« Home | Resquícios » | E ele que nem pense em desmentir-me... » | Prós e Contras » | Desculpem lá » | Porque é que a igreja julga as mulheres como indig... » | Nunca mais » | Os dois Nãos e a Lurdes » | A multiplicação » | As companhias da Marcha » | Música desta semana »

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Mais uma pérola

No Diário Digital deste dia vem uma pérola de uma pessoa por quem até tenho alguma estima, quanto mais não seja pelos debates civilizados que com ele consegui manter. Um texto onde aparecem cheias de significado palavras como "perdoar-se", "Esperança", "bondosa", "Vida", "ajuda fraterna" "alternativa de Amor" ou "existência terrena". Palavras que pretendem sensibilizar, ou melhor, doutrinar como disse ontem o Bispo que preside à conferência episcopal. Sim que eles não fazem campanha, doutrinam.
Mas diz mais. Diz que "a verdadeira proposta moderna, progressista e bondosa está no procurar proporcionar à mulher efectivas e reais alternativas ao aborto. Só assim há uma verdadeira proposta de Humanidade à disposição de um ser quase vítima do desespero." Mas quanto a concretizar que tipo de proposta é essa, nada. Mas eu posso adiantar as duas propostas que estão em cima da mesa por parte dos defensores do Não. Uma delas defendida no programa Prós e Contras é a criminalização até das excepções que estão previstas na lei, como, por exemplo, a violação. Não vale a pena desmentirem. Foi dito e está guardado em vídeo. A segunda, vem de um grupo de deputadas que defendem que a lei deve ficar como está, (o famoso artigo 140) com uma nuance. É que a mulher não deve ser condenada a pena efectiva de prisão se, e aqui vem a piada da questão, se considerar culpada do crime e abdicar das possibilidades de recurso e ainda sujeitar-se a um acompanhamento para ver se as regras de conduta e moral estão a ser as mais aconselháveis. Claro que numa formulação legal isto vem mais embelezado e dissimulado, mas o conteúdo é este. Não sei se estão a ver a coisa, mas uma pessoa vai-se considerar culpada de uma coisa que não acha ser, hipoteca as suas hipóteses de recurso, questão fundamental num estado democrático e, ainda por cima, vai ser acompanhada em moral e bons costumes por alguém, sabe-se lá quem. Uma Catequista, muito provavelmente. É esta a dita "verdadeira proposta moderna". Para que a gente não se engane.
Mas no Não há mais Nãos. Há os que brincam com as palavras. Não queremos as mulheres presas, mas não deve deixar de ser crime. Desafio esses iluminados a indicarem-me um crime que não seja punível com prisão. É como querer o Sol na eira e a Chuva no nabal.
Mas este iluminado, por Deus certamente, acaba com uma frase espantosa:"Liberdade é liberdade, não é igualdade, nem equidade, nem justiça, nem felicidade humana, nem uma consciência tranquila", de um grande pensador do sec. XX, que eu sinceramente não sei bem qual mas deverá ser um teólogo qualquer. Liberdade é isso tudo e muito mais. Liberdade é ter o direito de escolher por onde quero ir. Liberdade é desatar as amarras e não ter de ter a opinião formatada.
Caro Tita Maurício, o seu texto é típico de alguém desesperado a quem falta argumentos convincentes. Depois dos impostos, do coração, da fé, dos testamentos a não nascidos, do dilema da semana 11, o que mais irão inventar ou rebuscar? Que um feto com 3 semanas já gosta dos Morangos com Açúcar e já faz o Karaoke da Floribela?
Deus, se existisse tinha mesmo de ter uma bondade infinita para aguentar com tanta estupidez (desculpem o termo mas não encontro outro melhor) da vossa parte. Pelo menos, compreende-se porque é que depois de morto até Jesus fugiu do túmulo. É que como visionário que era deve ter adivinhado o que aí vinha e não estava para aturar essas coisas.

Etiquetas:

6Comenta Este Post

At 1/31/2007 10:15 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Começamos a habituar-nos...a quase tudo.
Há, no entanto, coisas que guardamos.E que v~em no seguimento da história do tal Sindroma que ninguem conhece...com excepção deles próprios.
"E alguém é capaz de, olhos-nos-olhos e com verdade, afirmar que alguma lei despenalizadora vai permitir a alguém perdoar-se pelo que fez? A lei e o Estado podem até não punir… mas alguém que abortou pode esquecer e absolver-se?"
Que niguém faz um aborto por prazer, todos sabemos. Que é uma decisão díficil, ainda mais agravada com o estigma da clandestiniddae e o medo de sequelas, também ninguém duvida.
Agora teimarem em imporem-nos uma culpa que a grande maioria das mulheres, estou certa, não tem, é perfeitamente manipulador.
O aborto como opção consciente implica dúvidas. Não remorsos.
E se implicasse remorsos, porque raio é que o Estado tem que penalizar as mulheres por isso?
Os remorsos são uma questão moral. Porque é que o Estado tem que penalizar as questões morais de cada um?

 
At 1/31/2007 10:36 da tarde, Blogger Leal Franco escreveu...

Daniel
Este gajo deve ser muita feio! A copnversa dele é só para ver se consegue ter sorte com alguma fulana menos precavida. Nunca ouviste falar na canção do bandido? Ele canta uma dessas. Olha ele com o paleio dele até pode ficar nas graças do Gil Costa. Podem mesmo fazer um par lindinho.

 
At 2/01/2007 10:15 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Quem é o Gil Costa?

 
At 2/01/2007 11:08 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Um troll auto suspenso enquanto este blogue afirmar que é pelo SIM. Ou seja. Um partidário do não.

 
At 2/02/2007 2:56 da tarde, Blogger Gil Costa escreveu...

Caro Leal Franco,
Não o conheço e o senhor pelos vistos também não me conheçe nem se informou a meu respeito antes de utilizar o meu nome de uma forma que considero, (para não dizer mais) leviana.

Tenho assistido neste espaço ao debate de ideias, abstendo-me de intervir seja de que forma for, por considerar que não tenho lugar num espaço que se assume de forma inequívoca pelo sim no referendo pela IGV, o que eu respeito e, dessa forma, optei por não postar mais nada neste blog.

Senhor Leal Franco, sempre assumi as minhas convicções sem menosprezar e ridicularizar as ideias dos outros e o mínimo, repito, o mínimo que eu exijo é ser tratado com a mesma deferência, especialmene pela parte de pessoas que nunca me foram apresentadas e que, pela sua conversa, não julgo, que tanto o senhor como eu obteremos grande prazer nesse particular!

Nesse caso, apelo-lhe ao seu (se é que lhe resta algum), bom senso e não volte a pronunciar-se sobre a minha pessoa nesses moldes independentemente das diferenças (profundas) ideológicas que nos separam.

A todos os outros me resta dizer que espero que não tenham motivos para festejar no dia 11 de Fevereiro, mas envio-vos os meus sinceros e respeitosos cumprimentos.

 
At 2/02/2007 6:00 da tarde, Blogger Leal Franco escreveu...

Caro Gil Costa
Agradeço-lhe a elegãncia das suas palavras. De facto não o conheço pessoalmente e, pelo que sei de si deve ser uma pessoa civilizada até porque o Daniel o tem em apreço. Mas dou-lhe razão, desta vez. Durante muito tempo foi minha convicção profunda de que era a o Gil Costa quem despejava páginas e páginas de textos da igreja, do papa, sei lá bem de quam mais que forçaram o Troll a ter que introduzir a moderação de comentários. Pela elegãncia da sua intervenção parece-me que afinal não era o senhor o autor de tais parvoíces, ordinarices e demais afrontas. E foi por essa convicção que escrevi o comentário que leu. Errei. E porquê? Eu próprio me esqueci de coisas que afirmei no meu post sobre o fanatismo e fundamentalismo na citação do insuspeito
"Nietzsche dizia que "as convicções são piores inimigas da verdade do que as mentiras", porque quem mente sabe que está mentindo, mas quem está convicto não se dá conta do seu engano. "O convicto sempre pensa que sua baboseira é sabedoria" . Até no campo científico, há cientistas correndo o perigo de se tornarem convictos de suas teses. Edgar Morin analisa que quando algumas idéias se tornam supervalorizadas e adquirem um caráter de grandiosidade e absolutismo tendem a levar os seus sujeitos a abdicarem de seu raciocínio crítico e se tornarem meros objetos dessas idéias. Indivíduos assim submetidos a tão grandes idéias, fazem qualquer coisa para "salvá-las" de um possível furo de morte; elas funcionam como muleta existencial. Isso acontece principalmente no meio religioso, mas também pode ocorrer nos meios político, filosófico e científico".
De facto procuro não me guiar por quaisquer convicções pelas razões acima. E é por isso que sou CONTRA o aborto e pelo SIM à pergunta do dia 11 de Fevereiro.
Os seus posts, para mim,sempre foram inspiradores pois permitiam-me sempre ir mais longe na tentativa de esclarecimento de idéias sobre os mais diversos assuntos.
Como vê, é para mim mais complicado, trazer á baila, temas para os quais há menos apetide de discussão.
Como vê o bom senso é pelo menos para mim o terreno onde me procuro firmar. Já não estou tão certo assim de que não poderá haver nenhum prazer em nos conhecermos. Só os mortos é que não aprendem as lições da vida.

 

Enviar um comentário

<< Home