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sexta-feira, novembro 14, 2008

"A Esquerda será sempre um “campo de tensão", tensão do inventor antes da invenção, do descobridor antes da descoberta, do poeta antes do poema..."


"Conhecia" João Martins Pereira há mais de trinta anos. Conheci-o muitos anos mais tarde, não faço ideia quantos, e recordo que, no momento em que o encontrei pela primeira vez, foi como se, por um daqueles truques de magia que o cinema costuma usar, o passado e o presente se entrelaçassem numa qualquer dança serena frente aos meus olhos.
Tinha 17 anos, quando lia o João Martins Pereira na Gazeta da Semana.
Mas a descoberta tinha sido, creio, no "Indústria, ideologia e quotidiano".
Numa frase que não sei reconstruir, num livro que nunca reli, que falava do capitalismo em Portugal, alguém, que mo ofereceu de prenda de aniversário fez questão em, a lápis "que eu sei que não há lápis que durem sempre" sublinhar o verbo " amar-nos-emos". Foi a declaração de amor possivel, num tempo em que a urgência de mudar o Mundo tornava quase proíbido perder tempo a falar de amor.
Durante esse ano, o amor cimentou-se, sem possivelmente nunca dele se ter voltado a falar, por pudor em perder tempo com "ninharias" perante a urgência e a premência de viver, primeiro, e de salvar, depois, uma revolução que nos sentiamos perder. Eu continuei a ler o João Martins Pereira, na Gazeta. Mais tarde noutros lugares.
No dia que o encontrei pela 1ª vez, quando me disseram que era ele, devo ter pensado que deveria ter conseguido dizer "amo-te" naqueles anos de brasa...mas senti-me orgulhosa de ter tido um amor que me falou do seu amor com as suas palavras.
...
Partiu hoje. Deixa uma obra indispensável para quem quis e quer (re)pensar a Esquerda. Com o tempo perdeu-se o pudor de falar em amor. Também se perdeu a Revolução, é verdade. Mas não há bela sem senão.
Aqui fica um link para um artigo do JMP, publicado na Revista Combate em 1993 e transcrito pelo Esquerda.Net.
"As mudanças que a Esquerda propõe ou exige, só a ela cabe decidi-las ou julgá-las. Sendo certo que "só mudará tudo, se não ficar tudo na mesma". "Isto é, terão que mudar coisas essenciais. ".
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Para além do episódio pessoal do meu verbo sublinhado, será o João Martins Pereira que sempre procurou novos caminhos para a Esquerda, que guardarei.

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2Comenta Este Post

At 11/15/2008 9:21 da manhã, Blogger josé palmeiro escreveu...

Zabelinha, isto de estar longe, torna as coisas assim. Soube da partida do João Martins Pereira, ontem à noite, quando me ia deitar. Hoje dou com esta tua reflexão, onde colocas todo o teu sentimento e, mais uma vez, sinto-me honrado, por me teres por amigo. Eu não seria capaz de fazer melhor e, por isso, assino por baixo, as tuas palavras.
É que a ESQUERDA, é mesmo como ele a definiu, ... "um campo de tensão"...

 
At 11/15/2008 2:28 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Pois a esquerda como eu a entendo é um campo de tensão, o João Martins Pereira assim o entendia, o PCP e os seus militantes nunca o entenderão, por isso a minha dúvida , de que realmente o PCP ainda se possa considerar um partido de esquerda.

O Blogue Lisboa Lisboa do assessor do PCP á Camara de Lisboa , que ganha 3.000 euros por mês, tem nos ultimos tempos feito cavalo de batalha dos artigos de Pedro Soares de critica a Sá Fernandes, este sr. Carlos Mendes, é dos tais que não só não aceita que a esquerda seja um campo de tensão, como tenta sempre que pode, acirrar as contradições que existem, e ninguem esconde, entre Sá Fernandes e o Bloco.

Passem pelo Lisboa Lisboa e vejam como o PCP debate as divergências dentro do Bloco.

 

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