Mais uma vergonha para a diplomacia mundial
À 3ª foi de vez e o mundo ficou mais pobre.
Desculpem mas não me apetece fazer mais comentários sobre como a comunidade política internacional lidou e está a lidar com este assunto.
Etiquetas: Daniel Arruda
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Benazir Bhutto foi assassinada num ataque-bomba suicida. A líder do Partido do Povo do Paquistão (PPP) tinha acabado de participar num comício do PPP na cidade de Rawalpindi quando ocorreu o atentado.
As primeiras informações afirmaram que mais de 100 morreram, mas notícias mais recentes reduziram a estimativa de mortos para cerca de 15. Essa carnificina assassina sobre o PPP ocorre em plena campanha eleitoral onde, após anos de ditadura militar, as massas estão ansiosas por mudanças.
Havia uma onda de apoio ao PPP, o qual certamente ganharia as eleições previstas para o dia 8 de janeiro, tanto para as Assembléias Provinciais como para a Assembléia Nacional. A campanha estava ganhando força e a ala marxista do PPP estava ganhando apoio entusiástico para sua mensagem revolucionária e socialista em lugares tão distintos como Karachi e as áreas tribais do Waziristan no extremo norte do país.
As eleições teriam refletido uma grande mudança à esquerda no Paquistão.
Era isso que vinha deixando alarmada a classe dominante. É isso que está por trás da atrocidade cometida. Este foi um crime contra os trabalhadores e camponeses do Paquistão, uma sangrenta provocação com a intenção de cancelar as eleições que o PPP certamente ganharia e de arrumar uma desculpa para mais restrições à liberdade, incluindo uma nova lei marcial e o reforço da ditadura. Trata-se de um acto contra-revolucionário que deve ser condenado sem reservas.
Quem foi o responsável? A identidade dos assassinos ainda não é conhecida. Mas independentemente dos detalhes técnicos do assassinato e de quem seja o agente direto deste acto criminoso, os promotores desta conspiração certamente são “peixe graúdo”.
Os chamados jihadis e fundamentalistas são apenas marionetas e assassinos de aluguer das forças reacionárias entrincheiradas nas elites paquistanesas e no aparelho de Estado, mais notadamente no Serviço de Inteligência Paquistanês (ISI), barões da droga ligados aos Talibans, além do regime saudita sempre ansioso em apoiar e financiar qualquer atividade contra-revolucionária no mundo.
A guerra no Afeganistão está tendo efeitos ruinosos no Paquistão e a classe dominante do Paquistão tinha ambições de dominar o país depois da expulsão dos russos... O exército paquistanês e o ISI têm interferido há décadas no Afeganistão. Eles ainda estão envolvidos com os Talibans e os barões da droga (que são a mesma coisa). Enormes fortunas são feitas por via do tráfico que está envenenando o Paquistão e desestabilizando a sua economia, sociedade e política.
O assassinato de Benazir Bhutto é mais uma expressão dessa podridão, degeneração e corrupção que está corroendo os órgãos vitais do Paquistão. A miséria das massas, a pobreza, as injustiças, exigem uma solução. Os latifundiários e capitalistas não têm qualquer solução. Os trabalhadores e camponeses buscam uma saída através do PPP. Algumas pessoas de esquerda poderão dizer:
“Mas o programa de Benazir não poderia representar uma saída.”
A ala marxista do PPP está a lutar pelo programa do socialismo, pelo programa original do PPP. Mas as massas só podem compreender quais programas e políticas são as correctas através de sua própria experiência. As eleições de Janeiro dariam às massas uma oportunidade de avançar pelo menos um passo na direção certa, impondo uma derrota decisiva nas forças da reacção e da ditadura. Então elas poderiam aprender sobre programas e políticas não no plano da teoria, mas na prática.
Agora parece que o mais provável é que as massas terão essa oportunidade negada. O intuito desta provocação criminosa é bem claro: cancelar as eleições ou no mínimo serão adiadas por algum tempo...
Que efeito isso terá nas massas? Neste momento predomina o efeito de choque.
Mas esse choque já se está a transformar em raiva. “Há revolta nas ruas de Karachi e outras cidades. As pessoas estão bloqueando ruas e queimando pneus”.
Há aqui um aviso para as elites de que a paciência das massas está no fim. O movimento das massas não pode ser parado pelo assassinato de um líder – nem mesmo de mil líderes!
O PPP desenvolveu-se no calor do movimento revolucionário de 1968-69, quando os trabalhadores e camponeses estiveram quase a tomar o poder. O ditador Zia assassinou o pai de Benazir. Isso não evitou a ressurreição do PPP nos anos 80. Então eles exilaram Benazir e instauraram uma nova ditadura. Isso também não impediu o PPP de, mais uma vez, voltar à tona nos últimos meses, como foi mostrado nas manifestações de 3 milhões de pessoas que celebraram o regresso de Benazir.
As massas vão-se recobrar deste choque momentâneo e desta dor. A classe dominante pode adiar as eleições, mas mais cedo ou mais tarde elas terão de ser convocadas. Os reaccionários calculam que o afastamento de Benazir vai enfraquecer o PPP. Esse é um sério erro de cálculo! O PPP não pode ser reduzido a um indivíduo apenas! Se isso fosse verdade, o PPP teria desaparecido com a morte do pai de Benazir, Zulfiqar Ali Bhutto.
O PPP não é apenas uma pessoa, mas sim a expressão organizada do desejo de mudança das massas. São os três milhões que vieram saudar o retorno de Benazir. São as dezenas de milhões que estavam se preparando para votar pela mudança nas eleições de janeiro. Esses milhões agora estão-se lamentando. Mas eles não se vão lamentar para sempre. Vão encontrar meios efectivos de luta para se fazerem ouvir. As massas devem protestar conta a morte da líder do PPP através dum movimento nacional de protesto: acções de massa, greves, manifestações, tudo culminando numa greve geral.
As massas devem levantar a bandeira da democracia. Contra a ditadura! Não mais leis marciais! Novas eleições imediatamente! A liderança do PPP não deve capitular a nenhuma pressão de adiamento das eleições. Deixem a voz do povo ser ouvida! Acima de tudo, o PPP deve retomar seu programa e seus princípios originais. No programa de fundação do PPP está inscrito o objetivo de transformação socialista da sociedade: incluindo a nacionalização da terra, da indústria e dos bancos sob controle dos trabalhadores, e a substituição do exército actual por milícias de camponeses e trabalhadores.
Essas idéias são tão correctas e relevantes agora quanto já o eram no período em que foram escritas! Não há nada mais fácil do que tirar a vida de um homem ou uma mulher. Nós humanos somos criaturas frágeis e podemos facilmente ser mortos. Mas não podem matar uma idéia cujo tempo chegou! A ideia do socialismo.
Oh, Rui Faustino, está tudo muito bem, dares a tua opinião - OK, mas não seria mais prático fazeres um link para o teu blog onde está traduzido este artigo de Allan Woods?
Digo isto com sinceridade porque assim podíamos ver as outras coisas que estão lá escritas e deste modo ficam ignoradas.
Eu subscrevo o que disse a Emiele.
Ocupei assim tanto do vosso espaço e paciência?
Haja pachorra!!!
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