Notas sobre a origem da violência (I)
Apesar dos surpreendentes avanços que o homem conseguiu através das descobertas científicas, convenhamos que a compreensão humana ainda não conseguiu desenterrar o misterioso núcleo da violência do homem contra o homem.
Como acto de humildade, o conhecimento humano deveria aceitar a sua ignorância sobre o tema. Somente através de um acto sincero de renúncia ao conhecido e, de uma nova abertura, poderá ser possível começar a a destrinçar o enigma da violência do homem contra o homem.
Vejamos algumas das falácias onde se têm centrado as buscas:
As classes marginais produzem violência infantil. Falso. Nas classes acomodadas a violência e a transgressão não são estatisticamente menores. Não é certo que as carências materiais gerem a violência infantil. Evolutivamente, a criança não reconhece desde o início a diferença entre o material e o afectivo. Para a criança o afectivo envolve a totalidade da sua vida, pelo que deveríamos começar a suspeitar que um dos aspectos mais descuidados é o lado afectivo, é o contacto directo com o amor, que é donde lhe provém toda a força vital que necessita para crescer saudavelmente.
A investigação sobre a violência infantil nunca colocou seriamente em ênfase a seguinte questão: "De que maneira recebemos os novos seres humanos que chegam a este mundo? Como recebemos e tratamos os recém nascidos? Ninguém tem em conta que o recém nascido vai ser presidente, senador, ministro da saúde, juiz, etc...?"
Se bem que há muitos investigadores sérios que relevaram a necessidade de uma maior protecção para os recém nascidos, os administradores da saúde pública, o governo, nunca fizeram caso dessas questões infantis...
Creio que seria menos custoso e doloroso, moral e materialmente falando, criar Centros de Protecção da Vida do Recém Nascido, quero dizer, Centros de Protecção da Vida para a Criança, em vez de prisões onde se depositam os bébés-adultos (homens e mulheres) que não tiveram a possibilidade de se safarem da violência com que são tratados ao chegar a este mundo.
A violência é uma doença infecto-contagiosa, transmissível através da negação do afecto.
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Um post daqueles que não dá para falar num dia de cansaço como este...fico-me quietinha com o parágrafo a bold.
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