Notas sobre a Convenção
Algumas coisas que gostei de ver na Convenção do Bloco:
1 - Um comportamento geral (salvo excepções que apenas confirmam a regra) bem mais tolerante e democrático do que aquele que caracterizou o período de pré-Convenção.
2 - José Sá Fernandes e o apoio entusiasta e unânime de todos os delegados.
3 - Que para grande parte de nós, as divergências são assumidas duma forma natural, sem medos de papões nem sectarismos.
4 - O discurso final de Francisco Louçã.
5 - Que no discurso final de Francisco Louçã, as prioridades voltaram a ser as prioridades de um Partido de Esquerda Socialista, tendo ultrapassado a "moda" ecológica que nos parecia querer invadir.
6 - Os nossos convidados internacionais, nomeadamente a Frente Polisário e os representantes do Povo Pelestiniano.
7 - A confirmação pelo andamento dos trabalhos que as divergências que sempre tive quanto ao Regimento da Convenção, eram justas. Aquele Regimento não teve nenhuma necessidade de existir.
8 - Que a Moção que apoiei tenha tido um resultado muito mais positivo do que o que alguma vez imaginei.
9 - O abraço geral, tenho a certeza que sentido e que verdadeiro, trocado no final dos trabalhos entre TODOS os membros da Mesa.
10 - Ouvir a Internacioal cantada a 700 vozes no final da Convenção.
Algumas coisas que não gostei de ver na Convenção do Bloco:
1 - A decoração. Fez-me falta o vermelho.
2 - Os tiques sectários de alguns camaradas, grande parte deles com responsabilidades de Direcção dentro do Partido, que durante as intervenções com que não concordavam se manifestavam de uma forma mal-educada, infantil e intolerante. Nestes momentos ainda bem que a Comunicação Social estava ausente...
3 - Algumas intervenções com muito mais de desconfianças e de ajustes de contas pessoais do que de intervenção política.
3 - A Refundação Comunista, partido colaboracionista do Imperialismo americano e do Governo neo-liberal de Prodi.
4 - Os assobios à Refundação Comunista, feita por camaradas da Moção que eu apoiei. Não consegui aplaudir os representantes da Refundação Comunista. Não posso concordar que em nossa casa se apupem os nossos convidados. A minha crítica ali só poderia ser para quem os convidou. E já tinha sido feita antes.
5 - O Regimento.
6 - A dificuldade de alguns camaradas em lidarem duma forma saudável com as diferenças de opinião, vendo papões em coisas que eles próprios aprovaram, o Direito de Tendência, consagrado nos Estatutos do Partido, por exemplo. Algo que a todos deveria honrar.
Conclusão: Dos pontos negativos, dos pontos positivos, do cansaço, da certeza que há um caminho ainda a começar, do desencanto, da esperança, da Internacional, cantada a plenos pulmões, de preconceitos ultrapassados, de muitos outros para ultrapassar, de divergências, de diferentes maneiras de ver o Partido, de uma Direcção plural que saiu da Convenção, da necessidade de trazer de novo o Bloco para a rua e de levar a rua para o Bloco, fica-me uma certeza depois de dois dias e mais dois meses intensos: este é o Partido onde quero estar. Recuperei o folego para não o deixar sair de mim.
Publicado por Isabel Faria às 9:06 da tarde
9 Comentários
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Sinceramente gostei do que li, ás vezes conseguimos estar em sintonia.
Ressalvo a tua condenação da conduta mal educada de pessoas que não estiveram á altura das suas responsabilidades, cada delegado não se representava a si proprio, era portador de muitas vozes de homens e mulheres que confiam no Bloco, e isso exige um sentido de responsabilidade , que quem apupou ,um partido que convidamos para estar presente no nosso congresso, e aceitou esse convite, deveria ser tratado no minimo com EDUCAÇÂO.
Mas julgo que há muito simplismo na forma como vemos a realidade Italiana, e até a enorme luta de ideias que existem dentro do projecto Refundação Comunista.
Por último o meu desejo , que esta Convenção tenha servido para cimentar o Bloco na sua diversidade, mas dentro de um espirito de UNIDADE.
Qualquer tentação de capelinha, de ambições de chefetes, ou pior de fracções levará a curto prazo ao fim deste projecto.
Espero que saibamos ser os prepresentantes das vozes daqueles que em nós têm confiado.
E isso EXIGE o REFORÇO do BLOCO COMO PARTIDO.
Ainda bem que gostaste, A.Pacheco e ainda bem que às vezes estamos em sintonia...mas outras não. Acabei de deixar um comentário no Arrastão (ainda não deve ter entrado) a discordar de ti. Não gostei do termo "sujeitinhos"..e discordo que apenas ressaltes esse epsódio como desagradável...eu ontem ouvi um camarada chamar-me o nome do bicho do arroz e da feijoca, por exemplo...mas não chego ao sujeitinho...criancices, apenas. Má educação.
Ninguém quer desagregar o Bloco. Ninguém quer ser coveiro daquilo que tanto trabalho nos tem dado a construir. Mas também ninguém deve abdicar de criticar e de tentar fazer melhor...mesmo que isso implique fazer diferente.
E tens razão. Espero que todos compreendam o sentido das tuas maísculas. Os sentido todos.
Ainda não entrou nem o meu nem o teu comentário.
Mas assumo, sujeitinho , não é uma palavra muito correcta, mas sabes este é o mal de se ter ás vezes o coração ao pé da boca.
Mas julgo que entre pessoas que comungam dos mesmos ideais ,mesmo que com prespectivas diferentes de os levar á pratica, deve haver outro tipo de linguagem.
Como se dizia noutro tempo
Mea Culpa.
Quanto a criticar e fazer diferente , venham as propostas, há tanto para corrigir, olha vamos ser todos postos á prova na Batalha de Lisboa, e vai ser uma batalha bem dura, o vale tudo já começou, e ou mantemos a cabeça fria, ou ás tantas passamos mais tempo a responder a provocações do que a tentar ganhar o voto dos Lisboetas para o Sá Fernandes.
Isabel não sou comentador de blogs não tenho jeito para isso,
mas deixa dizer-te o seguinte. Concordo com cause tudo que publicas, mas há um aspecto negativo na minha opinião que não referes,a mentira declarada da opoiante da moção C que para defender a vossa proposta de alteração aos estatutos mentiu ciente que mentia quando se referiu ao vencimento dos funcionarios,não quero fzer disto polémica mas foi juntamente com os assobios à presença dos representantes da RC a parte mais negativa dos apoiantes da moção que apoias-te.
um abraço e até um dia A.Mota
Mota, obrigada pela visita e pelas palavras.
No post que publiquei não tentei enumerar os pormenores das intevenções de que não gostei..e foram muitos. Mas quando se fala num tão curto espaço de tempo e ainda por cima sem rede (eu cá tentei a rede do papel escrito e quando comecei a ler aquilo vi que tinha conversa para meia hora (cá em casa dava 4 minutos e meio...juro!!!)...e só tinha 4 minutos...tive que comer mais de 2/3 do texto e deve ter saído uma boa salganhada...), dizem-se coisas que não deveriamos dizer...não temos anos de prática de falar em público, um auditório daquele tamanho é obra...
Se me perguntares se concordo com a afirmação da camarada, não concordo. Não sei se é verdade ou não. Seja ou não seja, não concordaria nunca.Até porque não ando a lutar por melhores salários na empresa...e depois a criticá-los nos outros. Mas foi dito. Não teve mais importãncia que isso...umas palavras ditas que não acrescentam nada à questão de fundo: deveriam haver regras claras para as contratações de funcionários do Partido e os militantes devê-las-iam conhecer. Ponto. Para mim, acaba aqui a minha opinião.
E acrescentaria que adoraria que o Bloco pudesse pagar um salário digno aos seus funcionários. Como exijo que a empresa onde trabalho me pague a mim.
Mas, repito, não demos demasiada importãncia a palavras ditas nem punhamos intenções dúbias onde apenas podem existir...palavras ditas.
Achas que ia gastar um post a dizer que um camarada, que ainda por cima conheço há anos, que até vive na minha terra e tudo...me chamou gorgulho????
È mentira (sei lá...acho eu) e é ofensivo...ou são, apenas, palavras infelizes ditas em momentos infelizes?
Prefiro acreditar na última hipótese. Mesmo que pareça ingenuidade.
Mota, deixa-me só acrescentar uma coisa:
Será que todos os camaradas que subscreveram a Moção A se revêem em todas as intervenções tidas duarnate a Convenção? E em todas as atitudes? Não quero mesmo acreditar!!
Isabel deixa lá o gorgulho em paz, é de mau gosto mas no calor do debate, ás vezes há excessos.
Olha aquele por exemplo que falou em quinta coluna, para se referir á forma como alguns camaradas do Bloco encararam a Greve Geral.
E aí é uma acusação politica de uma gravidade que não se compara a essa do gorgulho...
Mas enfim....olha o Daniel Arruda acusa o PRC de traição, traição a quê, ao marxismo, á esquerda, á nossa maneira de ver a politica.
O que eu sei e isso dito por camaradas do PCR, é que o debate no seu interior é ideologico, e sem tibiezas, e se por vezes o peso de algumas figura BERTINOTTI , é determinante as bases não acatam as suas posições.
Mas para mim é isso um dos valores essenciais da esquerda, o debate frontal e sem concessões, mas tambem o combate contra a grupusculização.
Mas isso ía levar-nos muito longe.
E julgo que agora é tempo de acalmar, e partir para as novas batalhas com renovado ânimo.
A.Pacheco, traição à nossa Esquerda, não?
Um Partido que apoia o Governo Prodi e a sua política não é a um Partido da nossa Esquerda ou é??
E quando falamos na RC não é nas bases que falamos é claro, é na sua Direcção. É ela que apoia a politica social do Governo de Prodi, não é? E o apoio aos EUA? E a expulsâo de quem no Parlamento ousa discordar. È claro que é da Direcção que se fala.
Um outro valor essencial da Esquerda é a luta contra o neo-liberalismo económico e social, contra o capitalismo. Um outro também essencial é a luta contra as guerras injustas e infinitas.
Há mais valores essencias da Esquerda para além do debate frontal. Que é essencial.
Isabel o debate para a convenção terminou:
não sei o que o que pensam os apoiantes da moção A, eu que fui um dos subscritores não concordo com tudo o que lá está, não concordo com tudo o que foi dito na convenção, mas uma coisa é discordar outra é mentir e provocar e isso eu condeno venha da moção que vier.
pode ser que ganhe gosto em comentar e comece a comentar o que escrevem no Troll
se não até um dia
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