Taras e afins
Estes dias mais ou menos forçados em casa, tem-me dado tempo para pensar. Até em mim. E pensar em mim, implica pensar numa porrada de taras, que não faço ideia como se explicam, mas que tenho alguma curiosidade em compreender.
Por exemplo, não consigo entender porque é que não consigo deitar nada fora. Ou melhor, para ser mais correcta, só consigo deitar as coisas fora, por onda. Assim tipo, hoje é dia de deitar coisas fora. Acontece de cinco em cinco anos, mais ou menos, e tem uns certos rituais que não vêm ao caso...mas que fazem com que das coisas que supostamente eram para ir fora, cerca de um terço, depois de bem mirado, acabe por ficar para a próxima vez, isto é, cinco anos mais tarde. Mas nada, é nada. Não conseguem imaginar a quantidade de envelopes da EDP, da PT, da EPAL e etc, que havia nas minhas gavetas...e sem nada dentro, como é lógico. Hoje deitei uns tanto fora, mas os mais bem encaradinhos ainda ficaram, não vá o Diabo tecê-las...
Depois tenho o problema da cama. A sério, este é um problema sério, para o qual o meu filho ainda hoje me alertou mais uma vez.
Normalmente durmo sozinha (ok, o normalmente dá um certo ar reversível à coisa que contraria claramente a realidade mas finjam que não dão por isso, faxavor). Dizia eu que, para dormir, costuma ser sozinha. Aqui em casa, então, a coisa aproxima-se tanto dos 100% que o advérbio é mesmo uma figura de estilo. E tenho uma cama grandota.
Então porque carga de água é que hei-de dormir numa ponta miserável da cama com o braço em cima da mesa de cabeceira? O que resta da minha cama, quando estou a dormir, é uma extensão enorme, desocupada ...mas sabe-me bem assim. Gosto de esticar um braço ou uma perna e senti-la arrumadinha. O edredon e o lençol imaculados..Fria no Inverno e sentir um arrepio ou fresca no Verão e sentir o gémeo do arrepio e depois voltar a recolher o braço e a perna e voltar ao meu cantinho...
Hoje, de manhã, o meu filho, quando me acordou, voltou a dizer "Oh, mãe que desperdício...uma cama enorme e precisas de estar a dormir com o braço do lado de fora...". Pois. Não sei explicar...não tenho a certeza se a cama vazia é, no fundo, à espera de quem a ocupe (mas se for isso, asseguro-vos que é uma coisa tão, mas tão no fundo, que nem eu nunca vou lá chegar...), se o facto de estar no canto do lado da porta e, ainda por cima, de braço de fora é um aviso para quem algum dia pudesse ter a triste ideia de que a poderia ocupar...para dormir...mas lá que gostava de, pelo menos, começar a passar sem esta intimidade diária com a mesa de cabeceira, gostava...mas também não sei se ela passava sem o meu braço...e não me parece justo, assim, de um dia para o outro, tirar o prazer de ter o meu braço em cima, à pobrezinha da mesa. Presumo que ela goste, porque também nem tenho um braço muito desconcavado. O melhor é, pois, ficar assim. Pelo menos, enquanto guardar os envelopes da PT até atingirem aquele ar amarelado que tanto me enternece.
Etiquetas: Isabel Faria
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Pera lá, Émiéle, baralhaste-me...se eu guardasse os envelopes na mesa de cabeceira não cabia lá o braço...não...na volta. os envelopes estão nas gavetas tipo, em passagem...o meu objectivo na vida é ,mesmo, encher a parte da cama com o edredon arrumadinho com enveopes da PT...tipo PT A.O. e D.O...e não me parece que tenhas razão. Claro que podemos guardar tudo!!! E se algum dia, por um qualquer estranho acaso acabar a concordar contigo, mando fora o braço que ninguém precisa de ter duas coisas iguais...agora a dúvida que fica é se guardo o braço no envelope ou se o meto directamente na gaveta...se guardar no envelope tem a desvantagem dos cinco anos...mas quem sabe o envelope é de qualidade e não amarela assim do braço para a mão...
E digo-te esta conclusão sossega-me a miga. Acabei por entender muitas coisas com o teu comentário...por exemplo que mais vale um envelope da PT A.O e D.O na cama (se forem muitos, então, nem se fala...) do que outra coisa qualquer que a profundidade da gaveta me fizesse passar pela cabeça...safa...Obrigado, Émiéle.
Estava preocupado, pelo braço.
Felismente que a Emiéle já conseguiu desvendar e remediar a questão. A cama, essa é mesmo um adreço.
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