Última semana de campanha
Entramos hoje na última semana da campanha. Pela amostra do que tem sido até agora e com o aproximar do dia do Referendo, não é díficil imaginar que, como dizia ontem Francisco Louçã, vai ser a semana mais dura.
Os defensores do Não, e cada vez menos sou capaz de ver diferenças significativas de actuação, apesar de ainda irem tentando manter as de tom, sabem que têm seis dias para usar todos os métodos e para impedirem que Portugal se torne um País mais tolerante e mais justo. E vão, como têm feito até agora, usar todos os métodos.
Vão-nos continuar a invadir as caixas de correio com propaganda, em que chamam assassinas às mulheres que abortaram, vão continuar a usar os nossos filhos como correio para nos levarem as suas palavras de ódio doce, como dizia uma mãe de Setúbal, vão continuar a usar Marcelo Rebelo de Sousa, nas suas habituais missas de Domingo à noite, na Televisão Pública, para, fora dos tempos de antena, nos transmitirem as suas posições, não se vão importar muito que João César das Neves, admita que o que quer é alterar a Lei em vigor, nem que Zita Seabra afirme, nessa frase de suprema solidariedade, sensibilidade e sensatez que a Lei de 84 é muito permissiva, porque qualquer mulher violdada pode recorrer à pilula do dia seguinte, sem precisar de recorrer ao aborto, vão continuar a usar os lugares de culto para fazer chantagem e ameaçar e a encher as caixas de Email do Provedor da RTP na sua cruzada contra Ricardo Araújo Pereira ...
Na semana que nos resta de campanha, não vamos só ter que lutar contra a abstenção, contra a hipocrisia, contra concepções religiosas que não partilhamos, contra chantagens. Nesta semana, vamos ter que lutar, sobretudo, por recolocar a questão em Referendo no próximo dia 11:
A pergunta é se se quer continuar a julgar, a condenar e a prender as mulheres que julguem não ter condições para ter um filho, numa determinada ocasião das suas vidas.
O Não, será sempre a continuação das perseguições. Da devassa da vida privada. Da clandestinidade. Das máfias organizadas. Da desigualdade social no acesso à segurança. Das mulheres com problemas de saúde a seguir a abortos sem condições.
O Sim, o fim das perseguições. O respeito pela mulher. E pelo casal. A confiança na sua responsabilidade. E na sua humanidade. O fim das parteiras de vão de escada ou das clinicas, clandestinas, onde só entram umas tantas previligiadas. Ou da viagem a Badajoz. O aconselhamento pré-aborto e o acompanhamento pós-aborto.
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Tudo o resto se desmonta num gag do Gato Fedorento.
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Etiquetas: Isabel Faria
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Também acredito que vem aí uma semana difícil. Até porque, ou eu tenho muito azar naquilo que leio, ou a própria comunicação social de um modo mais ou menos farisaico, dá mais visibilidade a umas acções do que a outras e, por «coincidência» são as acções dos movimentos do Não que aparecem com mais frequência. Será por darem mais show?
E estes dias são complicados porque, se os números estiverem certos, há ainda muita gente indecisa. (a mim custa-me a ver onde é que está a dúvida, mas o certo é que a têm...) Há pessoas que vão atrás dessa teoria de que mesmo não concordando com esta lei como ela não está a ser cumprida (????!!!!) não vale a pena alterá-la. É o raciocínio mais retorcido que conheço, mas o certo é que 'pega'!
É a essas pessoas que importa explicar o que está em jogo e o que significa esta votação. E deixar mesmo muito, muito clarinho, que «a favor do aborto só estão mesmo as parteiras clandestinas» .
E mais nada!
Isabel desta vez o Sim vai ganhar. Falta uma semana para acabar com este pesadelo.
Acabei de ler no Pópulo, um escrito da Emiéle, sobre o assunto. Trazia à colacção um artigo de Rui Tavares, que sintetiza, na perfeição, tudo o que se possa dizer sobre o assunto.
Como o Fernando, por voçês, MULHERES, tenho uma esperança imensa, que ganhe o SIM!
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