Greve Geral
Amanhã é dia de Greve Geral. A Greve Geral marcada contra a política económica e social deste Governo é uma Greve justa. O trabalho sem direitos, o desemprego crescente, a precariedade, o Código de Trabalho que nunca foi revisto e que permite que amanhã , por exemplo, os serviços minimos se levados à letra quase se possam chamar "serviços máximos", a Lei da Segurança Social aprovada no Outono, os novos critérios do Fundo de Deesmprego, os ataques aos trabalhadores da Função Pública e a sua demonização por parte do Governo que foi transmitindo a ideia que atacava previlégios quando cerceava direitos, a perda de poder de compra e a Flexisegurança que ai vem, ao virar do Verão, são motivos mais que suficientes par aderir à Greve.suficientes para amanhã adr
Por tudo isto amanhã estarei logicamente ausente da empresa.
Mas não creio que seja positivo fingirmos que tudo está bem. Que a Greve Geral foi convocada no momento certo. Que os seus objectivos são claros para os trabalhadores. Que a Greve será mais do que uma Greve da Função pública. Que o trabalho de mobilização dos Sindicatos foi o necessário e o suficiente.
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As atitudes acriticas nunca fizeram bem a ninguém.
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Esta Greve deveria ter sido, a sê-lo, convocada no Outono passado, aproveitando a mobilização dos trabalhadores manifestada na manifestações de Outubro em Lisboa.
Esta Greve não teve da parte das Direcções sindicais a mobilização que uma forma de luta destas, para ser consequente, tem que ter. Começou-se tarde e fez-se pouco. Não basta dizer que se fizeram plenários pelas empresas...é necessário dizer com as letras todas que muitos destes plenários foram feitos tarde e a más horas e tiveram pouquíssimos trabalhadores a assistir, pois muitas vezes só há pouco mais de uma semana se começou a ver o que quer que fosse de propaganda e de informação nas empresas.
Uma Greve Geral nos dias de hoje tem que ter em conta muitos factores que as Direcções Sindicais vão ignorando. O trabalho precário - um trabalhador precário não faz greve, sob pena de não voltar a ser chamado pela empresa que o contrata. Os contratos a prazo - um trabalhador com contrato não faz greve, sob pena de o seu contrato não ser renovado. A falta de politização de muitos jovens. O que significa em alguns salários a perda de um dia de trabalho. O alheamento dos trabalhadores dos seus representantes e da "política".
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Uma Greve Geral não pode ser feita à mercê do calendário partidário e não se pode arriscar a constituir uma derrota do Movimento dos trabalhadores. Tem que ser uma greve política e que represente uma clara recusa de políticas. Ou será, apenas, uma maneira de as empresas privadas e o Estado pouparem uns tostôes.
Tem que ser solidária e permitir que os trabalhadores que a ela não podem aderir, por razões de contratação laboral, tenham consciência da sua justeza, não acabando a acusar quem a faz de lhe complicar a vida.
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Uma Greve Geral não pode não ter um objectivo claro, ou os trabalhadores nunca se sentirão "compensados" por a terem feito. E não poderá, se o tiver, significar o fim da luta, caso esse objectivo claro não seja atingido, ou os trabalhadores lamentarão o tempo e o dinheitro perdidos. E desmobilizarão.
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Não dá para entender porque na convocação da Greve Geral se fala em evitar a flexisegurança e não se fala em revogar a Lei da Segurança Social ou o Código de Trabalho, por exemplo. Este recuar constante, este o que vem a seguir é pior, por isso calemo-nos com o que está mal, é um dos factores que mais desmobiliza e mais afasta os trabalhadores. Hoje, um colega de empresa, trabalhador politizado, que sempre esteve comigo em todas as lutas, perguntava-me "mas porque raio vou fazer uma greve contra a flexisegurança que ainda não chegou, se fiz uma em 2002 contra o Código de Trabalho, o Código de Trabalho nunca foi alterado e nunca mais ninguém falou no assunto...mais dia menos dia ainda me vão pedir que vá para a rua gritar "Contra a Flexisegurança!!! Viva o Código de Trabalho do Bagão!!!"E eu perdi o dia...serviu para quê???".
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Amanhã vamos estar fora das empresas e dos serviços. Em nome da nossa dignidade. Mas em nome da dignidade, da nossa e da das lutas que encetamos, não nos podemos dar ao luxo de não encontrar formas, formas novas, de lutas novas. Porque as lutas são para vencer. Não são para cumprir calendário nem para medir forças internas.
Amanhã vamos estar fora das empresas e dos serviços. Em nome da nossa dignidade. Mas em nome da dignidade, da nossa e da das lutas que encetamos, não nos podemos dar ao luxo de não encontrar formas, formas novas, de lutas novas. Porque as lutas são para vencer. Não são para cumprir calendário nem para medir forças internas.
Nao são para se fazerem e viveram acriticamente. As lutas são para vencer. Ou não fazem sentido e, pela desmobilização que podem provocar, são contraproducentes.
A Greve Geral é para derrotar as políticas neo-liberais do Governo. Nada mesnos que isso.
7Comenta Este Post
O que posso dizer Isabel?
Mais de acordo não posso estar!
Olá Isabel!
O Pópulo mandou-me cá e eu que sou obediente, cá estou.
O que dizes vem muito ao encontro das minhas dúvidas. Também tive pena que esta greve não tivesse sido há mais tempo. E por outro lado, para mim o problema dos precários (e eles são tantos!) é que com isso os números da adesão vão sair falseados.
Rapara que foi com esses trabalhadores que a Carris conseguiu ter as suas carreiras a funcionar…
Mas creio que está a correr bem.
Esplêndido post Isabel, daria para grande conversa, se houvesse conversas.
Estou completamente de acordo, com tudo. Se a insegurança no trabalho e a pouca politização das pessoas são motivo de preocupação, tb o modo de agir dos sindicatos é pouco, ou nada, mobilizante.
É essa a verdade verdadeira.
Isabel, mais uma vez foste clara e lúcida, este é o grande problema do nosso sindicalismo, que teima em não ser resolvido, porque as direcções sindicais, são tudo, menos isso.
Idem, idem.
Tá tudo aqui e ocncordo com as perspectivas sobre as razões e timings da Greve. No fundo é saber claramente porque lutamos e pelo quê. Nunca misturando partidarites numa coisa tão séria.
Só voltei agora e peço desculpa a todos pela demora na publicação dos comentários, mas sempre que tentamos acabar com a moderação dos comentários arrependemo-nos a seguir...
Quanto ao post é uma daquelas ocasiões em que é muito triste ter razão...
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