode não ter sido tão lindo como eu o imaginei, então. Mas foi o meu. E ninguém mo tira.

Nesse dia, eu e alguns camaradas, fomos expulsos da sede do PCP da nossa terra. De repente, a aliança que se tinha formado durante os últimos tempos e que, apesar de o PCP ter rompido, ainda permitiu, nas bases, momentos de entendimento e de partilha, foi interrompida com um telefonema recebido da sede central em Lisboa.

Na memória, também ficou que o sonho também não foi possível, porque houve quem com ele fizesse batota. E dele se tivesse querido apropriar.

Mas, mesmo assim, tê-lo vivido ninguém me tira.

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5Comenta Este Post

At 11/25/2006 9:22 da tarde, Blogger cereja escreveu...

Isabel, sinto um sabor tão amargo ainda, que nem escrevi nada hoje sobre esta data. Desta vez não foi esquecimento, foi talvez cansaço. Estamos muito mais velhos, o mundo girou tanto...
Não. Não me apeteceu dizer nada hoje. Disseste tu, e disseste muito bem. Subscrevo.

 
At 11/25/2006 10:04 da tarde, Blogger a.pacheco escreveu...

Penso que já o disse aqui , eu era militar no 25 de Novembro, e ainda hoje estou para perceber, o que é que realmente se passou.

Quero no entanto lembrar o nome do Albertino Bagagem militar como eu, e morto pelos para-militares comandos, que tentaram assaltar o regimento da Policia Militar na, Calçada da Ajuda.

Lembrar o Albertino Bagagem é uma responsabilidade daqueles que como eu , sentem que a história desse periodo ,ainda terá de ser escrita, e que aqueles que se fazem passar por heróis da democracia, se calhar nem são assim tão herois nem tão democratas.....

 
At 11/25/2006 10:26 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

O que escreveste somado aos depoimentos da emiéle e do a.pacheco, somado ao meu descontentamento, impedem-me de ir mais alé da comunhão do momento e do sentimento.

 
At 11/25/2006 11:41 da tarde, Blogger COMTRA escreveu...

Isabel, eu nem te digo nada sobre o 25 de Novembro de 75, que foi um dos dias mais estranhos da minha vida. Exactamente um mês antes, na manifestação dos SUV que eu encabecei, tudo parecia diferente, possível, promissor e futuro.
O 25 de Novembro ficou como: "-- não precisas de fazer, está tudo sob controlo. Depois és avisado." e não havia ninguém a controlar (do nosso lado), não havia directiva nenhuma, só a espera...
Mas não se esperaram 48 anos?
HOje, 31 anos depois, estamos`ainda à espera? De quem?
Só se for de nós próprios!

 
At 11/26/2006 1:52 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Também mantive essa sensação , Contra. Foi um dia estranho. Ainda hoje o é.
Sinto essa estranheza, tantos anos depois. E que como diz o A.Pacheco falta tanto da história para contar... continuamos á espera. Até da verdadeira história ainda esperamos.

 

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