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quinta-feira, julho 12, 2007

Viagem ao coração de Lisboa

Hoje andei pela Mouraria com o José Sá Fernandes. Tal como há dois anos, cada vez que nos embrenhamos na Lisboa escondida, é um pontapé no estomago.

Num Pátio, onze pessoas vivem em barracas de madeira, abandonadas, sem água canalizada. Ali, a cinco minutos da Baixa de Lisboa. Entra-se por um portão de madeira, passa-se por algo que deveria ser um quintal, não fora coberto, de uma escuridão completa e não estivesse cheio de sucata abandonada. Uma das mulheres abre-nos a porta de sua casa. Diz que não tem vergonha, porque a casinha está arrumada. E está. Apenas lhe falta ser uma casa...

Pelas ruas da Mouraria, há um sem número de jovens de olhares perdidos. O Intendente fica ali mesmo ao lado...ou já há um Intendente em cada bairro de Lisboa?
Ficou-me na memória, entre os jovens magros, de tez baça e dentes estragados, um, talvez um pouco menos jovem. De tronco nu. Forte, que, de uma forma desesperada, fugia das cãmaras e escondia a cabeça. Havia vergonha ou medo? Vergonha de estar ali? De ser visto? Ou medo de nas próximas eleições que por ali passemos, a sua pele tenha ficado da mesma cor, os olhos perdido o brilho que hoje ainda tinham e tenha perdido o ar entroncado que hoje ainda tem?
Foi como se, no meio de um caminho qualquer sem regresso, aquele homem, ainda estivesse agora a dar os primeiros passos...lá mais para a frente, perderá o pudor e enfrentará as câmaras. Como os outros que vimos, sentados a sombra ou a deambular pelas ruas. Ou talvez não...talvez, às vezes, haja quem regresse dos caminhos. E descubra a cabeça. Aquele homem que hoje se escondia parecia ainda não ter aprendido a "vida" assim. Nem se conformado com ela.
Possivelmente habita uma daquelas muitas casas semi-abandonadas, escondidas em ruelas estreitas e onde o Sol queima mas não entra. E não sabe como sair.

Numa pequena casa por onde passámos, viveu a Severa. Cantava o fado.

A Mouraria que hoje vimos, a Mouraria do pátio de barracas e sem água canalizada, das casas abandonadas, das fachadas a cair, ali a cinco minutos da Baixa, já sobreviveu a Câmaras do CDS, do PS, do PSD e do PCP. Para que não nos esqueçamos que os responsáveis têm nome.

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3Comenta Este Post

At 7/13/2007 1:02 da manhã, Blogger a.pacheco escreveu...

Tenho a sensação do que sentiste, e da impotência, ou a revolta, que 33 anos de democracia, ainda não conseguiram extreminar chagas como essa, mas que infelizmente se repetem um pouco por toda a cidade.

Patios, alguns da Camara em que não são feitas obras á decadas, predios de 5 andares sem elevadores com escadas carcomidas, onde habita a solidão de velhos sem ninguem que olhe por eles etc etc etc.

Entretanto alegremente Carmona, Costa , e Ca faziam a festa na Rua Augusta.

Mas como não sou demagógico, sei que a solução para a recuperação dos imoveis degradados ,não se faz em dois dias.

Só que o gabinete de reabilitação da Mouraria tem anos, e o resultado de todo esse trabalho esteve hoje á vista.

As televisões mostraram de fugida essa realidade, não houve um jornalista que se resolvesse a fazer uma reportagem um pouco mais prolongada sobre essa Lisboa em ruinas, uns flashes e pronto, não vá o português á hora de jantar , ficar indisposto com semelhante miséria.

Não sei se aí em S. José os PCP já iniciaram a campanha contra o Bloco, e de desculpabilização dos seus dois anos de conluio com Carmona.

Mas hoje nos Olivais, e aqui em Campolide ,através de prospectos, é o vale tudo.

Sabes que eles sempre defenderam o corredor verde do Monsanto, e que foi o PS em conluio com o PSD e o CDS que se uniram para alienar parte do corredor para a Universidade Nova.

E que o projecto de Plano de pormenor do Bairro da Liberdade foi recusado pelo PS e pelo Bloco.

Isto é a informação, ou melhor a propaganda a que temos direito

Nos Olivais é por causa da esquadra da policia, e ai o Bloco tambem não sai favorecido na fotografia.

Em suma os golpes de rins, para evitar que alguem lhes peça contas da alianças com o PSD nas Juntas.

Há e foi o PCP que pela sua acção e denuncia dos negocios escuros levou á queda da Camara.

Foram eles que denunciaram ao Ministério Publico, foram eles que pela sua acção corajosa ao serviço do povo de Lisboa, não pactuaram com as negociatas da Camara.

Não acreditas, eu tambem não , mas para quem não tem vergpnha todo o mundo é seu, e ainda há militantes que vão na conversa e defendem as verdades do PCP com unhas e dentes.

Desculpa lá o desabafo, mas hoje já estava um bocado farto de tanta PULHISSE.

 
At 7/13/2007 5:27 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

ai os malandros que não precisam do zé para nada, ou melhor que precisam dele como da fome

 
At 7/13/2007 9:53 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

pacheco, pelo comentário da Margarida de serviço já deves ter visto que eles mente e ainda se divertem com isso.

 

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