Somos calões é o que é

Hoje no telejornal da hora do almoço e no meio de um zapping parei para ver uma notícia que dizia que se trabalhava pouco em Portugal. Menos que na Zona Euro. Mais concretamente os portugueses trabalham menos 6 minutos por semana que os seus congéneres Europeus. Sim 6 minutos, pois é isso que representa 0,1 de uma hora. Ou, dito de outra forma, em média trabalha-se mais 80 segundos na Europa por dia que em Portugal. Poderiamos aqui divagar sobre os repercursões no ordenado de 6 minutos trabalhados a menos. No meu caso, por exemplo, e porque tenho colegas do mesmo patrão, só que empregados na Alemanha, a ganhar mais 93% de ordenado que eu. Poderiamos dizer, vendo as coisas assim que 6 minutos equivalem a cerca de 1000 euros de diferença de ordenado. Tenho pena que ninguém me tenha feito essa proposta. Até trabalharia mais 12 minutos por semana. Mas eu até nem me posso queixar pois só trabalho 40 horas por semana. Sou dos que contribuem para a média baixa de Portugal. Mas porque será que o mesmo colega que ganha mais 93% que eu na Alemanha só trabalha 32 Horas? Ele e todos os que trabalham na metalurgia. Pouco mais de 2 milhões de pessoas. Ou seja, trabalha menos e ganha mais. Mas a realidade é que as minhas 40 Horas não são 40 Horas pois a lei portuguesa não inclui no horário de trabalho o intervalo para almoço mesmo que ele tenha 30 min. como é o meu caso. Ao invés na Europa Central, se o intervalo para almoço não exceder os 30 minutos é considerado incluso no horário de trabalho. Ou seja as 32 Horas do meu colega são reais enquanto as minhas 40 são, na realidade, 42,5 Horas.

Mas a notícia vai mais longe. O horário de trabalho em Portugal foi o que mais caíu na última década. É verdade. Até há 30 anos até se trabalhava de sol a sol. Se fizerem a comparação por aí então era abismal.

Lógicamente que estes argumentos não são sérios se perguntarmos ao patronato. O que importa é a produtividade. Uma produtividade que se quer com falta de condições de trabalho que levam por exemplo a que sejamos o país com amior taxa de sinistralidade e trabalho da zona Euro e com a maior taxa de mortalidade por acidentes na construção civil.

Realmente os trabalhadores em Portugal são uns ingratos. Trabalham menos 80 segundos por dia que os colegas europeus, ganham quase menos de metade dos salários desses mesmos colegas, pagam em bens de 1ª necessidade tanto como os restantes europeus, têm menos condições de trabalho que a maioria dos colegas europeus e ainda têm a lata de serem pouco produtivos.

Francamente. Assim não há patrão que resista.

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PS: Na RTP a notícia era que os gestores portugueses ganham metade do que ganham os americanos. Não fogem à regra do país. A diferença é que os gestores queixam-se com uma média de ordenados de 98.000 Euros e o carapau miúdo sobrevive com o ordenado mínimo.