Coisas da vida
Ficamos assustadíssimas quando surgem as primeiras febres. Por mais que nos digam que "é dos dentinhos", pegamos neles, corremos ao médico. Passamos a noite a ouvi-los respirar. Quando não há febre também passamos. Mas depois pegamos no Brufen, aprendemos a dar um banhito de água morna e quando eles sorriem, finalmente, respiramos.
Ficamos em pânico quando caem. E choram. E aquele sangue ali. Não desmaiamos com o sangue. Ainda não. Consolamo-los pelo caminho. Enchemos as toalhas. Não sabemos desde quando aprendemos a suportar o sangue. Entramos nas urgências. Finalmente entregues ao cuidado do médico e da enfermeira, desmaiamos com o som da linha que cose o queixito. Acordamos com o primeiro sorriso.
Ficamos preocupadísimas quando entram na escola. E se acontece alguma coisa. Se não aprendem. Se não arranjam amigos. Se não comem no refeitório. Descansamos quando eles chegam a casa e nos sorriem, enquanto nos contam que aprenderam a tabuada do 2.
Não dormimos a primeira noite que saem para jantar com amigos. Nem as noites todas que saem para passar o fim-de-semana com a escola. Claro que já têm 15 anos...16...mas só adormecemos, quando os vimos escondidos no edredon.
Ficamos surpreendidísimas quando os vemos chegar a casa com uma "amiga". E sairem de mão dada. E passarem horas ao telemóvel. E não largarem a NET. E a cara da "amiga" encher o monitor. Acabamos por fechar a boca do espanto, muito tempo depois. Quando já não precisam de sair à porta para darem as mãos.
Ficamos tristes quando pensamos que agora já não gostam de nós da mesma forma. Agora só pensam na amiga. Já nem podemos contar com eles para ir ao cinema. Agora até já não precisam de nós para comprar jeans.
Ficamos asustadíssimas, em pânico, preocupadíssimas, não dormimos de noite, surpreendidíssimas, tristes, quando os vemos perder um amor e não dscobrimos as palavras. Queriamos poder recorrer ao Brufen. Mas nas indicações não diz que faz bem à alma.
Já não queremos saber que não vão connosco ao cinema. Nem comprar jeans. Só os queremos ver de novo sorrir.
Só que não sabemos as palavras. E se pensamos que a segunda vez que ouvirmos o som da agulha, já seremos capazes de nos manter de pé, temos a certeza que todas as vezes que perderem um amor, não encontraremos as palavras. E dói. E mais ainda porque até podemos ter esperança que já não voltem a fazer um buraquito no queixo, mas sabemos que ainda vão fazer muitos no coração. E nós sem toalhas que cheguem. Se ao menos pudessemos recorrer ao Brufen...ou pegá-los ao colo.
Ficamos em pânico quando caem. E choram. E aquele sangue ali. Não desmaiamos com o sangue. Ainda não. Consolamo-los pelo caminho. Enchemos as toalhas. Não sabemos desde quando aprendemos a suportar o sangue. Entramos nas urgências. Finalmente entregues ao cuidado do médico e da enfermeira, desmaiamos com o som da linha que cose o queixito. Acordamos com o primeiro sorriso.
Ficamos preocupadísimas quando entram na escola. E se acontece alguma coisa. Se não aprendem. Se não arranjam amigos. Se não comem no refeitório. Descansamos quando eles chegam a casa e nos sorriem, enquanto nos contam que aprenderam a tabuada do 2.
Não dormimos a primeira noite que saem para jantar com amigos. Nem as noites todas que saem para passar o fim-de-semana com a escola. Claro que já têm 15 anos...16...mas só adormecemos, quando os vimos escondidos no edredon.
Ficamos surpreendidísimas quando os vemos chegar a casa com uma "amiga". E sairem de mão dada. E passarem horas ao telemóvel. E não largarem a NET. E a cara da "amiga" encher o monitor. Acabamos por fechar a boca do espanto, muito tempo depois. Quando já não precisam de sair à porta para darem as mãos.
Ficamos tristes quando pensamos que agora já não gostam de nós da mesma forma. Agora só pensam na amiga. Já nem podemos contar com eles para ir ao cinema. Agora até já não precisam de nós para comprar jeans.
Ficamos asustadíssimas, em pânico, preocupadíssimas, não dormimos de noite, surpreendidíssimas, tristes, quando os vemos perder um amor e não dscobrimos as palavras. Queriamos poder recorrer ao Brufen. Mas nas indicações não diz que faz bem à alma.
Já não queremos saber que não vão connosco ao cinema. Nem comprar jeans. Só os queremos ver de novo sorrir.
Só que não sabemos as palavras. E se pensamos que a segunda vez que ouvirmos o som da agulha, já seremos capazes de nos manter de pé, temos a certeza que todas as vezes que perderem um amor, não encontraremos as palavras. E dói. E mais ainda porque até podemos ter esperança que já não voltem a fazer um buraquito no queixo, mas sabemos que ainda vão fazer muitos no coração. E nós sem toalhas que cheguem. Se ao menos pudessemos recorrer ao Brufen...ou pegá-los ao colo.
Etiquetas: Isabel Faria
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Isabel. Ser assim, como descreves no post, é ser mãe. É por tudo isso que tão bem descreveste que nos faz sempre falta a mãe. E, quando já somos velhinhos ainda nos lembramos disso, desse carinho, dessa presença que é a garantia de a ferida vai deixar de doer, que o céu não vai cair, de que amanhã acordamos e o dia está mais bonito. Mas as mães (e os pais também) são os únicos seres que estão proibidos de ter certas confianças com os seus rebentos. Para eles poderem crescer saudavelmente. Eu sei que pode custar mas é assim mesmo. Um menino também se transforma em homem quando deixa de recorrer à sua mãe para resolver os seus problemas. E nunca a esquece. Asseguro-te.
Como a Natureza a mãe tudo dá até ao ponto em que o homem (ou mulher) se assume como ser individual pleno. Esse segundo nascimento, como o primeiro, também pode ter as suas dores... Mas é fundamental que se execute.
Minha querida amiga, esse teu amor maternal é genuíno. É assim mesmo que acontece e a dor é mútua, nossa e deles, os filhos. Sabes que eu agora, já vou sentindo a mesma coisa, mas com os netos?
Só que a minha experiência como pai, foi tripla o que tornou as coisas mais simplificadas, apesar da filha, ter sido a mais nova, e agora, com os netos, já vai nos dois, de forma que a coisa, vai-se esbatendo.
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