Sempre Presentes
Em relação ao post anterior, o tema continua a ser futebol mas quero mudar a agulha. Neste momento, o Benfica oficialmente não tem claques, porque os Diabos e os NoName não quiseram acatar (e bem, mas a isso já vou depois) a nova lei que obriga as claques a legalizarem-se num quadro legal diferente de uma qualquer associação. Acho a maior barbaridade as claques de futebol terem um tratamento de excepção e pior, quando esse tratamento é contornado pelos clubes que apoiam as claques, coisa que há vários anos não acontece no Benfica.
Vamos por partes.
1- Ao contrário do Sporting os membros da claque do Benfica são todos portadores de lugares de época ou, pelo menos, e se quiserem assistir ao jogo portadores de bilhete para aquele sector específico como qualquer outro adepto. No Sporting existe uma coisa instituída que são os bilhetes de claque e que podem ser adquiridos por qualquer um. Logo por aí estamos a falar de adeptos completamente distintos, pois, em relação a uns o clube já tem toda a informação que precisa visto que ao comprar o bilhete de época temos de ser sócios e, como é óbvio, estão lá os nossos dados. Mais uma vez não é o que acontece noutros clubes.
2- Nenhuma associação tem de fornecer para se legalizar uma lista de todos os membros actualizada. O que normalmente existe é uma direcção, um conselho fiscal e uma mesa da assembleia que perante o Estado é responsável pelos actos da associação. Mas nunca esse princípio pidesco de antes de ser já o era. Ou seja, a partir do momento que me inscrevo numa claque tenho como garantido que vou ter ficha na PJ. Não tenho sequer nomes para descrever isso. No caso das claques do Benfica esta questão ainda se põe com mais ênfase porque todos os elementos da claque já estão identificados perante o clube que é a única instituição a quem as claques devem contas, o que mesmo assim é discutível pois o clube desde há vários anos que não tem uma ligação institucional com as claques.
3- A imoralidade que está a ser cometida pelas autoridades em todos os jogos realizados na Catedral, e tanto quanto se sabe, a pedido da direcção do Benfica, quando não autoriza que as faixas das claques sejam colocadas, nem que se possa entrar com as bandeiras. Imoralidade porque se permite que se coloquem faixas por exemplo a dizer "Núcleo de Benfiquistas do Seixal apoia o Benfica" sendo que esse núcleo não existe legalmente. Ou há moralidade ou comem todos. Mas a imoralidade não acaba aqui. Eu posso-me juntar com 40 amigos e fazer o que quiser na bola. Não estou conotado com as claques. Posso vandalizar e, das duas, uma. Sou apanhado e pago pelo que fiz ou não sou e o clube arca com as consequências. Porque será que com as claques, que são conhecidas do clube, que têm lá ficha, que se constituíram como associação, têm o nome registado não podem ter o direito de se exprimirem livremente no Estádio da Luz? Não estou a dizer para praticarem vandalismo mas para poderem dar o colorido ás bancadas que normalmente dão mas no entanto se algo correr mal podem ser responsabilizados. Não se entende os dois pesos e duas medidas.
4- Há que acabar com a ingratidão. Há quem diga que uma vez ultra sempre ultra. Não sei se será assim mas não me esqueço dos meus quase 10 anos de claque. Fiz coisas das quais não me orgulho e fiz outras que hão-de ficar para sempre na minha memória. Vivi tardes e noites inesquecíveis, fiz amigos que ainda hoje se mantêm. Perdi a conta aos km que percorri em Portugal com passagens por Parma, Barcelona ou Sevilha. Saí por razões pessoais, (e também de princípios) mas ainda hoje e sempre que posso me junto à tribo. Agora já com o meu filho ao lado, ele mesmo, que vai a partir do ano novo ser por vontade própria sócio dos NoName. Ainda este Sábado em Coimbra lá estivemos no topo do Estádio Cidade de Coimbra como já tínhamos estado na Amadora, em Setúbal, na final do Campeonato de Futsal do ano passado, na taça de Volei sempre presentes e sempre junto dos únicos que estão sempre presentes. Fieis até ao último dia. Quando Alexander Donner (treinador de Andebol) dizia que não percebia porque havia tão poucos adeptos, ressalvou que as claques marcavam sempre presença. Na Amadora, Camacho dizia que a única coisa boa foram os adeptos, na sua maioria Diabos e No Names. Diz-se que o amor não se explica mas há pessoas que se dedicam, na sua forma de corpo e alma ao seu clube muitas vezes com sacrifícios da vida pessoal para estar lá, para apoiar. Houve quem pagasse esse apoio com a vida como o Gulit na sua viagem de regresso de Split depois de mais uma jornada europeia. Houve quem gastasse uma saída precária da prisão para poder respirar o ar da Catedral. Os Benfiquistas não merecem este tratamento e Luis Filipe Vieira não pode dizer que está tudo bem. Porque não está e a maior chapada que está a ser dada é que o apoio não falta em lado nenhum. O nosso amor não é a um presidente ou a uma direcção. É a um clube e a uma instituição. Ao emblema e à bandeira. Respeitamos o seu hino e gritaremos sempre para que ele vença. Já muitos presidentes passaram pelo Benfica. O clube resistiu a todos.
.Hoje vou lá estar também. Não no topo sul mas no meu lugar mas nunca calado. Se calhar é mesmo verdade que uma vez ultra, sempre ultra.
.Etiquetas: Daniel Arruda
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