Onde é que fiquei?
Não vejo uma nuvem negra no horizonte. Saío sem chapéu de chuva. Quem sabe não passará.
Não vejo a vizinha do lado, idosa e sozinha, a querer, apenas, conversar. Entro, cansada de um dia de trabalho. Não faço muito barulho a abrir a porta. Quem sabe não ouvirá.
Não vejo o meu pai a não saber onde se compra o frango assado, de todos os Sábados, ao almoço. E penso, quem sabe dormiu mal. O médico diz que está tudo bem. Já aconteceu antes e não se tem agravado. Quem sabe, amanhã não se recordará.
Não vejo a minha mãe tentar partilhar comigo as pequenas histórias das vizinhas da rua. Sabes o que é que ela disse, filha. Não lhe posso dizer que já nem conheço as vizinhas da rua. Às vezes, digo que tenho a sopa ao lume. Às vezes, tenho. Quem sabe se um dia qualquer ainda vou a tempo de conhecer as vizinhas da rua. Numa daquelas alturas em que não tenha a sopa ao lume.
Não vejo o meu filho não estar aqui. E tantas vezes não estar aqui, estando. E recordo os meus 16 anos. E as vezes em que queria ter asas. Ou, ao menos, dinheiro para o comboio. E partir. Quem sabe, apesar de estar aqui, algumas vezes não estando, ele vai querer dinheiro para o comboio.
Não vejo que há palavras que já não digo. E penso, quem sabe amanhã tenha tempo de tas dizer. Momentos que já não aproveito. Quem sabe amanhã, voltaremos a aproveitar os segunditos todos.
Não vejo uma dor qualquer maluca. Um mal estar que não entendo. Um cansaço. Um aperto no peito. Uma vontade enorme de correr. Nem vejo que o aperto e a dor maluca, às vezes, não me deixam correr.
Não vejo momentos em que as coisas perecem não fazer sentido. As pessoas deixaram de encaixar nesse qualquer sentido. Nem vejo os braços que teimosamente lutam para me pregar a rasteira de se quererem cruzar.
Não vejo o tempo. Amanhã quem sabe, o vá ver.
Há pouco alguém dizia que só víamos o que queríamos. Hoje queria ver-me naquelas alturas em que o Mundo era meu. Alguém sabe o meu paradeiro ?
Não vejo a vizinha do lado, idosa e sozinha, a querer, apenas, conversar. Entro, cansada de um dia de trabalho. Não faço muito barulho a abrir a porta. Quem sabe não ouvirá.
Não vejo o meu pai a não saber onde se compra o frango assado, de todos os Sábados, ao almoço. E penso, quem sabe dormiu mal. O médico diz que está tudo bem. Já aconteceu antes e não se tem agravado. Quem sabe, amanhã não se recordará.
Não vejo a minha mãe tentar partilhar comigo as pequenas histórias das vizinhas da rua. Sabes o que é que ela disse, filha. Não lhe posso dizer que já nem conheço as vizinhas da rua. Às vezes, digo que tenho a sopa ao lume. Às vezes, tenho. Quem sabe se um dia qualquer ainda vou a tempo de conhecer as vizinhas da rua. Numa daquelas alturas em que não tenha a sopa ao lume.
Não vejo o meu filho não estar aqui. E tantas vezes não estar aqui, estando. E recordo os meus 16 anos. E as vezes em que queria ter asas. Ou, ao menos, dinheiro para o comboio. E partir. Quem sabe, apesar de estar aqui, algumas vezes não estando, ele vai querer dinheiro para o comboio.
Não vejo que há palavras que já não digo. E penso, quem sabe amanhã tenha tempo de tas dizer. Momentos que já não aproveito. Quem sabe amanhã, voltaremos a aproveitar os segunditos todos.
Não vejo uma dor qualquer maluca. Um mal estar que não entendo. Um cansaço. Um aperto no peito. Uma vontade enorme de correr. Nem vejo que o aperto e a dor maluca, às vezes, não me deixam correr.
Não vejo momentos em que as coisas perecem não fazer sentido. As pessoas deixaram de encaixar nesse qualquer sentido. Nem vejo os braços que teimosamente lutam para me pregar a rasteira de se quererem cruzar.
Não vejo o tempo. Amanhã quem sabe, o vá ver.
Há pouco alguém dizia que só víamos o que queríamos. Hoje queria ver-me naquelas alturas em que o Mundo era meu. Alguém sabe o meu paradeiro ?
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Etiquetas: Isabel Faria
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