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domingo, outubro 01, 2006

Quando os laços não resistem...à vida

A história de Maria é apenas a pontinha do iceberg.

As agressões que, apesar do medo e da vergonha, chegam ao conhecimento público, são as que implicam violência física. As outras, as que contam abandonos, as que contam ausências, as que falam de esquecimento apenas se vislumbram nos Lares ou por detrás dos vidros das janelas. Dos bairros antigos de Lisboa, por exemplo.
Este caso que o DN conta é um caso que mete toxicodependência. Aqui os laços não resistiram ao vício, à dependência física e psicológica dos estupefacientes, à entrega às trevas. Mas muitos outros casos há, em que os laços não resistem à falta de tempo, à falta de dinheiro para dar de comer. À falta de espaço na casa. E na vida.
Depois a vergonha, o medo, a dificuldade em aceitar que o agressor é a pessoa que mais amamos (deviamos amar?) na vida, o filho que aqui pusemos, a quem demos de mamar, que nos encheu os dias de risos e de brincadeiras, que nos obrigou a levantar em cada dia que não nos julgávamos capazes sequer de abrir um olhos, faz o resto.
Segundo a notícia, Maria vive agora sozinha, aos 73 anos, numa nova casa da Câmara. Depois de sobreviver às agressões, deve tentar, agora, sobreviver à solidão.


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