Uma morte, uma traição e um engano

Há um facto incontornável nesta campanha eleitoral e esse facto é tão só aquilo que o PSD quer esconder a todo o custo. É que a campanha deste partido acabou. Deixou de existir e acima de tudo deixou de ter razão para existir porque depois do discurso de política de verdade e da asfixia democrática (com a qual até concordo embora não na boca do PSD) a bomba ou traição do Presidente da República só podia fazer uma grande mossa.
Podia o PSD ainda mudar de discurso? É um facto, mas ninguém o compreenderia até porque ficou claro para todos que existe no PSD a ideia que se pode instrumentalizar os cargos de modo a garantir resultados. Poderia o PSD manter o discurso? Claro que podia, mas ninguém o levará a sério. Em suma, veja-se de que ângulo se vir a campanha está morta e sem sentido.
Ontem assistimos ao estrebuchar do morto. Aquele último espernear antes do último suspiro, pela voz de Pacheco Pereira. Cavaco Silva tem de esclarecer todo o caso antes de Domingo de modo a ainda reparar um pouco do rombo que ele próprio causou dizia este candidato a deputado. Trocado por miúdos, agora que o mal está feito, e as declarações de Pacheco Pereira são a prova de que o PSD já aceitou o facto como consumado é importante que o PR venha amenizar as coisas. Suprema ignorância.
O PR tem três hipóteses agora. Ou mantém como oferenda o cordeiro Fernando Lima salvando a sua pele e “enterrando” o PSD ou salva o PSD ilibando-o de responsabilidades e com isso obriga-se a ele próprio a demitir-se pois assumiria que esta guerra institucional tinha efectivamente partido dele. A 3ª hipótese é a de que a história verdadeira de todo este caso seja de tal maneira macabra que contando a verdade se afundem os dois. Perante estes cenários não me parece difícil saber qual vai ser a escolha de Cavaco. Por muito que ninguém se acredite que Fernando Lima, um homem com mais de 20 anos de experiencia política, tenha cometido esta imprudência e estupidez sem conhecimento de Cavaco. É que oferecendo ao supremo castigo Fernando Lima e por consequência Manuela Ferreira Leite, Cavaco está a salvar a sua pele.
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No entanto espanta-me a passividade dos comentadores do bloco central na nossa comunicação social espanta-me. Parece que nada se passou. Que nada é importante, porque é preciso a todo o custo que se mantenha a ideia de que a escolha para 1º ministro é entre Sócrates e Ferreira Leite para assim se poder manter a chantagem que desde o 1º dia tem pautado a pré campanha e campanha. O voto útil. Por isso não se pode dar a ideia que á direita a campanha morreu. Já não existe e que não tem alternativa ou credibilidade. Porque assim não é preciso reconhecer que o verdadeiro combate pela alternativa de poder em Portugal é feita á esquerda e por isso o voto útil passar a ser nas forças á esquerda do PS, para todos aqueles que anseiam por outro Portugal, mais justo, mais solidário, mais rico.

Sócrates já o descobriu, mas mesmo ele quer encobrir isso ao máximo, continuando a bater no ceguinho. É a política de verdade do PS, enganado sistematicamente os portugueses. O problema é que os portugueses não são estúpidos nem se deixam enganar assim.