Informação sem olhar

No intervalo entre duas chacinas, deixa o video. É um jovem sem olhar (o olhar SÓ de ódio é a ausência de olhar...o olhar, ou tem matizes ou está morto, logo, não existe) que exibe os seus desiquílibrios. Depois de deixar o video segue para a segunda parte da tragédia. E consome-se nela.

Na opção pela ausência de ética e pelo lucro, uma cadeia de televisão decide publicar os passos para a chacina, deixados no intervalo dela. Segundo parece em nome do jornalismo. Do direito à informação.

As televisões de todo o Mundo seguem-lhe os passos.

Em nossas casas entram, então, imagens chocantes de um jovem louco. Que se prepara para consumar a sua loucura. E, em nome da informação, as televisões de todo o Mundo, invadem-nos delas.

Jovens adolescentes para quem tantas vezes o Mundo parece cair em cima e para quem o outro, os outros, têm tantas vezes a pele de inimigo, olham as imagens que lhe entram em casa. Os familiares e os amigos das vítimas olham as imagens da preparação da morte dos seus e alimentam com elas o seu ódio, sem lhes atenuar, certamente, a sua dor, todos nós nos confrontamos, em nossas casas, não só com o não olhar daquele jovem, mas com os não olhares das sua vítimas e ...dos seus carrascos.

No dia a seguir um homem mata um refém e suicida-se. Que pena não se ter lembrado de deixar um video. A "informação" e o "jornalismo" agradeceriam.