Prós e Contras

Não sei se muita gente teve disposição (e disponibilidade) para ver o Prós e Contras de ontem, até ao final. Não creio que seja seguro que muita gente possa estar levantado até às três da manhã num dia de semana. Mas se querem a minha opinião ( e eu estive até ao fim, porque, entre outras razões, lá estive), os argumentos do Não, os verdadeiros, os não hipócritas nem politicamente correctos, esgotaram-se logo no início, num texto (literário?) de Rita Ferro. Tem lá tudo. A falta de respeito pelas mulheres - a mulher que, supostamente, se dirigia regularmente ao médico para abortar (pelo que entendi, a cena passar-se-ia depois da, que eles chamam,"liberalização") explicava porque lá estava "mais uma vez" usando razões que iam desde a roupa que deixaria de lhe servir até a não saber quem era o pai, pois tinha dado "uma facadinha" na sua relação. Pelo meio, havia um sem número de "razões" a que o médico não conseguia dar a "volta". A insensibilidade. O julgamento cruel. A falta de humanidade.

O resto do programa, pela parte dos defensores do Não, foi o bater na mesma tecla. As mulheres não são responsáveis. As mulheres são fúteis. As mulheres não são seres "confiáveis". As mulheres são inconscientes e irresponsáveis, logo, nunca poderão poder abortar (como se hoje não o fizessem, mas isto é a parte de que eles nunca falam) por opçâo própria.

A defesa da vida, caía por terra, cada vez que eram confrontados com a actual Lei, que, supostamente, não querem alterar. Simultâneamente iam despejando as suas "caridadezinhas" e usando de uma forma quase obscena pessoas para venderem as suas verdades. Constrangedor a parte em que um jovem, creio, sinceramente, que ainda sem idade para votar, abre ali a sua vida e a sua intimidade e remata com uma mentira, seguramente inculcada por mentes perversas: os defensores do Sim, acham que as crianças não deviam estar em instituições de recolhimento e que era preferível terem sido abortadas...triste que alguém tenha feito acreditar um jovem, ainda, talvez, sem idade de votar, que os defensores do Sim não aceitam a decisão da sua mãe quando optou por o deixar nascer. Ou que a julgam. Triste e revoltante, de tão aberrantemente manipulador.