Desejos
Irrecusável mas embaraçoso. A malta do Troll convidou-me a escrever uma coisinha, aqui no estaminé deles. Um post. Não se pode dizer que não a um convite destes, não é? Esta é a parte «irrecusável» da coisa. Mas escrever sobre o quê? Vem agora a parte «embaraçosa». A minha opinião sobre a política aqui da nossa terra e do resto do mundo não difere grandemente do que aqui eles escrevem todos os dias, pelo que não tem grande interesse repeti-lo. Por outro lado não só eu e a Isabel temos um modo de ver as coisas mais pessoais muito semelhante (é sabido por quem nos lê) como ela tem uma escrita intimista que dispensa adjectivos, portanto não devo também escolher esse campo. E assim, eu que falo imenso e despachada, vejo-me muito, mas mesmo muito atrapalhada, para redigir um ou dois parágrafos que ‘encaixem’ no Toll Urbano. Mas, OK, cá vai:
...
Desejos
Eu não sou saudosista. Enfim, quero dizer, claro que gosto de algumas coisas do passado mas, de uma forma geral, não me considero saudosista porque não só aprecio viver no presente como acredito que o futuro ainda será melhor. É evidente que sei reconhecer que este ‘presente’ tem umas ondulações digamos assim, onde por vezes a vida parece mais escura e nos sentimos numa montanha-russa demasiado agitada… Contudo, olhando mais ao longe, a vida é melhor hoje do que era há uns séculos atrás e, quero acreditar, que será melhor no futuro.
Dito isto, tenho agora espaço para lamentar que na vida moderna, ocidental, primeiro-mundo, se esteja a perder algo que era bom, que era um bem: a capacidade de apreciar o tempo do desejo. Eu comecei a notar isso primeiro nas crianças e adolescentes, mas cada vez mais reparo que alastra para os adultos e ‘apanha’ toda a gente. Vou explicar melhor o que quero dizer quando falo em «tempo do desejo».
Umacriança pessoa quer qualquer coisa. Pode ser um brinquedo objecto, pode ser um passeio, pode ser ouvir uma música ou ver um filme, não interessa o quê. O tempo que medeia entre essa vontade e a sua realização, é o que chamo o «tempo do desejo». Imagina-se como ‘isso’ vai ser bom, saboreia-se esse momento, cria-se na nossa imaginação um cenário ou até vários onde esse desejo entra. Na minha opinião, essa «espera» é um valor acrescido àquilo que se deseja.
Mas, verifico que esse período vai sendo encurtado até quase desaparecer. Mesmo entre adultos, essa capacidade de esperar com prazer, está a evaporar-se. Encontro muitas pessoas que me dizem que ou aquilo que querem vem logo, ou já nem vale a pena. Como a criança a quem se dá um jogo e no dia seguinte quer outro porque já se fartou daquele.
Esta «civilização do descartável», fenómeno recente, não creio que nos torne mais felizes. Porque acredito que é o tempo que se espera por uma coisa que muitas vezes nos faz apreciá-la mais. O tempo certo, justo, não demais é claro, mas também não de menos.
Desejos
Eu não sou saudosista. Enfim, quero dizer, claro que gosto de algumas coisas do passado mas, de uma forma geral, não me considero saudosista porque não só aprecio viver no presente como acredito que o futuro ainda será melhor. É evidente que sei reconhecer que este ‘presente’ tem umas ondulações digamos assim, onde por vezes a vida parece mais escura e nos sentimos numa montanha-russa demasiado agitada… Contudo, olhando mais ao longe, a vida é melhor hoje do que era há uns séculos atrás e, quero acreditar, que será melhor no futuro.
Dito isto, tenho agora espaço para lamentar que na vida moderna, ocidental, primeiro-mundo, se esteja a perder algo que era bom, que era um bem: a capacidade de apreciar o tempo do desejo. Eu comecei a notar isso primeiro nas crianças e adolescentes, mas cada vez mais reparo que alastra para os adultos e ‘apanha’ toda a gente. Vou explicar melhor o que quero dizer quando falo em «tempo do desejo».
Uma
Mas, verifico que esse período vai sendo encurtado até quase desaparecer. Mesmo entre adultos, essa capacidade de esperar com prazer, está a evaporar-se. Encontro muitas pessoas que me dizem que ou aquilo que querem vem logo, ou já nem vale a pena. Como a criança a quem se dá um jogo e no dia seguinte quer outro porque já se fartou daquele.
Esta «civilização do descartável», fenómeno recente, não creio que nos torne mais felizes. Porque acredito que é o tempo que se espera por uma coisa que muitas vezes nos faz apreciá-la mais. O tempo certo, justo, não demais é claro, mas também não de menos.
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12Comenta Este Post
Bem vida, amiga. Nem sabes como fico feliz que tenhas aceite o convite e que sejas a nossa primeira convidada...já não tinha um post a seguir ao teu desde o Afixe...
Tens razão quanto ao tempo de desejo. Depressa. Já. Passaram a ser expressões para descrever os nossos desejos. Esse tempo é cada vez mais curto como dizes. Tornámo-nos crianças grandes nesta arte de querer tudo o mais depressa melhor senão jé é tarde de mais. Vamos assim desstindo de lutar. E de sonhar.
Cada vez mais nos esquecemos daquela sensaçãozinha quente de quando conseguimos ter uma coisa porque esperámos, que imaginámos, pela qual esperámos.
Acho que é assim com tudo...até com as relações.Se não nos pomos mesmo a pau.
Antes de mais dizer obrigado por teres aceite o convite. Gostei do texto. Uma bela descrição do nosso tempo faz de conta.
Gosto da tua definição do "tempo de desejo" Émièle. Faz todo o sentido. Por isso o momento que vivemos hoje em dia é especialmente grave. Repara que é durante a adolescência que se constrói grande parte ou uma parte muito importante do nosso carácter. E esse teu "tempo do desejo" desempenha um papel fundamental. Por exemplo: os adolescentes não têm tradicionalmente dinheiro. Mas têm, também tradicionalmente, tempo. E durante esse tempo imaginam, combinam, discutem, descrevem, experimentam, ensaiam, praticam, amam, interessam-se, detestam, identificam-se, etc etc. com as mil e uma coisas que fazem o quotidianmo de cada um. A adolescência é o espaço da reflecção. E repara como agora se quer que a sociedade, ou os pais, lhes ocupem os tempos livres, então eles ficam com pouco tempo, pouco espaço afectivo, para que este namoro com a realidade, o desejo e a sua concretização se ajude a materializar e, deste modo, facilite também o conhecimento de si e dos outros. Então todo o tempo (e espaço) é ocupado com as tais mil e uma actividades agora "arranjadas", "preparadas", "encomendadas" para a adolescência pelo nosso mundo. E o resultado é que o adolescente mal espaço/tempo tem para se ouvir/sentir a si próprio, para reflctir seja o que for de genuinamente seu. E passa a reflectir sim toda a cangalhada que, ao longo do tempo, a mesma sociedade o envolveu.
É por isso que muito dificilmente se encontra esse "espaço do desejo". É por isso que hoje em dia e cada vez mais vai sendo dificil resistir à imposição de escolher logo, decidir imediatamente entre as várias "ofertas" as quqis, sem sombra de dúvidas irão encher os bolsos de alguém, mas terão como consequência "natural" um empobrecimento humano e espiritual sem precedentes. Ora a maior parte das pessoas nem sabe o que é a dimensão espiritual do ser humano como sabes. E a humana há muito que anda ao Deus dará.
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Neste post, especialmente, porque dsde muito cedo aprendi que as pessoas que recebemos em nossa casa devemos receber com respeito, apagarei todos os comentários de todos os atrasados mentais. assim que os vir.
infelizmente n sei tocar piano.... mas anda ca por casa um de meia cauda pequenito ke era de uma tia avó fica bem giro na sala como decoraçao faz-me lembrar o marxismo actualmente tem mt bicho da madeira provavelmente daki a uns anos deito-o fora n kero ke isto alastre as madeiras da casa ke foram carissimas lolololol....
estou a rezar um pai nosso por vos....neste momento e n estou a brincar tb peço por vos...a Deus peço ke vos perdoe simplesmente por estarem desprovidos de razao.....alguem leu a critica da razao pratica. Os FP n leem mt so coisas do sindicato n é isabel do carmo....Pacheco o unico pacheco ke conheci vendia seguros coitado era um caloteiro do pior...tb vi o pacheco zarolho ke jogou no benfica....
Ass. St Inacio de Loyola
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Obrigada, Trolls, pela simpatia das palavras(além do obrigada pelo convite).
Bom, o que escrevi creio ser, apesar de ser sobretudo a minha opinião, mais ou menos consensual. Imagino que mesmo quem viva nesse frenesim do «agora e já» consiga ter o recuo necessário para ver que de outro modo seria melhor…
Olha que surpresa!
Já que estava no Troll comecei a descerpela página abaixo e volto a encontrar a Emiéle!!! Mas tu estás em todas, mulher?!
Bom, este tema, de formas diferentes, tem sido abordado lá pelas tuas bandas, mas não se pode deixar de concordar.
Eh! Olha que gostei do mal-me-quer!!! É tal e qual, «muito, pouco, tudo»...etc... A tal beleza e riqueza que a VIDA tem.
Olha ela aqui!!! E eu atrás da Joaninha como lá no Pópulo :)))
Emiéle, mas estás em todas, é????
É um post mesmo teu.
Mas olha que não fica aqui nada mal...
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