A foto da semana

Queria colocar uma foto alusiva ao Natal. Pensei em juntar duas fotos. Uma de um Centro Comercial a abarrotar de gente. Outra de uma idosa, sem abrigo, sozinha numa rua de uma qualquer cidade. Depois arrependi-me. Escolhi esta. Uma sala. Uma árvore de Natal, rodeada de presentes. E uma mulher, sozinha, deitada num sofá. Na foto orginal, porque maior, pode-se-lhe ver a expressão. E também na expresão não se entende.

Os amigos, a família subsituiram a presença pelas caixas de papéis e laços berrantes e à meia noite estará sozinha para as abrir? São prendas dela para ela, para suportar a(s) ausência(s)? Está, apenas, a descansar após o trabalho de montar a árvore e logo, logo a casa encher-se-á de vozes e de risos, enquanto os papéis e os laços berrantes se acumularão num canto qualquer da sala?

Nas fotos que escolhi primeiro, viam-se dois Natais. O Natal do consumismo desenfreado. E o do abandono. Nesta que acabei por escolher, não sei o que se vê. Talvez se veja tudo o que pode caber num Natal. Ou tudo que nele não cabe.

Por uma razão qualquer é uma foto que me incomoda. E o Natal costuma incomodar-me.