Shoppings

Diz o DN que "Vão nascer em Portugal mais 33 'shoppings' até 2008 ". Não há terra que não vá ter o seu shopping. Não há terra que não vá ter 80% das pessoas que lá trabalham sem contrato, não há terra que não vá ter pessoas a trabalharem 12 ou mais horas por 70 ou 80 contos por més. Não haverá terra que não terá pessoas a trabalhar até à meia noite sem subsídio nocturno. Não haverá terra que não veja o comércio tradicional a ir-se ao fundo. Não haverá terra que tenha movimento ao fim de semana pois tudo se muda para o shopping. Não haverá terra que não tenha o seu indicador de modernidade.

Que sejam muito felizes os shoppings e todos os que acham que a modernidade é ter o mais moderno da Europa, e o maior da Europa, e o mais bem equipado da Europa. Que sejam muito felizes todos os que se divertem a olhar para as montras e a desejarem ter dinheiro para comprar o que está exposto, ficando por ali a sonhar de como a vida seria bonita se, se, e se... Que sejam muito felizes aqueles que acham que um passeio no Shopping substitui uma caminhada em família, que os parques de diversão encafuados em 4 paredes com ar condicionado são um substituto ao oxigénio das árvores, que o fast food de todos os restaurantes dos shoppings são alimento para todos os dias.

Eu sou feliz sem os shoppings. Tento ao máximo evitar fazer lá compras. Evito até os continentes e os modelos e os jumbos. Aprendi a fazer compras mais baratas fora destes sítios numa série de sítios mais simpáticos onde sou recebido com um sorriso a acompanhar o "Daniel, como estás?" e onde fico 5 ou 10 minutos na conversa sobre a vida, a nossa vida. Aprendi a que nos bairros no pequeno comércio existem vidas que merecem ser aprendidas, pois essas são vidas reais. Conhecer os seus problemas e as suas aventuras. Dito de outra forma, aprender que a vida em sociedade é importante e que nada substitui o contacto pessoal. Redescobrir um conceito cada vez mais arredado da nossa cabeça que é o da vida em comunidade.

Venham de lá esses shoppings. Afinal temos de bater esse recorde de país com menor poder de compra onde existem mais grandes superfícies comerciais. Afinal somos muito modernos.