De volta a Natália
De vez em quando, quando o som da hipocrisia nos cansa e nos atordoa, porque a tanto já não julgávamos possível, e a voz da mentira e da desumanidade nos oprime a alma, porque de tanto já não queriamos sentir alguém capaz, sabe bem voltar a Natália.
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Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
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Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é étero num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
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Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. Ámen.
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Etiquetas: Isabel Faria
3Comenta Este Post
Faz-nos sentir bem orgulhosas lembrar que há poetizas com maiúscula entre nós. E «comprometidas» cada vez mais. O que nós andamos desdo o tempo da Florbela Espanca...
Há pouco perdemos a Fiama que tem poemas tão claramente 'comprometidos', a Luisa Neto Jorge, a Sophia onde encontramos poesias com enorme força, e inevitavelmente Natália.
Boa escolha, Isabel.
À hora tardia a que aqui cheguei, fez-me bem, a tua escolha.
Obrigado, pelo sono reconfortante que irás permitir.
Para ti e para todas as "Natálias", uma infinidade de beijos!
Eu nem sempre gostei da Natália Correia. Mas a sua poesia é outra coisa...
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