Manuel Galrinho Bento

É fácil falar de alguém quando esta morre. É fácil e da praxe. Com Manuel Bento gostaria que esta posta fosse entendida como um tributo. Um tributo de quem aprendeu a gostar do Benfica com o Bento à baliza. Não havia dois, não havia clube e jogador, havia um corpo onde o espírito dos dois encarnava. São demasiadas as recordações que tenho deste senhor para as poder enumerar aqui todas. Depois (e juntando este) do desaparcimento de Vitor Damas a baliza do futebol nacional ficou orfã. Bento era a imagem, o capitão, a raça.

Os relvados já sentiam a sua falta, hoje é o país que a sente e especialmente a nossa nação. A nação benfiquista. Mas lembraremos eternamente as suas defesas como aquela contra a URSS (um remate de Blochin) no último minuto dos descontos que nos garantiu o passaporte para o França 84, o voo contra o Liverpool quando Ian Rush já festejava, aquela noite épica em Roma onde foi o garante da invioabilidade das redes, daquela noite memorável em Estugarda onde Carlos Manuel foi o princepe mas onde o rei morou na baliza detendo remates de Rumenige, Hrubrech, Muller, Ficher e companhia. Lembramo-nos do homem que foi sempre fiel aos seus princípios em Saltillo ou quando da derrota em Kiev por 5-0 que lhe valeram fardos de palha á porta de casa.

Bento, foste, és e serás um dos nossos simbolos maiores.