Lisboa

A situação na CML é dramática. E não é dramática só porque há negócios mais ou menos escuros. Favorecimentos. Investigações judiciais que lhe retiram credibilidade.
Dramática, essencialmente, porque Lisboa é uma cidade sempre adiada. Cada vez mais deserta. Cada vez mais caótica. Cada vez mais irrespirável.
Dramática porque estamos em vias de perder mais quatro anos. Depois dos que já tínhamos perdido com Santana.
Dramática porque, não tenho dúvidas, na próxima campanha eleitoral, seja ela quando for, ouvirei mais vozes a dizerem que não vale a pena votar, que são todos iguais, que querem é tacho. Mais olhares que se desviam. E mais pessoas que mudam de passeio para não serem “incomodadas”.
Dramática porque possivelmente não vai haver eleições antecipadas. Porque o PS não tem candidato. Porque o PS e o PC não têm sido oposição e sabem que isso se reflectirá nas urnas. Porque até se compreende que a contabilidade política lhes retire iniciativa. As eleições de Lisboa são sempre um teste. O PS tem medo do que poderá ser um teste para o PS neste momento. Estamos a demasiado pouco tempo das próximas legislativas, para o PS arriscar. E Carrilho fugiu...
Dramática porque, estas jogadas, estas contabilidades, estas suspeições, estes adiamentos, apenas servem para fazer alhear os munícipes dos destinos da sua cidade. Da sua cidade.

Esta Quinta Feira, Carmona acusava Sá Fernandes de ser o principal responsável pelo actual estado da CML. Depois de, segundo o Expresso, na Quarta Feira ter apelado aos seus “bons sentimentos” para que não levantasse muitas ondas.
Carmona continua sem entender, e com ele muitos dos protagonistas do que tem sido o Poder local e central, que a única forma de fazer avançar uma cidade, um País, é que quem nela e nele vivam a/o sintam como sua/seu. Carmona e com ele muitos protagonistas do que tem sido o Poder local e central esquecem-se que o nosso alheamento é proporcional aos seus golpes, às suas incompetências, aos seus silêncios cúmplices. Carmona e muitos dos outros protagonistas esquecem que um dia nos cansamos da impunidade. E que um dia não perdoamos a quem a cultiva. Sá Fernandes sabe que não a pode nem a deve cultivar. Em nome dos seus bons sentimentos. A coerência. O respeito por quem o elegeu. A dignidade. A seriedade.

Num momento em que a CML está paralisada pela incompetência e pela suspeição, apraz-me saber que os protagonistas desta incompetência e destas suspeições consideram o candidato que elegi Vereador, o principal causador desta situação. Significa que tem cumprido o mandato para que o elegi.
Só lamento que não tenhamos tido connosco pessoas suficientes para impedir que Lisboa esteja a perder mais quatro anos. E a ser eternamente uma cidade adiada.
Um Sá Fernandes não chega...talvez por isso não me assustam nada eleições antecipadas em Lisboa. Apesar de saber que vamos ter que calcorrear muitos bairros e muitas ruas. Para recordar aos lisboetas quem, neste dois anos, tem sido a diferença. Tenho a certeza que seremos dos poucos, talvez os únicos, que teremos o caminho facilitado em relação às últimas autárquicas. E tenho a certeza que os Partidos que têm sido Poder na capital, todos eles, também têm a mesma certeza que eu.