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quinta-feira, outubro 09, 2008

A minha rua ao fim da tarde



Hoje vi o anoitecer da minha janela da sala. Os dias são bem mais pequeninos e mal nos apercebemos da rapidez com que a noite cai sobre o Castelo de S. Jorge a as árvores do Instituto se enchem de sombras. Durante mais de dez minutos não passou ninguém estranho à minha rua. Durante a noite, a minha rua já é, apenas, a minha rua e a dos meus vizinhos. As poucas pessoas que aqui trabalham já saíram e a rua fica igual à rua da minha casa de menina. Como era a minha rua de menina quando eu era menina.

Há o gato que olha o Bono do outro lado da rua, encavalitado no muro do Instituto, parado e como que tivesse alguma tristeza no olhar (eu acho que os gatos também sentem a injustiça social. E sabem que há os gatos de 1ª que têm uma casa, comem croquetes de gato e dormem nos pés dos donos. E eles. Os sem-abrigo. Que não sabem o que são croquetes de gato nem nunca adormeceram juntinho ao calor do corpo de alguém), há o som do casal de baixo que passa a vida toda a brigar, como se cada dia fosse mais um dia de uma guerra interminável da qual fizeram as suas vidas, há o vizinho do condomínio da empregada de avental e rendinha na cabeça, que espera impaciente, no seu BMW cinzento escuro, que o portão se abra, talvez pensando que deveria haver qualquer coisa no Código de Trabalho que penalizasse os portões que demoram a abrir, há o arrumador de sempre, que começa cedinho, por volta das 8 já ele anda a arrumar os carros de sempre, e que nunca tinha dado conta que acabava tão tarde e que me diz para a janela, até amanhã D. Isabel, durma bem, há o som constante das ambulâncias que passam para S. José, mais longe há um som mais difuso, o som da cidade que se apressa a ficar vazia e a expulsar os seus habitantes de dia, que a voltarão a encher amanhã ao amanhecer. E um cheiro qualquer, que vem da casa de um dos vizinhos e que parece de peixe frito.
Fui interrompida pela campainha da porta. A minha vizinha vinha-me trazer, num pratinho, duas chamuças e, nun saquinho de plástico, três limões. É muito para mim, disse. Contou-me da dor na perna e da filha da cabeleireira que teve um acidente de carro. Mas não foi nada de grave. Só chapa.
...
Trando a parte das ambulâncias, do som de fundo da cidade quuando fica vazia e de uma senhora de oitenta e tal anos usar tão famliarmente o termo chapa para falar nun carro que bateu...tudo o resto poderia ser a minha rua de menina.
..
Penso que é por isto que costumo dizer, que eu, nómada durante anos, que corri lugares e lugares de malas às costas, me voltei, finalmente, a sentir em casa aqui. A sensação é tão forte e tão reconfortante, que, por momentos, até penso que conseguiria sentir ainda os sonhos de então. Senti-los como se de sonhos não se tratasse, quero dizer. Senti-los como se os realizasse todos já amanhã ou o mais tardar na próxima semana... Senti-los como se ainda tivesse o tempo todo e a vida toda.

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15Comenta Este Post

At 10/09/2008 11:47 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Ola Isabel tenho algumas ideias, senão repara:

1 - Para o Bono e o seu gato amigo, envio-te as duas simpaticas (e belas) gatas que os meus pais têem. (uma a branquinha, até trouxe uma vez um passarito vivo da rua, na boca. Ainda esta na gaiola). De certeza que os gatos dai vão amar. Acho que se vão dar todos bem.

2 - Não te preocupes com o casal de velhotes que passa a vida a brigar, concerteza alguns amigos teus também já te contaram cenas de bvizinhos que passavam a vida a brigar ao mesmo tempo que a cama rangia.. :-)

3- Sobre o sem abrigo recordo-te este poema:
"Sei que pareço um ladrão
Mas ha muitos que eu conheço
que não parecendo o que são
são aquilo que pareço
Ves?? é giro e dedicado ao sem abrigo da tua rua e também aos gananciosos de wall streat.

4- Quando a tua vizinha te ofereçer chamuças lembra-te EU ADORO CHAMUÇAS.. (adoro mesmo)


5- Continuo à espera que me apresentes a tua amiga da fotografia de cabeçeira..


:-)

António

 
At 10/09/2008 11:47 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Ola Isabel tenho algumas ideias, senão repara:

1 - Para o Bono e o seu gato amigo, envio-te as duas simpaticas (e belas) gatas que os meus pais têem. (uma a branquinha, até trouxe uma vez um passarito vivo da rua, na boca. Ainda esta na gaiola). De certeza que os gatos dai vão amar. Acho que se vão dar todos bem.

2 - Não te preocupes com o casal de velhotes que passa a vida a brigar, concerteza alguns amigos teus também já te contaram cenas de bvizinhos que passavam a vida a brigar ao mesmo tempo que a cama rangia.. :-)

3- Sobre o sem abrigo recordo-te este poema:
"Sei que pareço um ladrão
Mas ha muitos que eu conheço
que não parecendo o que são
são aquilo que pareço
Ves?? é giro e dedicado ao sem abrigo da tua rua e também aos gananciosos de wall streat.

4- Quando a tua vizinha te ofereçer chamuças lembra-te EU ADORO CHAMUÇAS.. (adoro mesmo)


5- Continuo à espera que me apresentes a tua amiga da fotografia de cabeçeira..


:-)

António

 
At 10/09/2008 11:57 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

António, veio em duplicado...posso responder só uma vez?

Não quero cá as tuas gatas. Desculpa mas não tenho dinheiro para andar a comprar tapetes novos nem, sequer, para comprar croquetes de gato para uma família inteira. Podes cá trazê-las para se conhecerem e beberem chá juntos, mas depois levas de volta.

Não são velhotes...e isso é que assusta. Será que vão levar a vida toda assim?

O meu arrumador vive num quarto...o gato é que é sem abrigo. Para quem é o poema?

Tá bem quanto às chamuças...confesso que não gosto muito. Aceito para ela não ficar triste.

A minha amiga está em periodo de reflexão, pós fotografia em cima da mesa de cabeceira. Assim que terminar, ela avisa-me e eu aviso-te. Pode ser?

Ah e toma um beijo, faxavor.

 
At 10/10/2008 12:14 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

Dizeres que o arrumador vive num quarto deixou-me ainda + bem disposto


antónio

 
At 10/10/2008 1:11 da tarde, Blogger WOLF escreveu...

Bem minha querida,ha que anos,hehehehe,que saudades tuas,ja tinha perdido a esperança de te encontrar,o que vale é que quem é vivov sempre aparece,como dizia a minha Avó, e eu acho que era uma mulher sabia,loool.
Gostei aqui do teu cantinho,vou ser uma visita,mas muito mais de saber que andas por ai,e bem.

beijos cheios de saudade
Gandalf(J.C.)

 
At 10/10/2008 2:18 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

António, estás melhor da gripe??
Sim, é o nosso arrumador (ok, esta do nosso para uma descatda/peoa militante é anedota) particular há nos e sem abrigo mesmo só o gato do Instituto.

 
At 10/10/2008 2:24 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

JC, não faço ideia há quantos...mas sei que há muitos. Descobri-te através de uma amiga comum...e vamos ter que pôr a conversa em dia. Presume que deve demorar horas...
Também me soube bem reencontrar-te virtualmente e vai-me saber melhor reencontrar-te.
Até lá, vai passando que eu faço o mesmo.
Será que ainda tens o meu número?
O teu foi num telefone qualquer que se perdeu pelo caminho...

Beijos também cheios dessa coisa!!

 
At 10/10/2008 3:34 da tarde, Blogger WOLF escreveu...

Linda,claro que não te posso dar o numero por aqui,depois eram só fans a telefonar-me,hehehehe,e eu não tenho tempo,mas faz o seguinte quando me "visitares" la no blog esta o meu mail,manda-me o teu que eu dou-te o meu numero,boa?loool.
Gostei dos beijos cheios dessa"coisa",hehehehe.

beijos bons :o)

 
At 10/10/2008 4:09 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Claro que compreendo o problema de me dares o número aqui...compreende que o meu é o mesmo!!LOL
Vou enviar-te um email para marcarmos uma forma quaqluer de matar a coisa...claro que estou a falar da coisa do beijo. A saudade, it self!!!

 
At 10/11/2008 2:08 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

sem comentarios! este site transformou-se em site de engate.
é o daniel viajar e isso vira esta bagunça

 
At 10/11/2008 2:23 da manhã, Blogger Isabel Faria escreveu...

Arménio, sou apologista de engates a cores e ao vivo. Os virtuais não me enchem as medidas.

 
At 10/11/2008 11:38 da manhã, Blogger F Nando escreveu...

A minha rua é mais urbana pessoas que passam apressadas, carros parados que trazem e levam meninos, e o cruzar de quem se vê e nem se conhece (será do nº 4? Não deve ser do 9 pois mora do outro lado).
Bem um fim de semana á porta e vou abrir de deixar entrar

 
At 10/11/2008 1:13 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Nando, eu tinha-te dito que ainda havia mais pedacinhos de Alentejos na cidade.
Bom fim-de-semana. Deixê-mo-lo entrar, pois.

 
At 10/13/2008 3:02 da tarde, Blogger Coluna escreveu...

somos vizinhos. ai somos somos...

 
At 10/13/2008 3:20 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Posso continuar a sentir-me segura?? :))
É que até me podes ter roubado o nome do Blog, mas por favor não me mandes um vaso à cabeça, nem me roubes o gozo de viver ali...nem me faças mal ao gato...nem me metas cascas de banana no chão... Deixa lá manter a guerra sossegada aqui neste mundo virtual (se a quiseres manter...) e curtamos a Pena, no outro Mundo!

 

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