Religião e política: que ligação?
Não resisto a publicar este texto, à laia de "provocação" para ver o que os comentadores dizem. O autor do texto não é muito importante pois é colunista do diário económico. Um doce a quem disser o nome. Cá vai:
"Uma religião compreende uma “cosmovisão”, escorada num conjunto de verdades aceites pela fé e dogmatizadas por uma teologia doutrinária desenvolvida a partir de um texto sagrado (que pode ser um complexo de livros vários), a que se associa um conjunto de símbolos e rituais. Essa “cosmovisão” religiosa assenta, normalmente, na promessa de um paraíso para além desta vida, a que se contrapõe o mundo onde vivemos, manchado pela imperfeição dos homens, que deve ser combatida. Com a fé a preceder a razão e distinguindo fiéis e infiéis, como os que estão dentro ou fora da verdade doutrinariamente estabelecida, a organização religiosa preocupa-se sobretudo em preservar a ortodoxia doutrinária, usando a autoridade ao seu alcance para reprimir heresias que procurem explorar as margens da verdade ortodoxa. Se retirarmos o problema de Deus, o modelo religioso é frequentemente encontrado na política e em muitos outros campos, nomeadamente em quadrantes ostensivamente adversos às ideias religiosas. No campo da política há vários exemplos, com maior ou menor identificação de ingredientes do modelo. O exemplo mais fácil de identificar é o do marxismo-leninismo, onde se encontram todos os ingredientes: os textos sagrados (a começar por “Das Kapital”), os profetas (Marx, Engels e Lenine, entre outros), a escatologia (com a promessa de uma sociedade perfeita, a comunista, que ninguém viu em vida, e a que se contrapõe o imperfeito mundo onde vivemos, incluindo as experiências do chamado “socialismo real”), os rituais (comícios e manifestações), a ortodoxia (partidos comunistas ‘mainstream’), as heresias (grupos da extrema-esquerda que se reclamam da pureza da matriz) e a enorme fé (apelidada de esperança) que liga tudo isto. E a que não escapa sequer o culto dos santos, como testemunham ainda hoje as permanentes romarias aos túmulos Lenine e Mao. Mas com “cosmovisões” mais restritas e mais terrenas, o modelo religioso – com fiéis e infiéis, com cerrada ortodoxia contra as heresias, tudo envolvido numa grande fé (que os fiéis tomam por razão que os outros não entendem e esgrimida em indiscutíveis argumentos de autoridade) – está presente em quase tudo à nossa volta. "
"Uma religião compreende uma “cosmovisão”, escorada num conjunto de verdades aceites pela fé e dogmatizadas por uma teologia doutrinária desenvolvida a partir de um texto sagrado (que pode ser um complexo de livros vários), a que se associa um conjunto de símbolos e rituais. Essa “cosmovisão” religiosa assenta, normalmente, na promessa de um paraíso para além desta vida, a que se contrapõe o mundo onde vivemos, manchado pela imperfeição dos homens, que deve ser combatida. Com a fé a preceder a razão e distinguindo fiéis e infiéis, como os que estão dentro ou fora da verdade doutrinariamente estabelecida, a organização religiosa preocupa-se sobretudo em preservar a ortodoxia doutrinária, usando a autoridade ao seu alcance para reprimir heresias que procurem explorar as margens da verdade ortodoxa. Se retirarmos o problema de Deus, o modelo religioso é frequentemente encontrado na política e em muitos outros campos, nomeadamente em quadrantes ostensivamente adversos às ideias religiosas. No campo da política há vários exemplos, com maior ou menor identificação de ingredientes do modelo. O exemplo mais fácil de identificar é o do marxismo-leninismo, onde se encontram todos os ingredientes: os textos sagrados (a começar por “Das Kapital”), os profetas (Marx, Engels e Lenine, entre outros), a escatologia (com a promessa de uma sociedade perfeita, a comunista, que ninguém viu em vida, e a que se contrapõe o imperfeito mundo onde vivemos, incluindo as experiências do chamado “socialismo real”), os rituais (comícios e manifestações), a ortodoxia (partidos comunistas ‘mainstream’), as heresias (grupos da extrema-esquerda que se reclamam da pureza da matriz) e a enorme fé (apelidada de esperança) que liga tudo isto. E a que não escapa sequer o culto dos santos, como testemunham ainda hoje as permanentes romarias aos túmulos Lenine e Mao. Mas com “cosmovisões” mais restritas e mais terrenas, o modelo religioso – com fiéis e infiéis, com cerrada ortodoxia contra as heresias, tudo envolvido numa grande fé (que os fiéis tomam por razão que os outros não entendem e esgrimida em indiscutíveis argumentos de autoridade) – está presente em quase tudo à nossa volta. "
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