PCP em Congresso

O PCP realiza durante este fim de semana o seu XVIII Congresso.

Como não sou militante do Partido, politóloga, "historiadora expert no PCP", como Pacheco Pereira (!!??), apenas ouso ver o PCP trabalhadora e militante de Esquerda.

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Como trabalhadora, conheço o pior do PCP. Conheço o PCP do Movimento Sindical "unitário", que controla direcções sindicais, que continua a entender o Movimento dos Trabalhadores como movimento dos trabalhadores certo, se o controla...como movimento dos trabalhadores vendido, traidor, social-democrata ou, nos casos (para o Partido) menos graves, inconsequente, quando este surge autónomo, se recusa a ser controlado partidariamente e a cumprir calendários partidários. Mas como trabalhadora também sei que a influência do PCP no movimento dos trabalhadores é real e que não é possível lutar contra o regresso ao passado nas empresas, nos serviços ou no País, sem com ele e com eles (os trabalhadores do PCP) contar. E sei que quando saio à rua a lutar contra o Código de Trabalho ou por uma vida mais digna é com eles que estou.

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Como militante de Esquerda, comecei a conhecer o Partido há trinta e tal anos, mas não vale a pena negar que muitos dos que hoje estão comigo na "minha" Esquerda tiveram, então, actuações também elas reprováveis, sectárias, anti-democráticas, estalinistas. Do passado, pois, falarão os historiadores e falará a nossa história pessoal. Obviamente, também falará aquilo que penso dos movimentos colectivos que se fizeram com, à revelia ou contra o PCP. Os passos que se deram com, à revelia ou contra o PCP. Não cabe nem num post nem num Sábado de manhã...

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Como militante de Esquerda, conheço o PC do movimento autárquico. Conheço muitas das suas gestões exemplares de autarquias mas também conheço a forma como se foram integrando no sistema do "centrão" autárquico. Como se foram deixando enredar nas teias dos construtores civis e dos interesses comerciais, como foram esquecendo a justiça social e nunca desistiram do controle partidário de serviços, trabalhadores, opções e convergências políticas. E conheço as suas constantes alianças à Direita. Alianças muitas vezes não claras, sem pressupostos claros, sem objectivos claros, ou, pelo menos, sem claros objectivos de uma gestão de Esquerda.

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Como militante de Esquerda conheço a não demarcação de regimes anti-democráticos, a desculpabilização da falta de democracia em nome de ameaças imperialistas, passadas, presentes, ou, quiçá, futuras. A aceitação insane de caracterizar regimes como o chinês ou o coreano, como de "construção do socialismo".

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Como militante de Esquerda não me revejo naquilo que é a forma como discutem opiniões, aceitam desacordos, vivem com as dúvidas dos seus militantes e dirigentes. Aliás, como militante de outro Partido, combato, internamente, cada atitude, cada comportamento, em que não somos, a nível de democracia interna, diferentes, ousada e definitivamente diferentes.

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Como militante de Esquerda vejo com aprensão o retrocesso a nível de linguagem, de postura, de abertura que as teses em discussão no Congresso constituem.

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Finalmente, como militante de Eequerda, sei que o PCP tem que fazer parte das convergências que se criem/se criam contra Sócrates e contra as suas políticas de Direita. Sei que, mesmo com o Partido Comunista a reiterar, e parece que duma forma ainda mais evidente (e sectária), neste Congresso, a tese do único e do puro, as alternativas de Esquerda passam por ele. Passam, se não pelos seus dirigentes, pela força social que o PC tem. E sem ela, não há alternativa de Esquerda.

Seja contra a vontade dos seus dirigentes, seja contra a vontade dos dirigentes de qualquer outra Esquerda, incluindo alguns da "minha", seja contra, (e porque não reconhecê-lo?) muitos dos meus próprios preconceitos pessoais, sei que sem muitos daqueles que hoje se reunem no Campo Pequeno não é possivel criar alternativas a Sócrates nem lutar por uma sociedade mais justa.

E sei que com muitos deles me encontrarei nas mais variadas circunstâncias. Porque se assim não for, continuaremos para sempre condenados aos Sócrates e às Ferreiras Leites deste País.