Dormindo com o inimigo

Há milhares de pessoas que morrem vitimas de guerras. Milhares vitimas de repressão. Mas a violência doméstica tem algo que a torna ainda mais desconcertante: as 45 mulheres que foram assassinadas em 2008, como as que são assassinadas todos os anos, são vitimas da violência dos homens que amaram, que amam (hesito, tempo infinito, em escrever o verbo no presente. Quem está de fora nunca entenderá como é possível que haja quem teime em o fazer). Com quem fizeram as suas vidas. Muitas vezes, pais dos seus filhos. Estas mortes, normalmente, culminam anos de violência física e psicológica diária, de ofensas, de agressões, de marcas que ficarão para sempre. Mesmo que a morte, ou melhor, a morte física, não seja o culminar da história.
Nunca serei capaz de contabilizar a violência pelo número de mortes. Para mim, cada vida, uma vida, vale uma vida. A vida. E a ideia de se morrer, de se sofrer às mãos de quem se amou e em quem se confiou, se ama ou se confia, seja mulher ou seja criança, ou seja homem (talvez seja tempo de não escondermos a cabeça debaixo da areia - a violência coonjugal, física e psicológica, também existe no feminino, apesar de seguramente mais rara e, sobretudo, fruto de uma cultura machista e hipócrita, mais escondida) quem se amou, com que se construiu uma vida, se fez filhos e se pensou criá-los, traz-me um desconforto enorme.
A distância que se percorre entre o desamor e a violência conjugal é-nos, para quem está de fora, incompreensível. Apesar das paragonas, refugiamo-nos sempre no só acontece aos outros...até que um dia bate à porta de uma amiga, de uma vizinha, de um familiar. Nem isso nos ajudará, nunca, a entender.
Etiquetas: Isabel Faria
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essas cenas de violencias e o caneco sao uma ganda chatice pa deviamos unir-nos e viver na paz e fumar ganzas pa
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