A multiplicação

Aqui há uma semana, aquando da realização de uma missa "pela vida", no Terreiro do Paço, a RTP 1, começava a notícia com "uma multidão juntou-se no Terreiro do Paço". Lá mais para a frente falava em 150 pessoas.

Durante o dia de hoje, foram-se alterando os números de participantes na Marcha "pelo sim". A Lusa continua a falar em 2000. O Público, depois de falar em 2000, começou a noite a falar em "entre 8000 e 9000, diz a Polícia".

Mas o mais extraordinário nestas contas é a notícia do Jornal da 2: "20000 pessoas, 10.000 para a Polícia...".

Já depois da marcha terminar o número de participantes, primeiro passou de 2000 para 8000 para, finalmete, se fixar nos 20000...e mais extraordinário, ainda, os 20000 são os números da 2. A notícia é clara. Não se falou em números da organização. O número apresentado era o da 2, em contraponto ao da Polícia. Com amigos destes quem é que precisa de se preocupar com tempos de antena?

Já agora, numa visita rápida pelos jornais On line, ainda não encontrei nem uma referência ao Encontro, esta tarde realizado em Lisboa, em que vários deputados europeus manifestaram o seu apoio à despenalização do aborto em Portugal, desmentiram os números que os movimentos pró prisão fazem circular sobre o aumento de abortos nos seus países, após a despenalização e lembraram a Resolução da Comunidade Europeia que aconselha os países membros a tornar a IVG legal, segura e de igual acesso para todas e a não perseguir nem julgar as mulheres que a ela recorrem.

O mesmo mecanismo que multiplica os "marchantes" desta tarde, deve ter feito com que eu pensasse que estive no Altis...esta tarde. Creio que se chama manipulação. E creio que temos que o combater. Em nome da liberdade de informação, pela qual todos aqueles que nunca apareceriam numa "marcha" a lutar pelas mesmas causas que o PNR, sempre lutaram.