Sobre os vícios
Ontem o Daniel colocou aqui um post, em resposta a alguns comentários deixados num post ali mais em baixo, em que falava do mau hábito que é atirar-se pedras quando se tem espelhos de vidro...e o ainda pior hábito de inventar mentiras para substituir argumentos políticos.
Gostaria de deixar clara a minha posição àcerca do que está escrito no post e em alguns comentários.
Considero que o que nele se diz sobre o António Filipe é diferente do que se diz sobre os dirigentes sindicais da USS, dos Metalúrgicos ou da Função Pública. No primeiro caso está um uso discutível, sobretudo discutível à luz dos comentários que por aqui ficaram, duma porrogativa que o sistema concede aos eleitos. Posso aqui discutir, apesar de querer deixar bem claro que não é uma discussão política que valha muito a pena ter, se os representantes de Partidos de Esquerda que continuam a dizer que lutam contra o sistema, devem ou não aceitar estas benesses que lhe são concedidas, mas será a minha opinião e não penso que deva contar muito mais do que como opinião. Não creio que seja coerente os representantes de um Partido de Esquerda deslocarem-se de motorista particular e de carro oficial para deslocações que não sejam as que fazem como representante da AR. Friso, no entanto, a palavra coerente...aceitando que cada qual tem a coerência que quer.
No segundo caso, no entanto, a questão é completamente diferente. E aí a discussão é política. É de princípios e de objectivos políticos e penso que é uma discussão que deve ser travada. Um dirigente sindidcal que se desloca num carro do Sindicato fá-lo com o dinheiro dos trabalhadores. As entidades patronais não descontam para os Sindicatos. Um dirigente sindical que só se desloca a uma manifestação se o Sindicato lhe pagar a gasolina fá-lo usando dinheiro dos trabalhadores e usando direitos que os trabalhadores que representa não têm. Representantes de trabalhadores que usam o dinheiro de quem os elegeu em proveito próprio não são dignos de representar trabalhadores. E esta é uma questão política. E politicamente importante. Numa altura em que cada vez mais os trabalhadores se afastam dos seus Sindicatos é políticamente importante encontrar as razões desse afastamento. E mesmo sabendo que grande parte dessas razões passam pela precariedade e pelo trabalho sem direitos, não podemos fingir que não vemos que nessas razões também há a desconfiança crescente. Grande parte dos nossos dirigentes sindicais não entram na sua empresa há anos. Não contactam com os trabalhadores nem com os seus problemas quotidianos. E, pelo que o post do Daniel confirma, a distância não é, apenas, da empresa e dos trabalhadores. É, também dos compromissos políticos que assumiram de serem seus dignos representantes.
O facto de um trabalhador para se deslocar a uma manifestação ter, muitas vezes, que usar o pré-aviso de greve e consequente perda do seu vencimento, já que em Portugal os Sindicatos nunca quiseram ouvir falar em procurar condições para criar fundos de greve, e um dirigente do seu Sindicato o fazer sem perder o dia e ainda recebendo gasolina é politicamente importante.
O meu camarada Rui Faustino dizia num comentário ao post do Daniel e permito-me trazer as suas palavras a letra de post, que: "Se o sistema é viciante, todos são sujeitos à viciação: tragam no bolso um cartão do PCP, do Bloco ou do agrupamento escuteiro 513.". Claro que todos estamos. Mas por estarmos todos sujeitos não podemos calar e denunciar essa viciação, quando ela existe. Nunca usei um dia de crédito de horas da CT para fazer uma greve ou ir a uma manif com pré-aviso de greve. E sei de muitos que o fazem. Já houve alturas em que, por absoluta impossibilidade de ter menos um dia de salário ao fim do mês, e em manifestações com pré-aviso de greve, em greve de empresa ou se sector nunca tal me passaria sequer pela cabeça, usei dias de férias para lá poder estar. Não sou mais imune aos vicios do que qualquer um, mas reservo-me o direito de não calar a falta de príncípios que cair nesses vícios significa. E não penso que essa denúncia seja uma questão pessoal.
A unidade não se pode fazer pisando princípios. Sei e penso que todos no Troll sabemos exactamente quem é o nosso inimigo...mas isso não nos pode impedir de denunciar as situações em que os erros cometidos apenas servem para fortalecer esse inimigo. E nisso a minha posição é clara: quando nos comportamos da forma que estes dirigentes sindicais de que fala o post do Daniel se comportam (e friso que estou a falar em comportamentos políticos) estamos a fortalecer duma forma decisiva o nosso inimigo, afastando os trabalhadores das estruturas que os deviam representar e fortalecer. E isto é político. Nada tem de pessoal.
Gostaria de deixar clara a minha posição àcerca do que está escrito no post e em alguns comentários.
Considero que o que nele se diz sobre o António Filipe é diferente do que se diz sobre os dirigentes sindicais da USS, dos Metalúrgicos ou da Função Pública. No primeiro caso está um uso discutível, sobretudo discutível à luz dos comentários que por aqui ficaram, duma porrogativa que o sistema concede aos eleitos. Posso aqui discutir, apesar de querer deixar bem claro que não é uma discussão política que valha muito a pena ter, se os representantes de Partidos de Esquerda que continuam a dizer que lutam contra o sistema, devem ou não aceitar estas benesses que lhe são concedidas, mas será a minha opinião e não penso que deva contar muito mais do que como opinião. Não creio que seja coerente os representantes de um Partido de Esquerda deslocarem-se de motorista particular e de carro oficial para deslocações que não sejam as que fazem como representante da AR. Friso, no entanto, a palavra coerente...aceitando que cada qual tem a coerência que quer.
No segundo caso, no entanto, a questão é completamente diferente. E aí a discussão é política. É de princípios e de objectivos políticos e penso que é uma discussão que deve ser travada. Um dirigente sindidcal que se desloca num carro do Sindicato fá-lo com o dinheiro dos trabalhadores. As entidades patronais não descontam para os Sindicatos. Um dirigente sindical que só se desloca a uma manifestação se o Sindicato lhe pagar a gasolina fá-lo usando dinheiro dos trabalhadores e usando direitos que os trabalhadores que representa não têm. Representantes de trabalhadores que usam o dinheiro de quem os elegeu em proveito próprio não são dignos de representar trabalhadores. E esta é uma questão política. E politicamente importante. Numa altura em que cada vez mais os trabalhadores se afastam dos seus Sindicatos é políticamente importante encontrar as razões desse afastamento. E mesmo sabendo que grande parte dessas razões passam pela precariedade e pelo trabalho sem direitos, não podemos fingir que não vemos que nessas razões também há a desconfiança crescente. Grande parte dos nossos dirigentes sindicais não entram na sua empresa há anos. Não contactam com os trabalhadores nem com os seus problemas quotidianos. E, pelo que o post do Daniel confirma, a distância não é, apenas, da empresa e dos trabalhadores. É, também dos compromissos políticos que assumiram de serem seus dignos representantes.
O facto de um trabalhador para se deslocar a uma manifestação ter, muitas vezes, que usar o pré-aviso de greve e consequente perda do seu vencimento, já que em Portugal os Sindicatos nunca quiseram ouvir falar em procurar condições para criar fundos de greve, e um dirigente do seu Sindicato o fazer sem perder o dia e ainda recebendo gasolina é politicamente importante.
O meu camarada Rui Faustino dizia num comentário ao post do Daniel e permito-me trazer as suas palavras a letra de post, que: "Se o sistema é viciante, todos são sujeitos à viciação: tragam no bolso um cartão do PCP, do Bloco ou do agrupamento escuteiro 513.". Claro que todos estamos. Mas por estarmos todos sujeitos não podemos calar e denunciar essa viciação, quando ela existe. Nunca usei um dia de crédito de horas da CT para fazer uma greve ou ir a uma manif com pré-aviso de greve. E sei de muitos que o fazem. Já houve alturas em que, por absoluta impossibilidade de ter menos um dia de salário ao fim do mês, e em manifestações com pré-aviso de greve, em greve de empresa ou se sector nunca tal me passaria sequer pela cabeça, usei dias de férias para lá poder estar. Não sou mais imune aos vicios do que qualquer um, mas reservo-me o direito de não calar a falta de príncípios que cair nesses vícios significa. E não penso que essa denúncia seja uma questão pessoal.
A unidade não se pode fazer pisando princípios. Sei e penso que todos no Troll sabemos exactamente quem é o nosso inimigo...mas isso não nos pode impedir de denunciar as situações em que os erros cometidos apenas servem para fortalecer esse inimigo. E nisso a minha posição é clara: quando nos comportamos da forma que estes dirigentes sindicais de que fala o post do Daniel se comportam (e friso que estou a falar em comportamentos políticos) estamos a fortalecer duma forma decisiva o nosso inimigo, afastando os trabalhadores das estruturas que os deviam representar e fortalecer. E isto é político. Nada tem de pessoal.
Etiquetas: Isabel Faria
7Comenta Este Post
Agora percebes melhor porque achei um escÂndalo e denunciei o número de acessores e respectivo vencimento por eles auferido, muito acima das tabelas salariais da Função pública
Rui, estás a confundir muita coisa. O que é que os acessores têm a ver para o caso até porque a informação que andasre a divulgar era incorrecta como até foi reconhecido pelo Correio da Manhã que era o autor da notícia. Quantos empregos queres na função pública acima daqueles. Eu começo a achar que tu defendes que devemos ser todos pobres. Eu ao contrário acho que o problema não está nos ordenados altos mas sim nos baixos.
A sério que eu não compreendo o teu comentário.
Rui, o Daniel já te respondeu em parte. A notícia era parcialmente falsa. A notícia não falava no número de assessores dos outros vereadores. Nem dos seus salários, logo era tendenciosa. A notícia foi divulgada à exaustão durante a campanha eleitoral e tinha como objectivo final impedir a eleição de Sá Fernandes.
Não sei quando ganham os dirigentes salarias de que fala o post. Se ganharem mais que os seus colegas que trabalham nas empresas não me choca nada, eu passo a vida a gritar contra os baixos salários e pelo seu aumento...O que me choca é que se tenha um carro comprado para o serviço do Sindicato e que se o use para a vida pessoal. O que me choca mais é que se vá para as manifs com a gasolna paga e que os trabalhadores vejam muitas vezes o seu salário inferior descontado por irem às manfestações.
Posso encaixar o teu comentário na primeira parte do meu post...naquela em que me refiro ao António Filipe...mas, mesmo nesse caso, continuo a achar muito incorrecta a forma e a altura em que usaste essa, nem sequer verdadeira, informação.
Mas afinal há algum problema? O Daniel e a Isabel não têm carradas de razão?
Assessores... parece que quem deu cobertura a assessores a 4.000 euros foi o PCP ,e quem votou contra foi o BE .
Aliás quando se fala em unidade da esquerda, NUNCA será uma unidade de direcções, e sim uma unidade na base, com a direcção do PCP, nunca será possivel falar-se em unidade.
Anónimo, subscrevo e aplaudo.
Desculpem,
mas o nº de acessores do Sá Fernandes era de 11 e os vencimentos chegavam (e chegam) aos 2.500 euros. Essa notícia NUNCA foi desmentida nem pelo sá Fernandes, nem pelos seus acessores, nem pela direcção do Bloco.
Aliás, durante a discussão para a Convenção, a direcção do Bloco foi por mim e por mais camaradas interpelada sobre o nº de funcionários e acessores bloquista e nunca se dignou a responder - ocultando, assim, informação.
Mas tudo isto só me faz lembrar da antiga Pérsia quando o Xá mandava cortar a cabeça ao mensageiro das más notícias.
Mas quanto à questão de "sermos todos pobres"... Se a maior parte dos portugueses não ganha, sequer, 200 contos, porque é que tem de haver deputados a ganhar 600 ou acessores a ganhar 500 contos?
Para mais deputados e acessores da "esquerda socialista"!
só não vê isto quem não quer
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