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quinta-feira, outubro 12, 2006

Não a estou a ser capaz de impedir de passar...


Não fomos muitos anos à praia. O dinheiro não chegava. Às vezes, iamos à beirinha do Tejo. Levávamos panados e faziamos um picnic. Conhecias os lugares todos. Contavas-me histórias de quando eras menino e ias ver o Tejo. E eu gostava de brincar com a areia. Gostava de com uma mão fazer a areia passar na outra mão, um bocadinho aberta.

Num ano em que fomos à praia (não sei se não terá sido o único em que fomos os três) eu continuava a brincar com a areia. E tu continuavas a saber os lugares todos. Não entendia como. Raras vezes tinhas ido à praia. Não levávamos panados, mas comprávamos tamares e bolas de Berlim que vinham em caixas grandes de lata. Com prateleiras. Só podia ser um tamar ou uma bola. E, normalmente, vocês não comiam.

Olho agora a minha mão, semiaberta. Imagino a areia a passar por ela...e não é areia que vejo. Teimosamente, na minha pão passa o tempo...sempre achei que a areia do Tejo era mais grossa que a da praia. Não faço ideia se era...mas a areia/tempo que agora passa, é a da praia, mesmo. É fina. Passa tão depressa no buraquito que a mão faz.

Estás a deixar de conhecr os lugares. Lembras-te de muitas histórias de há muitos anos. Mas, às vezes, esqueces (muitas vezes, esqueces) o que falámos há dois minutos. E eu tenho medo.
Dantes bastava que a mão direita não pegasse na areia e ela não passaria pela mão esquerda, semiaberta.

Com o tempo não está a funcionar. E eu tenho medo. Até porque não te consigo convencer que precisas de ajuda para voltares a encontrar os lugares. E que eu não sou capaz de impedir que a areia passe na minha mão.

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At 10/12/2006 1:19 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Há alturas em que se tem de ter aquela coragem. Aquela que é cega e insensível. Aquela em que nos temos de tornar pessoas sem o mínimo de sentimento e esquecer quem está do outro lado.
É dificil mas no bem de ambos é necessário. Só assim conseguirás convencer o outro do que é melhor. É por essa razão que somos sempre bons a dar conselhos a outros. Porque estamos afastados e é esse afastamento que vais ter de conseguir.

 

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