A malta acha que já viu tudo, até que recebe um e-mail destes...
Dani Graves, de 25 anos, e Tasha Maltby, de 19, são um casal de namorados gótico de Dewsbury, norte de Inglaterra. No passado fim-de-semana foram impedidos de viajar num autocarro porque Dani passeia a sua namorada de trela.
A BBC News conta que o casal acusa a transportadora Arriva de discriminação. O condutor do autocarro rejeitou a entrada de Dani e Tasha, alegando que a trela iria por em risco a segurança dos restantes passageiros em caso de travagem brusca.
O caso está a ser investigado pela Arriva, empresa «que leva muito a sério qualquer acusação de discriminação», segundo um responsável da empresa, Paul Adcock.
Adcock acrescentou que a Arriva irá «pedir desculpa a Dani Graves por algum inconveniente causado pela forma como o assunto foi tratado».
Para Tasha Maltby, este foi um caso «claro de discriminação, quase como um crime de ódio», contou ao Daily Mail.
A jovem de 19 anos descreve-se como um «animal de estimação humano».«Comporto-me como um animal e tenho uma vida bastante calma. Não cozinho nem faço limpezas e não vou a lado nenhum sem o Dani», explicou.Tasha defende o seu estilo de vida acrescentando que «não fere ninguém» e que o casal é feliz assim, independentemente de quão estranha esta relação pareça.
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Tinha de partilhar este mail com vocês por diversas razões. Porque a diferença é importante. Porque numa sociedade plural não pode haver bitolas. Porque todos somos iguais. Porque quando defendemos direitos não no podemos de esquecer que haverá sempre pessoas que não querem esses direitos e preferem o seu "way of life",
Etiquetas: Daniel Arruda
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Portanto... venham de la esses veus islâmicos e essas burkas... Porque é tudo um certo "way of life"! Que moral extremamente relativista
Anónimo acho que não percebeste o que eu escrevi. Alguém falou em burkas. Já agora que eu saiba na sociedade islamica não há sequer góticos.
Mas já agora se queres saber mesmo em relação ás burkas não vejo o mundo a preto e branco especialmente depois de falar com uma mulher que usava veu porque gostava e se identificava com ele.
Se não respeitarmos as diferenças vamos acabar com o mundo todo igual.
É sempre complicado fazer misturas. O uso da burka não me perece que se deva encaixar assim no tal "way ol fife" de que falava o Daniel no post. È uma discussão a ser feita, mas não me parece que a nossa opinião, como "estranhos", para o caso conte muito.
Encontrar o lugar onde começa e acaba a liberdade e/ ou começa e acaba o fundamentalismo não´é uma discusão fácil. Nem a ser feita de ânimo leve. Mas, antes de mais, terá que caber às mulheres muçulmanas fazê-la. Paizinhos e guias já foi árvore que deu fruto.
Para mim, o uso da burka é um sinal de sujeição social e sexual. Fruto de um fundamentalismo religioso que me preocupa, como mulher e como militante de Esquerda. Possivelmente não o será para todas (não tenho dúvidas que é para muitas) mulheres que a usam.
O que eu não tenho o direito é de lhes impôr as minhas opiniões. Assim como não aceitaria que elas me impusessem as delas. Seja em nome daquilo que fosse.
Agora do que trata o email que o Daniel recebeu não é nada disso. Uma jovem em Londres que opta por este tipo de "pose" tem que o fazer conscientemente e de livre vontade. Se é por excentricidade, para dar nas vistas, para gozar connosco ou, apenas, porque lhe dá gozo é um problema dela.
Se a conhecsse perguntava-lhe se se tinha passado...não aconhecendo só tenho que respeitar o seu direito a ser excêntica, exibicionista, brincalhona ou louca. Desde que não mexam com os meus direitos, acho que nada temos a ver com isso. Não tenho mesmo nada a ver com a trela da menina.
Isabel, o que tu escreveste no fim foi o que defendi no único paragrafo escrito por mim neste post.
Quanto ao veu ou á burka temos uma pequena divergencia mas é realmente pequena. Eu concordo contigo mas também acho que em parte o veu representa uma questão de identidade e essa fronteira é importante para esta discussão porque há uma diferença entre quem é obrigado a usá-la e quem a quer usar.
Gostei do comentário à noticia, e de facto podemos passar daqui para os véus islâmicos ou para as gravatas de seda italiana com desenhos do Walt Disney. Tudo parece estar, apenas, em perceber se a coleira ou o véu ou a gravata foram escolhidos ou impostos à força.
Não sei se olhando com mais atenção não descobrimos outras coisas interessantes em que pensar: a mulher que gosta de usar burka, ou coleira, poderá pôr uma coleirinha, ou uma burkinha, na filha de cinco anos? Poderá educá-la "como um animal" (a palavra aqui, ou nas declarações da jovem inglesa, não tem, de todo, o sentido pejorativo habitual...)? Ou isso põe em risco a percepção, pela criança, da sua essencial situação de mulher autónoma numa sociedade livre?
Dando mais um passo, há ou não há um "mal" na "servidão voluntária"? Mas, ainda que haja, esse mal justifica a proibição?
Entretanto, a atitude do motorista - admitindo que a história está bem contada, já que o não ouvimos a ele eu nada sei sobre segurança de passageiros - é provavelmente mais herdeira do atávico medo do Diabo do que do impulso para reprimir os que reprimem a liberdade (?), mesmo que apenas a sua própria...
Gostei muito do comentário do autor do post, e do seu comentário já "aqui" na caixa.
Isso já tem circulado por aí há bastante tempo.
Há tanto, que um blog que eu leio bastante escreveu já há uns tempos um post sobre isso que eu, na altura, comentei.
Está AQUI se quiserem espreitar.
Claro que se respeitam as opções, nas é tão triste... Ela tem gosto em ser um animal de estimação. OK. O masoquismo existe e quem gosta diz que dá muito prazer.
Colocas aí várias questões interessantes goldmundo e que merecem um debate que infelizmente não se faz e que se prende com a liberdade.
No exemplo dos góticos ha então uma diversidade de questões e de conceitos que não me cabem a mim julgar e que vão desde a auto mutilação ao dormir em caixões. Mas poderiamos ir mais longe. Um homem ou uma mulher submissa sexualmente é uma aberração? Não me parece dado que foi uma questão de vontade e só para pegar no exemplo da Emiéle. É tudo uma questão de gosto e de respeito pela nossa liberdade.
Mas de facto acho que esta é uma discussão fundamental para a definição das liberdades pois de outra forma como já se viu entramos a misturar fundamentalismos religiosos com opções de vida e com servidão.
Se se aceitam estas diferenças todas, não percebo porque não aceitam a diferença daqueles que gostam de touradas ou de lutas de cães..? Se aceitam este tipo de coisas, também deveriam aceitar a mutilação genital e as punições corporais vigentes em tantas partes do mundo? Se aceitam estas diferenças, deveriam aceitar os maus tratos às mulheres (pois são muitas que aceitam de "livre consciência" continuarem ligadas aos seus esposos violentos..?
Há valores humanos que ultrapassam as eras e as sociedades. Se ao invés de "góticos" fossem fanáticos no Irão, já estariam contra, não é? Ou se calhar não...
CArbonaria, eu sou aficionado dos touros e milito num partido onde amaioria é contra. Posso até discutir isso contigo mas não é esse o tema.
Ma stu no teu comentário misturas muitas coisas. Não estamos a falar de fanáticos. Não estamos a falar de uma mulher obrigada a ser assim. Sempre condenei os exemplos que dás. no entanto diz-me tu. um piercing no clitóris ou na glande é uma mutilação? Sim é!!!! E é socialmente aceite. O que não é aceite é a mutilação genital levada a cabo na Guiné por exemplo e que é efectuada sem consentimento da pessoa em causa efeita numa idade em que a mulher ainda não sabe sequer o que quer.
As esposas que ficam com maridos violentos é outra coisa e não pode ser discutida de forma leviana pois em muitos casos mais que violencia física falamos de violencia psicológica e essa é bem pior.
PAra terminar dizes "Há valores humanos que ultrapassam as eras e as sociedades" calculo que fales dos que defendes. Nos fundamentalismos religiosos islamicos dizem exactamente a mesma coisa só que defendem o contrário de ti. Assim sendo a cegueira e o não querer discutir vão invariavelmente acabar mal. TEmos de aprender a discutir o que nos divide para podermos dentro da diferença sermos todos melhores.
Os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade são eternos, sim, e não podem ser comparados com as doutrinas fanáticas do islamismo ou cristianismo fundamentalistas, pois os valores de 1789 baseiam-se na tolerância e não na exclusão. Os meninos em questão insultam todas as mulheres que durante séculos lutaram contra a opressão masculina, quando reproduzem arquétipos ultrapassadíssimos por terem uma doença mental que eufemnisticamente designam por "fetichismo".
Carbonária, eu também me parece que há aí umas misturas...demasiado grandes para poderem ser misturadas.
Ninguém obriga aquela menina a viver dentro dum caixão ou a andar de trela...e não, não creio que o que chamas fetichismo seja considerado uma doença mental.
As mulheres espancadas pelos seus maridos não ficam em casa "em consciência". isto é, por quererm ser espancadas. Ficam em casa por preconceito, por medo, por vergonha, por falta de condições económicas para sair, por causa dos filhos...
As crianças mutiladas na Guiné, não são muitiladas nem por opção nem por prazer.
As punições corporais não dão prazer à vitima, quanto muito darão ao agressor, mas também penso que é evidente que não é diso que se trata, pois as sociedades em que estas práticas são aceites, são, habitualemente, as sociedades em que o Prazer é crime e/ou tabu.
Os meninos em questão insultam a luta pela liberdade da mulher? Talvez. Mas, ainda, assim talvez duma forma menos insultuosa do que as mulheres serem quem recebe menos salários, quem é mais precário, quem não pode optar por ser mãe, pois corre o risco de ser despedida. O problema é que os insultos da sociedade que criámos se tornaram instituições e acabamos por nos acomodar a eles, ou pelo menos, vê-los como "normais"...os de um casal de putos com pancada chocam-nos.
Agora reitero que é um erro, comparar coisas incomparáveis...ou, achar, que uma pancada de meia dúzia de putos, pode ser comparada em gravidade à mutilação genital ou à violência doméstica.
Por mim, continuo a achar que aqueles dois fazem aquilo num acto de puro e infantil exibicionismo...infelizmente nunca tal me é permitido pensar sobre a mutilação feminina ou a violência domestica. Ou o trabalho precário. Ou a descriminação salarial.
Não os consigo, portanto, comparar.
Isabel, obrigado por já teres respondido. Acho que pouco mais posso acrescentar.
Duas coisas só, a primeira muito breve: que quer a rapariga de olhos tristes dizer com "como um animal"? que imagem tem ela do "humano", no interior fundo de si mesma? Estranho penso eu, tão estranho que não parece, se olharmos com atenção, ser só um caso de "excentricidade", "exibicionismo" ou sequer "doença mental" (palavras que encontrei trazidas por vós). Parece uma renúncia, e a violência da renúncia fere-nos de um modo imprevisto. Parece uma mansidão, e a mansidão provoca. Lembra-me um filme espantoso, o "Dolls" de Takeshiro Kitano (quase todos os comentários que li, aqui e noutros sítios, centram-se nela; ele fica na sombra, o portador da trela. E é ele que ama um animal, é ele que reproduz, até ao infinito, o arquétipo (ah, nada ultrapassadissimo) do domínio do homem. Sobre o animal e a mulher. Na verdade, gostava muito de saber qual deles fez o motorista do autocarro hesitar. Qual deles.
A segunda coisa é que realmente estranha é a impossibilidade básica da imagem que a rapariga persegue, o paradoxo essencial dessa busca do não-humano: somos nós, humanos, os animais buscadores. Humana, demasiadamente humana é ela então, sendo aquilo que não foi feita ser. ("Sê tu próprio!" foi desde o tal 1789 um apelo a uma coisa que não era para ser isto).
Mas porque é que ninguém repara no horror das gravatas de seda? ("não pode entrar, cavalheiro, se a gravata se entalar na porta fica estrangulado e não posso pôr em risco a saúde mental dos outros passageiros. Vá de bicicleta, cavalheiro, é melhor para todos nós")
intiresno muito, obrigado
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