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terça-feira, julho 07, 2009

Carta aberta

Camarada,
...
Num Mundo ideal, talvez desse para separar as coisas. Todas as coisas. Os amigos das convicções. Os afectos dos compromissos. Afinal, num mundo ideal, já não havia nem desemprego, nem fome, nem lay off, nem perseguições. Sei lá, se nos poderiamos dar a esses "luxos"...
Num mundo ideal, a Comunicação Social daria muito mais importância às nossa noites sem dormir, porque são precisas respostas, do que aos nossos jantares mais ou menos públicos.
Num mundo ideal, talvez nos pudessemos dar ao luxo de fazer intervalos nas lutas e, nesses intervalos, pensarmos só em nós. Afinal, ainda haveria muitas lutas por vencer (haverá sempre muitas lutas por vencer, porque um mundo ideal nunca será o mundo ideal), mas já tinhamos conseguido vencer a fundamental: tinhamos criado um mundo justo.
...
Não sei, ando há anos a procurar saber, como seria um mundo ideal, mas de uma coisa não tenho dúvidas: num mundo ideal os nossos actos continuariam a ter consequências. Teriamos que pensar nelas antes de fazer escolhas. Até porque num mundo ideal teriamos que continuar a ter princípios.
...
Quero acreditar que continuas a estar do lado dos que lutam por esse Mundo. Apesar dos erros. E foi um erro, camarada. Grave.
...

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28Comenta Este Post

At 7/07/2009 10:10 da manhã, Blogger josé palmeiro escreveu...

Nesta comunicação, não sei se te hei-de chamar por, Amiga, ou Camarada.
É que, no teu caso eu, sem os confundir, não os consigo dissociar.
Como gostaria de viver nesse mundo ideal, para o qual, temos que, diáriamente erguer as guardas e lutar, sem desfalecimentos, apesar das atrocidades de que somos alvo.
Mas como me parece que o que escreveste tem destino, logo mais indivudualizado que generalista, eu, que estou longe, gostaria de saber se terá havido algum erro, que não tenha sido grave?
É que não encontro, um que seja, que não belisque os princípios por que lutamos!

 
At 7/07/2009 12:17 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Tens razão, José, camarada e amigo.
E esse é o maior (e mais injusto?) de todos os desafios: sabemos que nas lutas por esse mundo ideal, todos os erros são graves.

 
At 7/07/2009 12:46 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Talvez ao contrário da Isabel, eu consiga ver a situação por outro prisma.

Pode-se reconhecer o esforço de um cidadão que ao desempenhar um determinado cargo politico, por muitos erros e até politicas implementadas com que discordemos, tenha tido em casos pontuais , actuações correcta.

E negar essa evidência tambem é grave.

Se em determinada situação, a sua actuação merece apoio, não é errado dizê-lo e assumi-lo publicamente.

Pode ter sido desastrado e politicamente incorrecto, ir ao jantar, um telegrama de agradecimento penso que bastaria,mas éticamente e do ponto de vista pessoal, penso que ao assumir esta atitude, o camarada revelou-se um cidadão que merece o meu respeito.

E realmente não há mundos ideais, como não há militantes puros, nem dirigentes que não cometam erros, mas sobretudo por vezes, há gesto que sendo mal interpretados, podem levar-nos a fazer analises , que em nada corrspodem , nem ás pessoas que os praticam, e muito menos, ás suas convicções, e ao seu apego em continuar a lutar pelos direitos dos trabalhadores , que por voto democratico e maioritariamente o elegeram para os representar.

 
At 7/07/2009 1:01 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Caro anónimo,~

1 - "o camarada revelou-se um cidadão que merece o meu respeito."
O camarada sabe que é um cidadão que merece o meu respeito.
O cidadão sabe que é um camarada que merece o meu respeito.

2 - Não creio que a actuação de Manuel Pinho mereça elogios. E assumo-o publicamente.

3 - Se acreditasse que se tinham alterado as convicções não usaria o termo "camarada".

4 - Sempre direi o que sinto e o que penso. Criticarei o que me parece errado e aplaudirei o que me parece certo. Mas sei que os meus actos têm consequências.

 
At 7/07/2009 2:31 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Isabel repare, a Fabrica Bordalo Pinheiro esteve presente, os trabalhadores da Quimonda mandaram telegrama, são casos , que por muito que discordemos da acção do ministro, devem fazer-nos pensar.

A visão que temos do ministro , é que teve uma actuação ao longo dos anos que merece todas as criticas, isso não impede, como lhe disse, que em casos pontuais, possa ter tido actuações meritórias.

Quando criticamos e até para essa critica ter força, nunca devemos deixar de reconhecer os pontos positivos se os houver.

A generalidade das politicas implementadas por Socrates durante estes quatro anos, conduziram o país e os trabalhadores ao estado em que nos encontramos, no entanto não podemos deixar de reconhecer que pontualmente houve medidas com que até concordámos.

E ao assumir-mos isto , não estamos , como dizem os nossos adversários, a preparar alianças com o Socrates para depois das legislativas, ou a fazer o jogo do PS.


Felismente que há partidos em que a critica é livre , e os militantes têm todo o direito de expressar as suas opiniões,é assim que deve ser em democracia,e quando se cometem erros, ou quando se fazem analises erradas, o debate de ideias, e o confronto de opiniões, é o único caminho que leva ao reforço do colectivo partidário.

 
At 7/07/2009 2:44 da tarde, Anonymous fj escreveu...

O comentário é igual ao que deixei acima. Agora é só dizer que concordo com a Isabel no que diz sobre erros.

 
At 7/07/2009 3:00 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Anónimo, nunca me verá a criticar quem quer que seja por reconhecer que o Governo de Sócrates ou o próprio Sócrates possam ter feito coisas positivas.
Sempre me verá a não entender que isso seja motivo de agradecimento ou que nos possa permitir atitudes não claras.

Ás opções politicas e sociais do Governo do PS não são as minhas. Manuel Pinho pode ter tido atitudes positivas em relação a casos concretos (não vou discutir isso neste post, porque este post não era sobre isso), mas as ditas atitudes supostamente correctas não negaram, não contrariaram, não abanaram as opções de fundo do Governo.
Ãliás, Manuel Pinho não saiu do Governo por divergências poliíicas com as escolhas de política económica e social do Governo do Código de Trabalho ou da Reforma da Segurança Social ou dos subsidios milionários aos banqueiros, ou dos ataques ao SNS ou ao ensino público...ou...ou... Manuel Pinho foi afastado porque foi incómodo para a imagem pré-eleitoral do Governo Sócrates.
Manuel Pinho foi, quando muito afastado por uma questão de carácter, não de politicas.
Isso não lhe dá a ele, do meu ponto de vista, nenhuma credibilidade. Reitera a falta de honestidade política do PS.

E deixe-me só tentar recordar: com que medidas deste Governo é que eu concordei? Que medidas que afectem o nosso dia-a dia, que salvaguardem o nosso futuro e o dos nossos filhos, que nos tornem um País mais justo é que Sócrates tomou e com as quais eu concordei?

Concordo com o seu último parágrafo.Por isso é que cá estou.

 
At 7/07/2009 4:27 da tarde, Blogger samuel escreveu...

Gosto da "carta"!

Abreijos.

 
At 7/07/2009 4:45 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Samuel, talvez não seja a "ideal".
Para mim é a necassária e suficiente.
Nestas coisas de dizer o que se pensa, nunca se encontra a forma ideal...apesar de tudo, tarefa bem menos dificil que quanto a mundos, convenhamos :))
Para ti também.

 
At 7/07/2009 5:02 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

FJ, com a idade, a gente deixa de ter dúvidas que todos os nossos actos, os erros e os acertos, têm consequências.
È um erro, tentar ignorar os ensinamentos que a vida nos dá.

 
At 7/07/2009 6:01 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Isabel está a ver como tambem o Samuel aparece por aqui, pena que o CANTIGUEIRO, nunca tenha tomado posição, sobre atitudes , por vezes bastante criticáveis do PCP.

Por exemplo sobre artigos tipo Leandro Martins no Avante.

Mas sabemos para isso é preciso coragem, pois no PCP quem publicasse algo que não fosse aprovado pelo Comité Central, certamente o caminho seria a EXPULSÃO

 
At 7/07/2009 6:29 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

“Num mundo ideal, a Comunicação Social daria muito mais importância às nossa noites sem dormir, porque são precisas respostas, do que aos nossos jantares mais ou menos públicos.” ????

O costume. Agora a culpa é da Comunicação Social...

 
At 7/07/2009 6:32 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

"um telegrama de agradecimento penso que bastaria" ????? como o dos BE's da Qimonda, certo?

 
At 7/07/2009 7:15 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Anónimo das 18.01, nunca fui do PCP. Não penso alguma vez vir a ser do PCP.
Não me interpeles, pois, sobre essas impossibilidades de que falas. Sou a pessoa errada. Dá para ver por este post, não dá?

 
At 7/07/2009 7:16 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

"O costume. Agora a culpa é da Comunicação Social..."
O que eu curto a argúcia dos nossos comentradores...

 
At 7/07/2009 9:44 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

“ao assumir esta atitude, o camarada revelou-se um cidadão que merece o meu respeito.”

Então acha bem o DN ter noticiado o repasto, certo? É que eu acho que o DN esteve muito bem ao noticiar.

 
At 7/07/2009 9:52 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

"a Fabrica Bordalo Pinheiro esteve presente, os trabalhadores da Quimonda mandaram telegrama"

O Carlos Elias da Bordalo Pinheiro é da UGT, a CT da Qimonda é do BE, onde está o espanto?

Ou já se esqueceu que além do Chora também o Proença da UGT defendeu a proposta do patronato da Autoeuropa?

Há 30 e tal anos atrás era o MRPP de braço dado com o PS. Agora é o BE de braço dado com o PS e com a UGT.

 
At 7/08/2009 1:48 da manhã, Blogger samuel escreveu...

Caro anónimo das 6:01,

Obrigado pela maneira subtil como me chamou cobarde... sempre é menos chato que ser de caras.
Ah... e acrescento uma informação que tem tanto de inútil, como de verdadeira: o PCP não pode expulsar-me! :-)))

 
At 7/08/2009 3:35 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Samuel o PCP não o pode expulsar....

Porque já não é militante do partido?

Então ainda é mais grave, pois deveria demarcar-se dos ataques soezes, que tantas vezes o partido que apoia, ( e de que pelos vistos não é militante),
faz a outras forças de esquerda.

Mas lembrei-me agora , lembram-se da inauguração do Metro Sul Do Tejo, com a presença de várias figuras do governo de Socrates entre elas Mario Lino, e dos elogios da Camarada Emilia presidente da Camara de Almada?

Era a militante do PCP que fazia elogios a Mario Lino , o tal do JAMAIS.

Ou a Presidente da Camara de Almada dirigida pelo PCP, que na sua função, entendeu receber condignamente os convidados.

Ou os elogios foram a titulo individual???

E falo da D. Emilia como poderia falar de outros autarcas do PCP, que têm recebido Socrates e outros ministros do governo PS, e nas boas vindas não deixam de lhes endereçar rasgados elogios.....

Em suma , ser membro de uma comissão de Trabalhadores com o peso da Auto Europa, ser dirigente sindical da CGTP, ser autarca, ser deputado, impõe contactos, discussões, aproximações pessoais, entre pessoas , que até podem discordar politicamente , mas que podem reconhecer mutuamente qualidades, e esforços na resolução de problemas.

Carlos Elias é da UGT , a CT da Quimonda é do BE, e os trabalhadores da Quimonda e da Fabrica Bordalo Pinheiro são de quem?

 
At 7/08/2009 6:35 da tarde, Anonymous Manuel Monteiro escreveu...

Isabel Faria
O problema não está no erro ou nos erros. Sartre dizia que há erros inteligentes que valem mais do que mil verdades repetidas.
O problema está no oportunismo e nos oportunistas...
Manuel Monteiro

 
At 7/08/2009 6:49 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Muito eu gostava de saber o que é que uma cerimónia pública tem a ver com um jantar de amigos!

 
At 7/08/2009 8:50 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

“e os trabalhadores da Quimonda e da Fabrica Bordalo Pinheiro são de quem?” que saiba são todos filhos dos seus pais e mães...Os da Bordalo Pinheiro mais lutadores – não deixaram as coisas nas mãos dos seus Choras – e lutaram na rua com o seu sindicato, os da Qimonda mais conformados.

 
At 7/08/2009 9:58 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Manuel Monteiro, uma coisa te garanto: no dia em que for essa a conclusão que eu tire de um meu camarada de Partido, sobretudo se com ele tiver a relação que tenho com o Chora, ele será o 1º a sabê-lo. Como o Chora foi o 1º a saber o que eu pensava da sua ida ao jantar de despedida do Pinho.
Como tenho a certeza que ele sabe, neste caso sem precisar de lhe dizer, o que penso das suas declarações de hoje no DN.

Nestas coisa,, não costumo mandar recados. E, como escrevi, enquanto eu chamar camarada aos meus camaradas, é porque vejo erros e não outra coisa com nomes mais ou menos chatos...quando vejo, o termo camarada é o 1º a morrer...Já aconteceu algumas vezes.

 
At 7/08/2009 10:25 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Como é habitual o PURO Manuel Monteiro vê em tudo oportunismo e oportunistas.

Pois é Manuel Monteiro, PUROS só conheço os havanos, e o nosso velho respeitado e já desaparecido Francisco Martins Rodrigues.

E mesmo ele, muitas vezes chegou á conclusão que errava nas análises, mas ele foi dos ÙNICOS.

Mas o molde com que foi feito o CHICO MARTINS, e já agora o FRANCISCO MIGUEL e mesmo o Dias Lourenço ( este felizmente ainda vivo) quebrou-se, hoje somos todos menos idealistas e mais terra a terra, e por isso com todas as insuficiências, vamos tentando construir uma alternativa de esquerda.

Possivelmente para o Manuel Monteiro , somos todos uma cambada de oportunistas, mas o que dizemos é que é fácil criticar, mas construir algo sólido que seja uma alternativa, aos PSD-CDS-PS r ás suas politicas, e que não tenha os vicios sectários nem verdades unicas do PCP,e que possa ser uma real alternativa de esquerda, para governar Portugal, sim sim governar, pois é essa a missão final de qualquer cidadão que se empenha na luta politica, lutar para ser governo,com propostas de esquerda que sejam maioritárias no eleitorado, e que possam conduzir Portugal, não aos amanhã que cantam , mas a uma sociedade mais justa e solidária.

 
At 7/08/2009 11:50 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

"Como o Chora foi o 1º a saber o que eu pensava da sua ida ao jantar de despedida do Pinho."

Não foi isso que ele disse ao DN, mas sim: "Comigo ninguém falou e quando falarem estou à vontade para responder (...) Percebo que, infelizmente, as pessoas em Portugal confundem muito as coisas. Utilizam muito o lema, segundo o qual, o que parece é. Mas comigo nem sempre o que parece é. E na maioria das vezes, não é mesmo (...). Quem quiser que retire as consequências políticas. Sinto-me (de pedra e cal no BE), porque até hoje ninguém pôs em causa a minha continuidade".

 
At 7/09/2009 7:19 da tarde, Blogger samuel escreveu...

Anónimo da 3:35,

É de facto gravíssimo!
Vou pensar seriamente em demarcar-me. Quando estiver devidamente "demarcado"... talvez comece a produzir vinho. Tudo é melhor negócio que as cantigas que teimo em cantar... :-)))

Saludos!

 
At 7/09/2009 10:18 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Anónimo das 23.50 não falei com o Chora. O Chora foi o 1º a saber o que eu penso da sua ida ao jantar, apesar de não ter falado com ele (há outros meios de se contactarem pessoas, no sec XXI.) Soube-o muito antes de eu publicar este texto.
Possivelmente o Chora referia-se a alguém da CP do Bloco à qual pertence. Não sei responder a isso. As declarações são do Chora.

 
At 7/10/2009 1:40 da tarde, Blogger maugustomonteiro escreveu...

Anónimo(Ah, como eu odeio falar para anónimos...) A tua linguagem em relação a mim é a mesma de sempre: o histerismo contra o esquerdismo. Não vês que isso é uma escola velha? A escola dos burocratas do PC contra os revolucionários; a escola que o BE agora amplia. O puro Manuel Monteiro, dizes? Se conheces a minha história deves ter um pouco de respeito por ela. Combate as minhas ideias, mas não me procures rebaixar com slogans burgueses. O que tens contra a minha pureza? Já me "sujei" em todas as tácticas e alianças do mundo e nunca me arrependi. Nunca abandonei a minha classe, as minhas ideias revolucionárias, a minha prática em todas as frentes de luta anticapitalista e anti-imperialista.Ainda hoje,com mais de 60 anos, me podes ver nas manifestações, à porta das fábricas em luta, nas sessões e manifestações contra agressão aos povos. E estou com dirigentes e militantes do PC, CGTP, BE (infelizmente poucos-porque preferem mais a companhia do Manuel Alegre) Defendo a revolução, a luta de classes, o fim da propriedade privada.Não posso? É crime? Não defendo, como o teu dirigente Louça, que quero ser 1º ministro na sociedade burguesa...
Tenho muito orgulho que me coloques na mesma galeria, que não mereço, desses velhos revolucionários que mencionaste. Já não existe gente como essa? Da luta futuro, quem sabe?
Manuel Monteiro

 

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