Sóis
Esta tarde fui ao hospital visitar uma pessoa amiga. Um quarto com quatro camas. Três eram senhoras idosas. A quarta, uma mulher ainda nova. Muito bonita. Não dava para não reparar que estava maquilhada. Sentado na cama, um jovem mais ou menos da idade do João Pedro (talvez um pouco mais velho). Falavam baixinho. Fui a última a sair, já com o horário da visita terminado. Reparei que havia uma caixinha de maquilhagem sobre a mesa de cabeceira. Uma enfermeira entrava para me dizer que a hora da visita tinha terminado e com ar sorridente disse-lhe que estava muito bonita. A mulher sorriu serenamente e respondeu “Hoje posso tirar mais cedo. O meu filho não pode vir à visita das seis...”. Com a mesma serenidade, pegou na caixinha e retirou o espelho. “Quer o desmaquilhante e o algodão?”. “ Se fizer favor”. ...
Saí. Fazia um Sol quentinho cá fora. Quando cheguei a casa o João Pedro fazia uma tosta. "Queres uma?". Faz um Sol quentinho aqui dentro.
Saí. Fazia um Sol quentinho cá fora. Quando cheguei a casa o João Pedro fazia uma tosta. "Queres uma?". Faz um Sol quentinho aqui dentro.
Etiquetas: Isabel Faria
6Comenta Este Post
Bonito sim senhor. Manter o moral elevado é preciso e é saudável. E sai barato afinal.
Depois, apenas falta manter a compostura, e não se deixar desanimar pelos momentos menos bons, e não ceder às partidas do nosso quotidiano.
É assim com qualquer boa mãe, no nosso mundo. Não é?
:D
É um sol interior, sim senhora. Vou mais longe do que disse o Leal Franco, porque o 'moral elevado' era o que ela queria que o filho tivesse, para ela própria a aparência não tinha essa importância, tanto que se desmaquilhou quando já «não era preciso». Mas ele tem toda a razão quando diz que deve ser assim com qualquer boa mãe. Mas, às vezes, há umas melhores do que outras...
A que viste tinha 5 ? muitas estrelas!
Émièle, também o senti assim. Era sobretudo para o filho que a caixinha servia. O pior (ou talvez não) é que ainda não consegui esquecer o olhar quando o filho saiu. Tem-me perseguido desde esta tarde. Há dores serenas?
Sem dúvida que o melhor da vida é fazer as coisas por Amor, mesmo que seja para que quem nos ame fique bem!
Tens toda a razão Emiele.
E o tema pode ser triste mas o texto tem uma beleza que dá força a quem o lê. Gostei Isabel!
Rita, não deve ser possível ter vontade para nos maquilharmos na cama de um hospital...sem ser po amor. A outros. E a nós.
Obrigada Célia. Ainda bem que gostaste.
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