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quinta-feira, abril 24, 2008

Talvez necessário

Não sei se falar em mais de um milhão de trabalhadores precários, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar no aumento do desemprego, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar das alterações ao Código de Trabalho que nos tornarão a todos, eternamente, precários, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar nos lucros imorais dos Bancos, na promiscuidade de alguns dos nossos políticos, no show que quase seria obsceno, se não fosse ridículo, de outros tantos, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar na corrupção, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar no desmembramento do Serviço Nacional de Saúde, na cada vez maior injustiça no acesso aos serviço básicos de saúde, nos bebés que nascem em ambulâncias ou nos doentes que morrem à espera de ambulância, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar nas nossa escolas, nos ataques aos professores, na repetição doentia e repelente de um vídeo, mostrado como para nos “culpar” a todos – pais, alunos, professores, povo, por a Escola que se quis para todos se ter transformado “nisto”, será acertado em véspera do 25 de Abril..
Não sei se falar dos sem abrigo de Lisboa ou dos escravos portugueses em Espanha, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar no presente e no futuro eternamente a termo e perigosamente vazio dos nossos filhos, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar que há dois dias morreu um militante anti-fascista corajoso e coerente, um daqueles a quem todos nós devemos uma parte da nossa liberdade, e a Televisão Pública não deu um minuto de notícia sobre o seu desaparecimento, tendo, em contrapartida, gasto tempos infinitos a fazer directos para a sede do PSD para nos dar conta da chegada de Jardim, de Santana Lopes ou de LFM a uma qualquer reunião partidária, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar no desrespeito do Presidente da República pela Democracia, manifestado na sua recente viagem à Madeira, calando e ignorando os atentados aos orgãos democraticamente eleitos por um aprendiz de ditador / palhaço, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar no nosso cruzar de ombros colectivo. Na nossa renúncia colectiva. No retomar do fado não como canção, mas como modo de vida, será acertado em véspera do 25 de Abril.
Não sei se falar no Portugal de 2008, em véspera do 34º aniversário do 25 de Abril de 1974, será acertado.
Não querendo estragar a nossa festa, pareceu-me necessário.

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At 4/25/2008 2:38 da manhã, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Sem espinhas

 
At 4/25/2008 1:09 da tarde, Blogger josé palmeiro escreveu...

Isabel, total concordância!
Permito-me só acrescentar atodo o rol de deserdados, o que por aqui, no meio do Atântico se passa com os "repatriados".
São cidadãos portugueses, que fruto de uma emigração, sem apoios, não optaram atempadamente pela nacionalidade dos países em que nasceram ou para onde os levaram com tenra idade, América e Canadá e que foram apanhados pelo braço da delinquência e remetidos para aqui, onde vegetam, sem conhecimento da língua, nem dos costumes, fazendo o mesmo que sempre fizeram, toda a sua vida, sem qualquer programa de integração que os conduza a uma vida com dignidade e cidadania.

 

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