Ainda a manif de professores
Sócrates ontem teve mais um daqueles seus rasgos de demagogia em que é especialista. É certo que também lhe facilitam a vida por vezes, como foi o caso, quando os sindicatos não sabem o que andam cá a fazer. Ao dizer que, no mínimo, o que as estruturas sindicais deveriam fazer era respeitar os seus compromissos, quis desvalorizar a manifestação de professores e ao mesmo tempo encostar os sindicatos à parede. Conseguiu. Mas a realidade é que, no dia a seguir ao assumir de um compromisso por parte das estruturas de trabalhadores, os professores demonstraram logo a sua discordância o que só por si deita por terra qualquer acordo. É que os sindicatos representam os trabalhadores e se estes não concordam com o acordo não é uma cúpula sindical os pode obrigar. Por isso nasceu esta manifestação. Há que relembrar que ela não foi inicialmente marcada pelos sindicatos. Foi por plataformas independentes de trabalhadores não representados e é nessa base que temos de analisar esta manifestação pois a "colagem" das estruturas foi posterior e a reboque.
O que tiramos desta manifestação é que os professores não estão com o Governo. Que não concordam com um modelo educacional que vão ter de aplicar aos nossos filhos. Que estão descontentes e desmotivados e provou uma coisa maior e cujo mérito ninguém lhe tira: É que mesmo desmotivados, descontentes, chateados e "lixados" pela política deste desgoverno, continuam a ensinar os nossos filhos o melhor que podem e o melhor que sabem e isso em escolas, muitas delas, sem condições, onde o material escolar é uma miragem se não fosse o apoio económico dos pais (eu, por exemplo, pago no início de cada ano para que o meu filho tenha materiais que a professora precisa para dar o programa) e em salas sem condições (a do meu filho foi pintada pelos pais de alguns alunos embora eu não tenha estado presente por razões pessoais).
Desta manifestação dos professores todos podem tirar ilações.
Sócrates terá de ver que o caminho escolhido é errado. Os sindicatos deverão pensar se ainda representam alguém e os professores podem depois desta manifestação ter a certeza de que têm mais poder que alguma vez imaginaram e que não precisam de esperar por ninguém para que resolvam os seus próprios problemas.
Etiquetas: Daniel Arruda
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Caro Daniel Arruda,
Em relação á questão de quem representa quem, estamos a falar de sindicatos, aguardemos pela manifestação do proximo dia 15 e depois falemos.
Talvez destas duas datas, 8 e 15, se veja de facto quem é que tem legitimidade para falar em nome de quem.
Aguardemos com serenidade.
Cumprimentos
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