Colaboração externa
Aqui fica publicada uma carta de um jovem, em resposta a uma convocatória recebida para participar no dia de Defesa Nacional. A carta seguiu hoje por correio e aqui fica a cópia. Falta-me acrescentar que concordo completamente com o seu teor e que me sinto orgulhosa.
"Assunto: Jornadas do Dia da Defesa Nacional 2008/2009
Ex.mo Senhor Director-Geral de Pessoal e Recrutamento Militar
Ex.mo Senhor Director-Geral de Pessoal e Recrutamento Militar
Avenida Ilha da Madeira, nº 1 – 4º andar1400-204 Lisboa
Ex.mo Senhor,
Ex.mo Senhor,
Recebi no passado dia 26 do presente mês de Setembro, uma convocatória para me apresentar no Dia da Defesa Nacional, actividade esta que se realizará no Centro de Divulgação de Defesa Nacional de Queluz, no dia 15 de Outubro de 2008. Serve a presente carta para manifestar o meu desagrado e indignação para com esta obrigação legal.
Segundo a vossa convocatória e as informações presentes no sítio do Ministério da Defesa Nacional (http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/Recrutamento/dia/ ), os objectivos desta actividade são “sensibilizar os jovens para a temática da Defesa Nacional e divulgar o papel das Forças Armadas”. Considero que estes dois conceitos (sensibilização e divulgação) não se adequam ao aspecto obrigatório que a actividade tem. Penso que, para sensibilizar e divulgar as forças armadas se deveriam realizar seminários, visitas a escolas por parte de profissionais desta área, ou outra qualquer actividade que não fosse de presença obrigatória. No nível etário em que os convocados para o Dia da Defesa Nacional se encontram, um jovem possuidor das suas plenas capacidades tem já consciência do que quer seguir no seu futuro profissional e/ou académico e, assim, a obrigatoriedade de presença nesta actividade perde qualquer carácter persuasivo e, ao invés, adquire um carácter impositivo e prepotente, que considero não ser o mais correcto.
Segundo a vossa convocatória e as informações presentes no sítio do Ministério da Defesa Nacional (http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/Recrutamento/dia/ ), os objectivos desta actividade são “sensibilizar os jovens para a temática da Defesa Nacional e divulgar o papel das Forças Armadas”. Considero que estes dois conceitos (sensibilização e divulgação) não se adequam ao aspecto obrigatório que a actividade tem. Penso que, para sensibilizar e divulgar as forças armadas se deveriam realizar seminários, visitas a escolas por parte de profissionais desta área, ou outra qualquer actividade que não fosse de presença obrigatória. No nível etário em que os convocados para o Dia da Defesa Nacional se encontram, um jovem possuidor das suas plenas capacidades tem já consciência do que quer seguir no seu futuro profissional e/ou académico e, assim, a obrigatoriedade de presença nesta actividade perde qualquer carácter persuasivo e, ao invés, adquire um carácter impositivo e prepotente, que considero não ser o mais correcto.
No meu caso concreto, e acredito que no caso de muitos jovens como eu, tendo já decidido o que pretendo que seja o meu futuro, a participação no Dia de Defesa Nacional significará apenas uma total perda de tempo e horas de aulas, e não me aproximará de uma carreira que sei que não quero seguir – a carreira militar. Perder um dia inteiro de aulas, numa altura em que me tento enquadrar num sistema de ensino – a Universidade – tão diferente do Ensino Secundário, e em que as primeiras semanas me parecem ter uma importância acrescida, não faz, para mim, qualquer sentido.
Acresce ainda a minha total incompreensão do porquê de, num país democrático do século XXI, só os cidadãos do sexo masculino serem obrigados a comparecer neste evento. Se não concordo com a obrigatoriedade, muito menos posso concordar com a desigualdade entre géneros, demonstrada, descaradamente, por este imperativo legal.
Obviamente, apesar de discordar com o mesmo, participarei no Dia da Defesa Nacional. Não quero/posso despender uma quantia tão avultada no pagamento da coima de não comparência, não me parece ser ético apresentar uma justificação falsa para não estar presente e, sobretudo, não me quero sujeitar à ameaça que o Estado me faz, dizendo que “em caso de necessidade de convocação, por falta de efectivos para a satisfação das necessidades fundamentais das Forças Armadas, o cidadão que faltou é, preferencialmente, chamado”. Acho que, se o País precisar de mim para o defender, não o devo fazer por castigo mas por opção política/moral.
Sendo assim, estarei presente no dia 15 de Outubro, porque sou obrigado, assumindo desde já o compromisso de que irei, como cidadão livre, tentar alterar esta lei que considero errada.
Com os melhores cumprimentos,
João Pedro de Sousa Faria
(Lisboa, 28 de Setembro de 2008)"
Etiquetas: Isabel Faria
11Comenta Este Post
Não necessita comentários.
Fala por si e de um modo impecável.
(Não sabia que actualmente era este o meio de aliciar os futuros profissionais das Forças Armadas. Ainda por cima com uma total falta de psicologia elementar... Para além de tudo o que ele disse de um modo perfeito, o timming é absurdo: essa 'sensibilização' deveria ser feita quando eles eram bem mais novos, aí depois do 9º ano)
Parece-me extremamente bem feita e bem vista. A ameaça é muito sacana mas não parece muito real.Outras haverá?
Bem respndido. O "miudo" esta cada vez mais crescido.
Eh pá, no meu tempo ia detido uma semana só por pensar em escrever uma coisa destas aos senhores coronéis! :-)
O Ministério da Defesa continua com esta propaganda ridicula e dispendiosa. É curioso o silêncio do Parlamento, no passa nada!
Pois Èmièle, mas é isso que ele diz quando escreve que nesta faixa etária um jovem já sabe o quer e não quer para o seu futuro!!!
(sou um cadito inchada de mais?')
FJ, as ameaças é que pagam multa - uma multa enorme, que serão os primeiros a ser chamados em caso de necessidade da Pátria (LOL)e que vão continuar a ser convocados até lá irem.
Daniel, está um homem o meu menino.
:))
João, achas que me prendem o puto quando entrar no autocarro para ir lá para Queluz???
José Manuel, acho que houve uma proposta do Bloco para acabar com o tal dia que foi recusada. Acho eu, mas vou confirmar.
Não há nada melhor para incentivar um jovem do que obrigá-lo a fazer uma coisa que não quer... assim sim é alegria! É assim mesmo JP
Enviar um comentário
<< Home