Altivez

Será soberanceria? Será estupidez natural? Será convicção? Não sei o que é mas o que é certo é que José Sócrates julga-se rei e senhor da política em Portugal. A soberanceria com que ele fala para as diversas bancadas é de uma falta de educação que roça por vezes o grosseiro. Já nem falo da forma como ele trata o PSD. Afinal o teatro é uma arte digna. E quando se trata de farinha do mesmo saco, quem poderá achar mal. Falo da forma como ele trata as bancadas á esquerda e particularmente os Verdes. É certo que os Verdes são uma extensão do PCP, uma coisa híbrida sem vida nem programa próprio e que existem apenas para dar aquele ar, mas também é certo que seja de que forma for eles são grupo parlamentar, da mesma forma que seriam os do PPM se eles tivessem concorrido formalmente em coligação com o PSD em vez daquela coisa dos independentes e como grupo parlamentar merecem respeito. Até hoje Sócrates tinha roçado a falta de respeito pela atitude. Não ouvindo, abandonando a sala, conversando e rindo no meio, ... Hoje chegou a vez da palavra ao apelidar de palhaçada uma declaração. Mas não é só aos Verdes. Também o BE é visado. O ar de paizinho mal humorado como ele se dirige aos deputados do Bloco tratando-os como se de crianças se tratassem, dando reprimendas e fazendo falsas acusações, fica-lhe no mínimo mal e deveria ser repreendido pela atitude pelo Presidente da Assembleia. O último que eu tinha visto na bancada do governo com esta atitude tinha sido Bagão Félix. Será coincidência de atitudes ou modo de vida.

Já vi intervenções inflamadas no Parlamento. Já as vi exaltadas. Já as vi conformadas, mas salvo raras excepções vejo-as com nível e com o respeito que se exige entre pares. A anterior legislatura e pelo vistos, esta, vão ser a antítese do que se deveria fazer. As atitudes ficam para quem as pratica e eu vou passar a lembrar ao José Sócrates a frase que ele hoje usou pelo menos por 5 vezes.

"fazer oposição não é fazer barulho, é argumentar"

Eu concordo, pois governar também não é fazer barulho. É saber ouvir e saber aprender. Duas coisas que não chegam ao alto do pedestal a que José Sócrates julgou que já chegou.