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terça-feira, janeiro 29, 2008

A polícia dos costumes

O que a ASAE faz é defender os consumidores e defender uma economia que não quer ter uma economia paralela".
José Sócrates em Alcochete
.
Em que país vive José Sócrates, apetece perguntar. Não será no país da bolas de Berlim da praia certamente. Não será no país do arroz de Cabidela no tacho de barro. Não será no país onde a colher de pau faz parte da cultura popular. Não será no país eternizado por Carlos do Carmo no "Homem das Castanhas" e que foi levado para o Brasil por Gilberto Gil. Não será no país em que a matança do porco está incluída nas festas populares. Não será no país do artesanato e da gastronomia louvado e incentivado por Jorge Sampaio. Não será certamente em Portugal pois só assim se explica o facto de Sócrates ter reagido mal á comparação entre a PIDE e a ASAE que eu aqui neste blog já tinha tratado por PIDE /ASAE. E por favor, não me venham com essa treta que comparar a PIDE a ASAE é limpar e aligeirar a imagem da PIDE. A menos que tenham o povo como estúpido que o que já é mau que chegue. As diferenças são tão evidentes como as semelhanças salvo as devidas distâncias. É um facto e não se pode negar que se pretende formatar o país ao pensamento único. Retirar a nossa singularidade, os nosso usos e costumes tornando-nos iguais a todos os outros. Ainda por cima com argumentos estúpidos. Desengane-se quem pensa que isto é uma teimosia do "engenheiro". Não!!! Isto é ideologia e contra essa há que lutar. Nada me aproxima de Mendes Bota mas desta vez tenho de lhe dar razão. A ASAE é ou pretende ser uma polícia dos costumes que nos vem dizer oq ue e como podemos fazer as coisas mais básicas como por exemplo a liberdade de comer.
O que me espanta é que o famoso " Fish and Chips" dos portos ingleses não é proíbido porque faz parte da cultura popular, apesar de ser servido numa folha de jornal engordurada. Espanta-me que a Pizza, feita e vendida nas ruas de Palermo não seja proibida apesar de não "ter higiene". Espanta-me que os restaurantes de praia na Grécia não sejam proíbidos de pescar e fazer o seu peixe na hora sem passar por lotas. Espanta-me que nos Picos da Europa, em Espanha, se possa consumir e comprar "Oujo" (uma espécie de licor) de produções caseiras e não controladas. Podia encher páginas de exemplos. Acho que não é preciso. Estamos a ser um tubo de ensaio para outros voos. Porque somos de brandos costumes e podemos servir de exemplo para outros lados. Certamente que eu não quero ser espanhol ou italiano. Por muito que os respeite e goste das suas tradições. Porque quero manter identidade numa Europa Global e dos povos que não é nem nunca poderá ser incompatível com as singularidades de cada um dos povos que a compoem.

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10Comenta Este Post

At 1/29/2008 10:32 da manhã, Blogger Farpas escreveu...

Vamos lá por partes

1º- a ASAE não faz leis, a ASAE é uma policia que fiscaliza o cumprimento de leis existentes, logo se a lei existe a culpa é de alguém que não a ASAE.

2º- a grande maioria das normas em que se baseia a lei são mesmo necessárias de cumprir, o grande problema é que essas normas que se devem fazer cumprir não estão claras, ou seja deixam muito à interpretação de quem fiscaliza.


Sinceramente não percebo esta campanha tão forte da maioria das pessoas contra a ASAE... O que eles disseram é verdade a maior parte dos estabelecimentos em Portugal não tem condições de Higiene suficientes para funcionar! Não te passa pela cabeça a nojeira e o perigo que existe em cozinhas de restaurantes, muitos deles com grande aspecto!

E depois chega-se a um ponto em que um gajo qualquer chega a casa liga o pc e cria um email fantasioso sobre a ASAE e envia aos seus contactos que por sua vez reenviam,..., e às tantas estamos todos a acreditar em tudo o que nos chega aos emails!

Por exemplo:
-é permitida a venda de bolas de Berlim na praia.
-pode ser servido arroz de cabidela em tacho de barro.
-pode ser usada colher de pau.

Claro que é necessário cumprir certas normas para isso mas acredito plenamente que se te disser quais são essas normas tu vais concordar com todas!!

Olha eu trabalho com este tema todos os dias e posso-te dizer que cada vez mais tenho cuidado nos sítios onde vou comer, e não fiques a pensar que sou esquisito, antes pelo contrário, tenho é visto muita coisa que por certo também te faria mudar um pouco de opinião.

Agora eu também estou contra muita coisa que a ASAE faz! Até porque para aplicar uma lei esta deve ser o mais clara possível, e não ser diferente em Setúbal do que é em Viseu só porque o inspector entende a lei de outra maneira. É uma lei estúpida de tão vaga que é. Se querem fiscalizar têm de dizer o que vão fiscalizar e como é que é aceitável ter as coisas para que não haja qualquer problema. Por exemplo Itália teve muitos problemas por volta de 1996 por causa de algo deste tipo, na aplicação destas normas, entretanto a fiscalização acalmou e nos últimos anos praticamente não tem actuado. Não nos enganemos estas leis não são só aplicadas em Portugal. Agora que eles são uns chatos e picuinhas do caraças são!

 
At 1/29/2008 11:24 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

Se a fiscalização fôr exercida a bem da saude pública, só teremos de nos congratular com isso.

Exemplos de restaurantes ditos de primeira, lembro o Clube dos Empresários, ou o da Torre Vasco da Gama, foramn encerrados e bem , por causa da falta de higiene das suas cozinhas....

Pastelarias com nome na Baixa, que têm cozinhas de fugir...

Etc etc etc.

Agora por vezes existem actuações , que podendo ser comprensiveis, duvido que se justifiquem, porquê, a continua perseguição dos vendedores da boutique alcofa ou das feiras do Relogio e de Carcavelos, que vendem Lacostes maradas ao preço da chuva, ou pensam que quem as compra, não sabe o que está a comprar....

Porquê este exagero ,de proibir a venda dos rissois da vizinha na leitaria da esquina,que até são do melhor que há.

Porquê impedir que a mercearia do senhor José possa vender , chouriça e outros fumeiros, que ele manda vir da terrinha, e que são uma especialidade da avó.

Porquê a tentativa de acabar com a Ginginha do Rossio....

Há actuações e actuações , o que é preciso é bom senso.

E muitos fiscais da Asae não o têm....

 
At 1/29/2008 1:59 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Farpas, vamos por partes:
É possível vender bolas de berlim nas praias desde que acondicionadas em recipiente termico. Já passou pela cabeça de alguém que a piada das bolas de berlim da praia era exactamente o facto de elas virem espapaçadas e com o açucar a colar. Essas são as bolas da praia e que as distinguem das da pastelaria.
Pode ser usada colher de pau desde que eststeja embalada individualmente e tenha apenas um uso. Não sei se viste há pouco tempo atrás que numa romaria popular tiveram de usar chouriças do talho e o bidom com carvão ue assava as mesmas teve de ser substiyuido por um grelhador eletrico e os senhor que as assava tinha de estar de luvas e de gorro? O que é que iso tem a ver com higiene ou economia paralela.

Quanto ao perigo, claro que ele existe mas esse eu não vejo ser fiscalizado. O que eu vejo é uma polícia de costumes que nos quer impingir um "way of life" e discordo contigo quando dizes que a ASAE não faz a lei apenas a executa. Isso é desresponsabilizar a ASAE e os seus abusos. Claro que, e eu digo o no texto, o responsável tem o nome de José Sócrates pois é dele que emanam as directivas.
Nos outros países fez-se desde sempre uma clara destinção entre o que é costume popular e o que é mercado e por isso é que eles cumprem normas de higiene nos restaurantes e outros locais mas mantêm a sua parte popular intacta. Há italianos que certamente não comem pizza na rua, por exemplo, mas ela existe.
O que temos agora em Portugal é uma higienização absurda.

 
At 1/29/2008 2:03 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Anónimo, o ponto é esse. Eu não tenho nada contra a fiscalização de restaurante e cafés. Ou até de feiras embora aí o problema tenha de ser dividido em dois. A contrafação e a fuga ao fisco e por isso discutido de outra forma.
Outra coisa e de que tu falas e bem é a questão das chouriças e dos rissois. Não se consegue entender. Sou obrigado a comer plástico e fast food porque o meu governo me obriga. E pior. Não posso fumar a seguir que me mata.

 
At 1/29/2008 2:29 da tarde, Blogger Farpas escreveu...

As bolas de Berlim podem ser vendidas na praia desde que tenham sido confeccionadas como deve ser e sejam transportadas até lá em recipiente em condições. A colher de pau não tem de ser embalada individualmente e pode ser usada mais do que uma vez desde que esteja em condições de ser usada.

Não vos faz confusão que um matadouro seja fechado por falta de condições mas não poder matar um porco em casa é a mesma coisa... Há leis de saneamento que têm de ser cumpridas. Eu como chouriças caseirinhas em minha casa e sabem-me que nem ginjas mas também concordo que para serem vendidas ao público têm de respeitar certas regras. A maior parte das vezes as multas executadas pela ASAE passam por um desconhecimento das pessoas, há certas coisas que podem ser perfeitamente contornadas como no caso do grelhador e do seu "operador" (como eles lhe chamam)!

Não há nenhum bicho papão, as normas são muito mais simples do que se pensa mesmo quando se apanha um inspector estúpido!

Outra coisa, tu podes comer os rissóis que quiseres, a vizinha do lado é que não os pode vender se não tiver licença para isso!!! Se ela não fugir às suas obrigações podem vender aquilo que bem quiserem!

Não me entendas mal, eu estou contra a actuação da ASAE porque são uns exagerados e principalmente porque podem ser exagerados!! Mas por outro lado sou a favor da fiscalização a tudo o que é estabelecimento de venda porque já vi muita... muita... "coisa estranha"!

 
At 1/29/2008 2:38 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Farpas ,se Asae por exemplo passasse, por certas superficies comerciais, muito topo de gama, talvez visse, iogurtes fora de prazo, carne vendida em embalagens mas onde o seu aspecto já conheceu melhores dias, balcões frigorificos em que os artigos congelados deixam muito a desejar, etc etc etc.

Quanto á contrafacção e á fuga ao fisco, desculpem mas não é a boutique alcofa do cigano que me preocupa, e sim as off-shores de bancos, a lavarem milhões....

 
At 1/29/2008 2:44 da tarde, Blogger Farpas escreveu...

Anónimo e fazia muito bem em passar por lá! E queres saber mais que me chateiam nesta história da ASAE? As escolas onde os nosso filhos(os meus não que não tenho ainda) comem são dos piores sitios onde se pode comer! E sendo a ASAE um organismo do Estado não seria por aí que deveriam começar? Não a multar mas a organizar! Agora todas essas coisas não invalidam o que penso sobre as regras que se devem cumprir!

 
At 1/29/2008 5:28 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Farpas, vamos definir recipiente em condições. Eu gostava, e milhares de outros portuguses, das bolas de Berlim transportadas em caixas de madeira cobertas por um pano. Qualo mal disso. O recipiente não é garantia de nada. Vejamos ainda na praia gelados que derretem parcialmente e são recongelados vezes sem conta mas são transportados em saco térmico.
Mas para compararmos com a Europa, como gostamos de fazer em Portugal seixo aqui um exemplo. È típico que haja vendedores com detrminadas caracteristicas nas nossas praias. È anti-higienico e proíbe-se. Embora fazam parte do nosso turismo. Mas achamos bem e pitoresco que na Grécia esteja um Burro na Areia a transportar água para venda, porque faz parte da cultura. O que estamos é a ser mais papistas que o Papa.
Um matadouro deve ser fechado se não tiver condições mas isso não pode ser comparado á matança familiar pois os ambitos são diferentes. Eu em casa não mato um porco para vender mas sim para comer. E eu posso comer essa carne. Se me sentir mal (embora não conheça casos desses) sou eu quesinto e não 10000 pessoas que dependem de um matadouro.
Por fim farpas, tu dizes tudo no teu último paragrafo e com o qual concordo em tese:
Mas por outro lado sou a favor da fiscalização a tudo o que é estabelecimento de venda porque já vi muita... muita... "coisa estranha"!
Quando a PIDE / ASAE se resolve transformar numa polícia de costumes aí tenho de discordar. Quando age de má fé por denuncias cobardes tenho de discordar. Quando abusa de poder e usa a violência tenho de discordar.
Por fim e porque tu tb falas neles. Para quando a fiscalização dos edifícios públicos. Sabes porque não é feita? Porque não se enquadra na sua guerra ideológica Não é isso que a ASAE pretende alcançar.

 
At 1/29/2008 6:29 da tarde, Blogger Farpas escreveu...

Olha, saber o que é um recipiente adequado é aquilo que eu pretendo, saber o que é uma colher de pau em bom estado, saber o que é uma extracção de fumo eficiente, saber o que é uma lavagem adequada, etc! É aqui que eu bato o pé! É uma lei que não diz nada e por isso cada inspector pode fazer o que entender mediante a sua interpretação dos factos que tem à sua frente!!!

E como vês a nossa opinião não é assim tão diferente! Tu fechas o matadouro porque ele produz um alimento para venda, assim como a vizinha que faz os rissóis para vender ao café da esquina!

Quanto ao resto tudo de acordo! A fiscalização devia começar em "casa" e acredita que eu certificaria-me bem em que condições é feita a alimentação escolar antes de deixar o meu filho comer, acredita nisso... há condições e maneiras de trabalhar que nem te passam pela cabeça...

 
At 1/29/2008 8:19 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Farpas então estamos de acordo sobre que se a ASAE se limitasse de uma forma clara a assumir as suas competências, fiscalisação sanitária e económica, e não se armasse em polícia dos costumes estava tudo bem.
É esse o meu ponto de discordia e de luta contra a ASAE. E quanto ás leis se elas não estão feitas como deve ser devem ser eles a alertar em vez de as aplicar mal.

 

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