Elas existem....

As sondagens valem o que valem, São, apenas, sondagens. Mas não tenhamos ilusões, todos dozemos isso, mas a ninguém, minimamente interessado e empenhado no presente e no futuro do País, elas são indiferentes.

A sondagem deste mês do Expresso, deveria fazer-nos a todos, homens e mulheres de Esquerda, repensar actuações e tentar encontrar outros (novos) caminhos.

A grave crise económica e social que Portugal enfrenta está a ser capitalizada pela Direita. O PSD tão responsável como o PS pelo estado a que o País chegou, está a crescer em intenções de voto, aparecendo aos portugueses como alternativa. A teoria de que Sócrates, por governar tão à direita, não provocaria aumento de votação à Direita, pode sair completamente furada, pois a crise financeira e social abrange cada vez mais a classe média, tradicionalmente apoiante do Bloco Central. As pessoas costumam ter memória curta e quem estáno Governo é Sócrates.

A Esquerda não está, como seria lógico, dado serem os trabalhadores e os mais desfavorecidos a sentirem com mais violência na pele a grave crise económica, a capitalizar a oposição às políticas de Direita de Sócrates. A CDU mantém praticamente as suas intenções de voto (mas, ainda assim, desce). O Bloco desce nas suas ntenções de voto.

Se toda a Esquerda deveria pensar neste números, o Bloco ( e é o Bloco que mais me preocupa, pois é o meu Partido e não faço intenções de mudar...) tem o dobro da obrigação de reflectir neles. A imagem que o BE tem dado nos últimos tempos, as clarificações, sejam elas quais forem, que não são feitas em Lisboa, ou que são feitas à Segunda-Feira, desfeitas à Quinta e assim-assim ao Sábado, não tenhamos ilusões que deixam marcas no eleitorada do Bloco. Não vale a pena assobiar para o lado, nem esquecer a força eleitoral do Bloco em Lisboa. A eficaz e consequente oposição que o BE tem feito a Sócrates pode não ser suficiente para compensar os acontecimentos de Lisboa.

O Bloco não é um Partido eleitoralista. Não pode, obviamente, alterar as suas políticas em função do que dá ou tira votos. Muito menos das sondagens. Mas tem obrigações e tem compromissos. E programas. E é por eles que se tem votos. O BE tem que ter uma forma consequente de assumir tudo isso de uma forma etica e politicamente de Esquerda (por mais que me tentem convencer que estou "demodée", continuo a achar que há uma ética de Esquerda e outra...que não é de Esquerda). Sob pena, de, objectivamente, contribuirmos para dar o ouro ao bandido:fazer do PSD a alternativa ao PS.

Não há, creio, sondagens feitas, exclusivamente, em Lisboa. Receio bem que se houvesse o Bloco saísse ainda mais penalizado delas. E isso obriga o Bloco a agir. Agora. E, pela amostra, mesmo dando às sondagens a importância que elas, efectivamente, têm, talvez devamos concluir que duma forma diferente.